É difícil, para mim, analisar outro ativo que não seja o petróleo, pois ele está em um dos seus momentos mais decisivos de todos os tempos, entre cortes monumentais de produção ou um crash mais profundo dos preços. Mas existem outras trinta commodities no universo de matérias-primas do Investing.com e, como analista setorial, eu erraria se deixasse de apontar ativos em importantes pontos de rompimento ou que merecem sua atenção.
Portanto hoje, minha colega Ellen R. Wald se encarregará de falar sobre o petróleo, enquanto eu vou me aprofundar no mundo dos metais preciosos, mais especificamente na prata.
Muita coisa aconteceu com a prata após um conjunto de analistas projetarem máximas de US$ 16-22 por onça em 2020. Infelizmente, muito do que aconteceu foi na direção contrária do que eles disseram.
Como a crise do coronavírus provocou uma falta de liquidez nos mercados, o status de porto seguro do ouro ganhou um significado diferente, com os investidores convertendo o valor que construíram ao longo do tempo no metal amarelo em caixa para cobrir perdas nas ações e outros portfólios. E a prata também foi pega nessa torrente de baixa.
Da mínima de 11 anos para a 3ª alta semanal
Os futuros da prata na COMEX de Nova York atingiram a mínima de 11 anos a US$ 11,74 no dia 18 de março. Antes disso, a mínima do metal branco foi a US$ 10,37, atingida em janeiro de 2009.
Mas agora, a prata está prestes a registrar sua terceira semana de valorização, embora com certa volatilidade.
No momento em que escrevo, o contrato futuro com entrega em maio na COMEX registrava queda de um pouco mais de 1% a US$ 15,35. Mas na semana apresentou alta de 5,4%, estendendo a valorização cumulativa de quase 18% ao longo das duas semanas anteriores desde seu fechamento de 20 de março a US$ 12,35.
Para Todd “Bubba” Horwitz, estrategista-chefe de mercado na BubbaTrading.com, a prata estava prestes a realizar um rompimento capaz de adicionar US$ 2 ou mais no contrato de maio na COMEX.
“A prata está em um sólido rali”, declarou Horwitz. “É possível que US$ 16 seja o próximo alvo, podendo continuar o movimento de alta.”
Prata pode atingir US$ 18?
A prata para maio atingiu US$ 15,92 na segunda-feira, o que fez com que Horwitz acreditasse que ela tem "uma chance real de testar os US$ 18".
Mas alguns estão mais cautelosos com a alta da prata, dizendo que ela tem potencial para mais ganhos, mas com uma trajetória repleta de volatilidade.
“Depois que a relação ouro/prata atingiu a impressionante máxima de março, a prata começou bem abril em relação ao ouro”, afirmou Eli Tesfaye, estrategista-chefe de mercado de metais preciosos da RJO Futures em Chicago.
Os futuros do ouro na COMEX alcançaram a máxima de 2012 a US$ 1.742,20 por onça, antes de fechar a US$ 1.664,80. A relação ouro/prata está em 108:1 com esse fechamento.
Tesfaye disse que, assim como a maioria dos metais, a prata foi pega em meio a um ciclo de demanda/recessão previsto para os próximos dois trimestres por causa da crise do coronavírus.
O status da prata como metal industrial a tornou particularmente vulnerável a qualquer desaceleração econômica, e a recessão gerada pela Covid-19 pode ser uma das piores, afirmaram analistas. Usada em joias e utensílios de mesa, o metal branco também é usado na fabricação de espelhos, ligas de estanho e solda, além de contatos elétricos e baterias.
E, apesar de estar enfrentando dificuldades para ultrapassar US$ 16, a prata já viveu tempos melhores quando foi negociada por mais de três vezes o preço atual.
Os futuros do metal atingiram a máxima de três décadas a US$ 49,52 em abril de 2011.
A máxima histórica da prata na COMEX foi a US$ 50,30 em janeiro de 1980. Isso equivaleria a US$ 158 atualmente, considerando a inflação.
Consolidação em vez de rali?
Tesfaye disse que não previa uma enorme corrida de alta na prata neste momento, embora esperasse que alguns níveis técnicos desencadeassem um rali de curto prazo.
Por outro lado, uma mudança no sentimento em relação à recessão mundial pode gerar uma nova onda de vendas capaz de pressionar o metal abaixo de US$ 12, comentou Tesfaye, que disse ainda:
“A prata seguirá consolidada durante a maior parte do tempo.”
“Em minha visão, quanto mais rápido conseguirmos chegar a uma resolução ou retorno ao trabalho na maioria dos setores, mais rápida será a estabilização dos preços da prata” e o resultado dependeria muito de como os Estados Unidos lidarem com a pandemia de Covid-19, segundo ele.