Dólar atinge menor valor em mais de um ano frente ao real após dados de inflação dos EUA
Nos anos 1980, o governo de São Paulo criou a Paulipetro, empresa destinada a prospectar petróleo na Bacia do Paraná, no interior do estado e regiões próximas. A iniciativa foi encerrada após críticas e ceticismo generalizado devido à falta de descobertas comerciais. Trinta anos depois, a Petrobras (BVMF:PETR4) anunciou a descoberta do pré-sal na Bacia de Santos, na costa do estado — uma região completamente diferente, provando o potencial energético que havia sido subestimado.
Situação semelhante ocorre com minerais estratégicos. O nióbio, citado há alguns anos como ativo relevante, foi pouco explorado no debate econômico. Hoje, a discussão se amplia para incluir terras raras como neodímio, lantânio e cério — insumos cruciais para setores de alta tecnologia e transição energética.
Isso nos mostra um padrão brasileiro: subestimamos oportunidades estratégicas e, décadas depois, descobrimos seu verdadeiro valor.
Apesar desse potencial, o Brasil mantém um padrão histórico: exporta matérias-primas e importa produtos industrializados com alto valor agregado. Essa dinâmica reduz a captura de valor na economia interna e limita o papel do país nas cadeias globais de produção.
Hoje, a China refina cerca de 80% do consumo mundial dessas matérias-primas, enquanto Estados Unidos e Europa buscam novos fornecedores. Ou seja, minerais “raros” se tornaram o novo petróleo ou, quem sabe, o ouro da atualidade.
E por que eles valem tanto? São usados em tudo, ou quase tudo: celulares, carros elétricos, turbinas eólicas, armamentos, entre outros.
Segundo estudos do Serviço Geológico do Brasil (SGB), empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), o Brasil obtém a terceira maior reserva dos elementos Terras Raras, com um total de 21 milhões de toneladas.
Como esses minerais são base para a alta tecnologia, é fundamental que o Brasil não apenas os explore mas que crie as bases para a nova "revolução industrial".
Para investidores e a economia global, a demanda por terras raras cresce a taxas anuais acima de 8%, impulsionada pela transição energética, eletrificação do transporte e avanços tecnológicos. O mercado mundial dessas matérias-primas deve ultrapassar US$ 20 bilhões até 2030.
Além do potencial econômico, a exploração dessas reservas envolve desafios ambientais, pois o processamento das terras raras pode causar impactos significativos se não for gerido com tecnologia e responsabilidade.
Geopoliticamente, a concentração da produção e refino nas mãos da China cria riscos de oferta para outros países, elevando a importância estratégica do Brasil nesse contexto. O desenvolvimento de uma cadeia produtiva nacional pode posicionar o país como um ator chave na nova economia global, gerando empregos qualificados e agregando valor internamente.