Os preços do açúcar cristal negociados no mercado spot de São Paulo (Indicador CEPEA/ESALQ) continuaram em queda em agosto, voltando para a casa dos R$ 52,00/saca, patamar que não era observado desde julho/15, em termos reais (IGP-DI- base julho/17). A boa evolução da safra nos últimos meses tem mantido elevada a oferta de açúcar, reduzindo os preços.
No acumulado de agosto, o Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) caiu 10,52%, fechando a R$52,33/sc de 50 kg no dia 31. A média mensal foi de R$ 54,42/sc de 50 kg, 11,04% inferior à de julho (R$ 61,18/sc de 50 kg) e 36,63% abaixo da média de agosto/16 (R$ 85,89/sc de 50 kg), em termos nominais.
O Indicador de Açúcar Cristal ESALQ/BVMF, referente ao produto posto no porto de Santos ou com custos equivalentes, sem impostos, cor Icumsa máxima de 150, que inclui vendas domésticas e para exportação, também acumulou baixa de 9,66% em agosto, indo a R$53,66/saca de 50 kg no dia 31. A média mensal deste Indicador foi de R$55,51/saca de 50 kg, 9,57% inferior à de julho/17 (R$ 61,38/saca de 50 kg) e 34,74% abaixo da média de agosto/16 (R$85,06/saca de 50 kg), em termos nominais.
Segundo a Unica, o volume de cana-de-açúcar processado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do País atingiu 45,29 milhões de toneladas na primeira quinzena de agosto, praticamente igual as 45,13 milhões de t observadas no mesmo período de 2016. A produção de açúcar alcançou 3,16 milhões de t na primeira metade de agosto; no acumulado do início da safra 2017/2018 até 16 de agosto, a moagem totalizou 342,61 milhões de toneladas, queda de 4,09% (quase 15 milhões de toneladas) em relação ao valor contabilizado até igual data do ciclo passado. Da quantidade total de cana-de-açúcar processada nos primeiros 15 dias de agosto, 50,04% foram destinadas à fabricação de açúcar, o menor percentual das quatro últimas quinzenas.
No Nordeste, a maioria das unidades produtoras de açúcar aguarda setembro para retornar ao mercado, já com o produto da nova safra 2017/18. Enquanto isso, algumas usinas que já iniciaram a moagem ofertaram o adoçante a preços mais baixos. Quanto à demanda, houve retração, visto que parte dos compradores espera que os preços baixem ainda mais neste início de safra. Segundo a Conab, a estimativa de produção de cana-de-açúcar para as regiões Norte/Nordeste do País é de 49,204 milhões de t na safra 2017/18, alta de 10,1% em relação à passada. Quanto ao açúcar, estima-se que as mesmas regiões irão produzir 3,295 milhões de t, elevação de 6,1% frente à temporada anterior.
Em agosto, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ em Pernambuco foi de R$ 74,80/sc, queda de 2,27% em comparação com julho/17, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$73,27 /sc de 50 kg, baixa de 6,5% em comparação com o mês anterior e de 24,39 % frente a agosto/16, em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$58,92/sc, baixas de 5,39% em comparação a julho/17 e de 23,26% frente a agosto/16. Em março/16, este Indicador passou a ser divulgado sem ICMS (até fevereiro/16, incluía valores com 12% ou 18% de ICMS, dependendo do destino do açúcar), a pedido do Sindálcool - PB.
INTERNACIONAL – Os preços do açúcar demerara na Bolsa de Nova York seguiram em queda, devido, principalmente, às projeções de superávit global de açúcar para a próxima temporada mundial (2017/18). Além da expectativa manifestada pela Organização Internacional do Açúcar (OIA) de superávit de 4 milhões de t, o Rabobank chegou a projetar superávit de 2,7 milhões de t e a F.O. Licht, de 5,4 milhões de t. De acordo com o último relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), as produções tanto da cana-de-açúcar como da beterraba açucareira devem apresentar avanço considerável em 2017/18, em termos globais. Os cinco maiores produtores de açúcar (Brasil, Índia, China, União Europeia e Tailândia) devem ter maior oferta, também conforme o USDA. Neste grupo, destaca-se a expansão da produção da União Europeia (UE), que deve atingir 18,6 milhões de t, aumento de 12,7% em relação à projeção da atual temporada (2016/17). Com o encerramento da cota de produção do bloco econômico marcada para 1º de outubro de 2017, a UE pode aumentar suas exportações de açúcar refinado. Se isso ocorrer, será às expensas de tradicionais refinadores, como países do norte da África e do Oriente Médio, que podem, por sua vez, reduzir as importações de açúcar bruto brasileiro.
Cálculos do Cepea indicaram que as vendas internas do açúcar remuneraram, em média, 5,77% a mais que as vendas externas em agosto. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Outubro/17 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 65,32/t e custos com elevação e frete de US$ 65,67/tonelada.
Segundo a Secex, as exportações de açúcar bruto (VHP) totalizaram 2,16 milhões de toneladas em agosto/17, 1% menor que julho/17 (2,18 milhões de toneladas) e 3,1% inferior a agosto/16 (2,23 milhões de toneladas). Em relação ao açúcar branco, foram exportadas 604,2 mil toneladas, volume 26,7% superior ao de julho/17 (476,7 mil toneladas) e 17,9% menor que o de agosto/16 (736,1 mil toneladas).
O preço médio do açúcar bruto exportado foi de R$1.163,3/t em agosto/17, baixas de 5,8% em relação a julho/17 (R$ 1.234,4 /t) e de 1,7% frente a agosto/16 (R$1.183,3/t), em termos nominais. Em relação ao açúcar branco, o preço médio foi de R$ 1.305,8/t, respectivas quedas de 1,5% em relação a julho/17 (R$1.326,2/t), e de 2,7% frente a agosto/16 (R$1.341,6 /t), em termos nominais. A receita com a exportação de açúcar foi de R$ 3,30 bilhões em agosto/17, respectivos recuos de 1% frente a julho/17 (R$3,33 bilhões) e de 9% em relação a agosto/16 (R$3,62 bilhões), em termos nominais.
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