📖 Guia da Temporada de Balanços: Saiba as melhores ações escolhidas por IA e lucre no pós-balançoLeia mais

Ambiente Político e Econômico no Brasil: No Prego e na Ferradura

Publicado 25.03.2021, 07:32

Nos últimos dias ocorreram algumas mudanças significativas no ambiente político-econômico do Brasil.

No plano social, o repique da pandemia colocou-nos sob uma onda de desalento e temor como nunca experimentada. A queda continuada da mortalidade, durante o segundo semestre do ano passado, tinha acendido uma chama de esperança, cuja apagão recente está difícil de ser digerido. Passamos de 300 mortes diárias para mais de 3 mil e o pior está por vir.

Felizmente, ainda que o ritmo de vacinação seja lento, a expectativa de uma reversão da mortalidade nos próximos meses é viável, pois o grupo de risco maior estará imunizado: já se observam ganhos animadores nos estratos já vacinados. Mas os jovens continuariam a se contaminar, lotando os hospitais, o que exigirá a manutenção de um isolamento indispensável, mas prejudicial à geração do PIB deste ano.

Ajudaram bastante a construir um futuro mais alvissareiro duas manifestações desta semana: primeiro, o manifesto de  economistas e empresários a favor da racionalidade perdida no combate à pandemia, registrando um consenso raramente presente neste grupo e demonstrando que a sociedade não tolerará mais irresponsabilidade perante o trágico desafio que enfrentamos; em sintonia,  acrescente-se o pronunciamento do Presidente Jair Bolsonaro em cadeia de TV, quando,  mesmo ao custo de renegar posições do passado sem passar recibo, Bolsonaro encampou uma postura mais  científica no enfrentamento da pandemia, que será importante para acelerar nossa saída desta crise a médio prazo.

O mapeamento desta nova atitude construtiva sobre o econômico é positivo. No plano estrutural da economia, o desgaste do Executivo fragilizava a perspectiva de aprovações modernizantes, acalentada a partir da mudança do comando do Congresso, pois o seu aliado principal, o Centrão, é movido a expectativa de votos. E um presidente minguante soava o alarme de que poderia estar chegando a hora de desembarcar da canoa furada. A partir da nova postura do Presidente, a esperança de avanços estruturais é preservada e se soma à queda de mortalidade projetada para reverter clima de desalento em breve, ainda que com um PIB capenga. 

Lamentável, entretanto, a posição assumida pelo Banco Central, na última reunião do Copom. Alegando que a economia pode estar-se aquecendo demais, contratou uma alta de 75 por cento na taxa Selic até maio. Ora, a alta dos preços de alimentos e a desvalorização cambial impõem uma perda de renda real significativa sobre a maioria da população, que, com o pacote de auxílio, o Governo mitigará parcialmente. Porém, ao subir a taxa Selic com truculência, o sinal que fica é de um Governo que pisa no breque e no acelerador ao mesmo tempo, consumindo energia para nada, justamente quando os preços no atacado vêm exibindo uma perda de aceleração irretorquível. Pior: combater pressão de oferta com elevação de juros mais eleva o déficit fiscal do que produz resultados. E joga o empresariado, já há tempos no purgatório, nas labaredas do Inferno, imprensado entre custos de produção afetados pela pandemia, juros punitivos e demanda anêmica. 

Paradoxo doloroso: no mesmo dia, o banco central americano, mesmo que pressionado pelo mercado a subir juros em um cenário muito similar ao nosso, manteve constante o de curto prazo, atendo-se aos ensinamentos da boa Economia. Aqui, ao contrário, submetemo-nos às projeções da Faria Lima, na busca de uma ilusória ancoragem. Para se alinhar ao espírito do mercado, o Banco Central agravará um desaquecimento já em curso, para combater uma inflação que já está perdendo vigor e que é inelástica à ação dele a curto prazo. E, na dinâmica, erodindo uma credibilidade construída por uma gestão até aqui exemplar.

Repare como é difícil a vida de quem avalia a conjuntura brasileira:  chamaria de louco quem me dissesse há 15 dias atrás que eu estaria hoje escrevendo uma nota elogiando a atitude de estadista de Bolsonaro perante a pandemia e criticando a postura oportunista do Banco Central na condução da politica monetária...

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.