Há poucas semanas, o mercado finalmente recebeu a notícia de conclusão do processo de privatização da Eletrobras (BVMF:ELET3). O valor da venda foi de aproximadamente R$100 bilhões, considerado um bom negócio. Este movimento ajudou a companhia a se capitalizar para a realização de novos investimentos e melhorias operacionais.
Isso deveria ser visto com algo positivo, contudo, muitas pessoas ainda levantam dúvidas sobre a transferência de estatais para a iniciativa privada. Para entender isso mais a fundo, é importante observar o histórico deste tipo de negócio, longe de paixões políticas por A ou B.
Os programas de desestatizações ganharam grande relevância no Brasil a partir dos anos 1990. Do início da década até 2002, o Estado brasileiro se desfez de mais de 160 empresas.
Uma delas, a Embraer (BVMF:EMBR3), passou a ser tocada pela iniciativa privada em meados de 1994. Desde então, a companhia se tornou líder no competitivo mercado de aviação mundial, tanto no âmbito civil quanto militar. Hoje, é uma das principais potências de P&D no setor, com projetos de carros voadores e outras inovações.
No setor de telecomunicações, os avanços são inegáveis. Em meados de 1998, quando o Estado abriu os investimentos para o mercado, as companhias mal conseguiam suprir a demanda de instalação de telefones. Hoje, mais de 20 anos depois, ter um aparelho em casa se tornou incrivelmente barato e essa indústria tem suprido de forma satisfatória uma demanda de mais de 200 milhões de smartphones.
Em terceiro lugar, a Vale (BVMF:VALE3) talvez seja um dos exemplos mais interessantes que podemos trazer sobre o tema. Criada durante o governo de Getúlio Vargas, quando o Estado assumiu papel central no desenvolvimento econômico, a companhia tinha cerca de 15 mil colaboradores à época de sua privatização.
Com capital aberto, ela é hoje uma das três maiores companhias do país e emprega, de forma direta, mais de 70 mil pessoas. Suas receitas, que em 1997 giravam em torno de US$3 bilhões, hoje é de quase US$300 bilhões.
Além dos casos citados acima, existem ainda negócios regionais de concessões e outras privatizações que deram bastante certo, mas que não cabem neste artigo. Contudo, é importante ressaltar alguns pontos que devem fazer parte da discussão sobre o assunto.
Voltando ao caso da Vale, estima-se que em 2021, de royalties e impostos, o Estado brasileiro tenha recebido cerca de R$45 bilhões, um retorno inegável para o país. A companhia segue como líder no mercado internacional e hoje ajuda a definir os preços do minério de ferro em todo o mundo.
Em resumo, ao se tornarem empresas privadas, as estatais não deixaram de gerar valor para o Brasil ao longo das últimas décadas. Ao contrário. O histórico que temos visto até aqui são de empresas mais eficientes, sem interferências e capazes de gerar retorno ao nosso povo. Pense nisso!