Foi aprovado por uma votação expressiva o novo arcabouço fiscal que na sua redação final ficou mais austero que a versão inicial. Esta é uma importante vitória do governo, em especial do ministro Fernando Haddad, que tem o potencial de inaugurar uma nova fase no debate econômico do país.
Sem entrar no mérito da nova regra fiscal em si, fica claro nesse momento que “as desculpas acabaram” para os que advogam que o atual governo seria mais gastador que inicialmente pensado. Não quero com isso dizer que não haverá aumento de gastos, afinal se trata de um governo com viés mais de esquerda que saiu vitorioso do último pleito, mas nem de longe será o que alguns analistas imaginavam.
Dito isto é provável que vejamos o Real se apreciar mais no curto/médio prazo o que reforça uma perspectiva de inflação mais sob controle o que por sua vez reforça a perspectiva de queda de juros. Isso sem contar a alteração da polidor preços da Petrobras (BVMF:PETR4) que criou forte queda nos preços no momento presente, mas também foi bem recebida por parte dos investidores.
Tudo isso sugere que o Copom irá de fato iniciar o corte de juros em breve, muito provavelmente no início do segundo semestre.
Que pese o argumento de alguns que os núcleos de inflação e a dispersão das altas seguem elevadas, estas devem cair por puro efeito base: o fato de estarem altas irá apontar provavelmente para uma queda nas próximas medições.
Ademais commodities seguem comportadas e isso reforça a perspectiva de uma inflação mais controlada.
Cabe agora ver a real batalha fiscal desse governo que envolve a dinâmica tributária. Este será o verdadeiro embate uma vez que envolve grupos de pressão organizados na sociedade civil e é justamente ali - na reforma dos tributos e desonerações - que está as condições materiais da sustentação do Arcabouço.
Mas mesmo que não avance nesta área a perspectiva de crescimento do PIB verificada no Boletim Focus por exemplo deve aumentar a arrecadação federal permitindo em parte que as metas sejam atingidas.