👀 Copie as carteiras dos bilionários em um cliqueCopie grátis

Açúcar: O mercado não espera a gente voltar do almoço

Publicado 19.12.2022, 11:40
SB
-

O desempenho do contrato futuro de açúcar em NY nesta semana mostrou uma vez mais que, independentemente da narrativa ilusória que se queira impingir ao mercado e seus participantes, no final, os fundamentos prevalecem aos devaneios e aos artificialismos. Às vezes demoram, mas resistem.

A Índia tem sido o principal protagonista quando o assunto é chacoalhar o mercado. Mesmo com uma safra que se iniciou há algumas poucas semanas, notícias atingiram o mercado dando conta de que uma quebra de 7% já era esperada. Não faz nenhum sentido esse tipo de observação no início de uma safra. O mesmo ocorre aqui no Centro-Sul, quantas vezes vimos safras que nas três primeiras quinzenas tiveram um desempenho pífio (vide a safra 15/16) e terminaram com volume muito bom; e o inverso também é verdadeiro, começaram muito e bem e depois minguaram (vide a 2018/19).

A narrativa, no entanto, ajuda a posição comprada dos fundos não-indexados que continuam muito long (comprados) com 162,200 lotes, segundo o COT (Commitment Of Trades), relatório dos comitentes, publicado pelo CFTC (Commodity Futures Trading Commission), agência independente do governo dos Estados Unidos, que regula os mercados de futuros e opções das commodities, com base na posição da última terça-feira.

NY encerrou a sexta-feira como vencimento março/23 cotado a 20.09 centavos de dólar por libra-peso, uma alta de 49 pontos (10.90 dólares por tonelada) em relação ao fechamento da semana anterior. Os contratos de maio/23 até outubro/24 fecharam todos em território positivo entre 9 e 36 pontos (de 2 a 8 dólares por tonelada). Com o real se desvalorizando ligeiramente frente ao dólar americano (fechou @ R$ 5,2970), os valores do açúcar apreciaram 33 reais por tonelada para os vencimentos da safra 23/24 (maio/março) e apenas 14 reais por tonelada para a safra seguinte.

As usinas do Centro-Sul têm aproveitado os bons preços negociados em NY e aceleraram nas fixações de açúcar para a safra 23/24 nas últimas semanas. Ainda bem que estão fazendo isso, pois os exportadores indianos, coma rúpia mais desvalorizada em relação ao dólar, certamente não vão deixar passar essa oportunidade. Nós estimamos o custo de produção de açúcar bruto indiano em 18.50 centavos de dólar por libra-peso.

De acordo com nosso modelo, até o dia 30 de novembro de 2022, o volume total de fixações de açúcar para exportação para a safra 23/24 por parte das usinas brasileiras alcançou 14.6 milhões de toneladas de açúcar ao preço médio de 17.27 centavos de dólar por libra-peso sem prêmio de polarização, equivalentes a um percentual de fixação de 61.0 % do volume estimado de exportação para a safra 23/24. A fixação média corresponde a R$ 2,225 por tonelada FOB Santos, com prêmio de polarização, equivalentes a 96,85 centavos de reais por libra peso, com polarização.

Analisando a curva de preços de NY convertida em reais por tonelada, desde 2004, e ajustada pela inflação mostra que o valor médio acima (de R$ 2,225) superou os fechamentos diários de NY ao longo desses mais de 18 anos, em apenas 25% das vezes.

Prepare-se para 2023. Será um ano que vai demandar atenção redobrada na gestão de risco, na redução de custos fixos e nas margens que prometem ser reduzidas. Observe que o volume de contratos negociados na bolsa de NY por dois anos seguidos tem estado de 16% e 19% abaixo do volume médio negociado no triênio 2018-2020. Essa extraordinária queda indica menor giro das tradings e consequentemente menor ajuste do Trading book. Isso normalmente reflete no binômio a) maior necessidade de capital de giro para mantem a máquina rodando e b) seletividade na escolha do parceiro comercial, que por sua vez implica na redução de margem considerando que mais competidores estarão disputando os melhores clientes. A alternativa a essa estratégia é aumentar o risco ou buscar mais dinheiro no mercado para recompor a perda de receita devido ao menor giro. Os principais players, com certeza, serão mais seletivos.

E, como num processo Darwiniano, a seleção natural vai impor duros reveses àquelas empresas que estão no último quartil de seu segmento, aquelas que estão basicamente respirando por aparelhos. O processo de consolidação no setor está apenas começando e vai levar uma década, pelo menos.

A verdade nua e crua é que essas empresas sem governança, sem estratégia, sem profissionalismo, iludidas ao suporem que podem navegar em mares revoltos sem foco, sem bússola, sem disciplina e sem conhecimento, vão jogar o barco contra as rochas. Se não se afogarem, vão pedir ajuda aos pajés de plantão que vendem conselhos em troca de poções mágicas com gosto amargo e preços idem. E o ciclo se encerra.

É necessário impor maior agilidade ao processo decisório dentro da empresa, em especial na área comercial. Tenho visto diuturnamente empresas de várias commodities perderem oportunidades de ouro no mercado futuro e de opções, seja na fixação da matéria prima, ou na fixação de venda, ou no aproveitamento de distorções via spreads, arbitragens, entre outras porque a operação “precisa do aval” do Conselho ou de seja lá de qual alçada. Inacreditável que isso ainda ocorra. Todos precisam ter a consciência de que o mercado não espera a gente voltar do almoço. Uma boa oportunidade perdida pode custar o ano comercial. Capacitar pessoas é o nome do jogo e para isso, não pode haver corte de custos. Boa sorte a todos.

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.