Os preços internacionais do café ampliaram as intensas quedas da semana anterior ao serem pressionados por um movimento de liquidação no mercado de commodities como um todo e pela ampliação das vendas dos fundos, que aparentam estar com posição comprada acima do esperado, além da alta registrada nos estoques de café dos Estados Unidos.
Na Bolsa de Nova York, o contrato C com vencimento em julho/17 recuou 340 pontos na semana, cotado a US$ 1,2950 por libra-peso no fechamento de ontem. Na ICE Futures Europe, o vencimento julho do contrato futuro do robusta encerrou a quinta-feira a US$ 1.910 por tonelada, com desvalorização semanal de US$ 80.
O comportamento do dólar também contribuiu para pressionar os futuros do arábica a seus menores níveis desde junho de 2016. Após a confirmação do secretário de Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, de que um programa de reforma tributária do país reduzirá de 35% para 15% a taxa de impostos às empresas, a divisa norte-americana passou a subir.
No Brasil, foi registrado aumento da procura pelo dólar, com investidores buscando se proteger frente à força da moeda no exterior e em meio a incertezas no País relacionadas à aprovação da reforma da Previdência e a dados fracos da economia nacional. O dólar encerrou a quinta-feira a R$ 3,182, com alta de 0,8%.
A proximidade da colheita de café arábica no Brasil também contribui, em menor proporção, para pressionar o mercado internacional. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os trabalhos ainda são incipientes em Minas Gerais e São Paulo. No tocante ao robusta, a cata já começou em Rondônia e Espírito Santo.
Segundo a Somar Meteorologia, uma frente fria avançou pelo Brasil, trazendo chuva para os cafezais. Na terça-feira, as áreas cafeeiras do Paraná receberam precipitação de 15 a 35 milímetros. Até sábado, também há previsão que as chuvas caiam sobre o cinturão produtor em São Paulo, Cerrado Mineiro, sul de Minas Gerais, Zona da Mata de Minas e sul do Espírito Santo.
Entretanto, a Somar informa que a distribuição das precipitações será irregular, com os índices pluviométricos podendo oscilar entre 10 mm em algumas cidades do Sul de Minas e 50 milímetros na região de Muriaé (MG). O serviço meteorológico alerta, ainda, que a temperatura cairá após as chuvas, mas não há previsões de geadas em nenhuma área produtora de café.
Nas praças de comercialização, não se observam muitos negócios realizados. As recentes perdas internacionais, a sequência de feriados no Brasil, o início da colheita e os preços aquém do esperado pelos produtores são os fatores de trava. Os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e robusta foram cotados, ontem, a R$ 452,04/saca e a R$ 397,83/saca, com variações de -2,1% e -2,9%, respectivamente, ante o fechamento da semana anterior.