Blockchain em 2025: A nova infraestrutura da financeira global

Publicado 23.09.2025, 14:30

Adoção Institucional e a Consolidação das Stablecoins

A integração da blockchain ao sistema financeiro tradicional avançou de forma acelerada em 2025, deixando de ser um experimento para se tornar uma infraestrutura operacional. O número de usuários ativos mensais em redes públicas cresceu entre 30% e 50% no comparativo anual, enquanto o volume de stablecoins liquidadas on-chain atingiu cerca de US$ 3 trilhões apenas em agosto, com capitalização superior a US$ 250 bilhões.

Esse movimento é impulsionado principalmente por ganhos de eficiência em pagamentos. Empresas de fintech e de serviços financeiros passaram a empregar stablecoins em seus fluxos de pagamentos internacionais, reduzindo custos de remessas em aproximadamente 60% frente às vias bancárias tradicionais, que ainda cobram em média 6,5% para transferências de US$ 200. Na América Latina, 71% das empresas já utilizam stablecoins para pagamentos transfronteiriços. Casos como o PYUSD da PayPal e os testes da Visa com liquidações em USDC evidenciam a convergência entre instituições tradicionais e ativos digitais.

Tokenização de Ativos Reais: Escala e Eficiência

A tokenização de ativos do mundo real consolidou-se como um dos principais vetores da adoção institucional. Em meados de 2025, o valor tokenizado superava US$ 26,5 bilhões, um aumento de 70% desde janeiro. Quase 90% desse montante está concentrado em crédito privado e títulos do Tesouro dos EUA, refletindo a busca por eficiência operacional e redução de custos de liquidação.

Fundos como o OnChain U.S. Government Money Fund, da Franklin Templeton, e o BUIDL, da BlackRock, exemplificam esse avanço. Ambos oferecem acesso a ativos tradicionais com liquidação T+0 e tíquetes mínimos em torno de US$ 100, democratizando o acesso e reduzindo barreiras operacionais. A tokenização, antes um conceito teórico, passou a gerar produtos regulados e líquidos, integrados ao mercado financeiro tradicional.

Bancos: Da Experimentação à Produção

Os bancos avançaram da fase de pilotos para o uso em produção de sistemas baseados em blockchain. Os principais casos de uso concentram-se em pagamentos 24/7, liquidação de colateral, operações de recompra intradiária e tokens de depósito. A rede Onyx, do JPMorgan, já movimenta cerca de US$ 2 bilhões por dia em transferências internas tokenizadas, reduzindo processos de horas para minutos.

O consórcio Fnality, formado por mais de 20 bancos, executou liquidações intradiárias com fundos de bancos centrais e títulos soberanos, demonstrando liquidação DvP quase instantânea. Essas soluções otimizam o uso de liquidez, reduzem falhas de liquidação e minimizam riscos operacionais, mostrando que a blockchain passou a integrar o núcleo da infraestrutura bancária.

Fusões, Aquisições e Integração de Infraestrutura

A consolidação do setor ocorreu também por meio de fusões e aquisições. Em 2025, mais de 200 transações de M&A relacionadas a cripto foram anunciadas, somando cerca de US$ 20 bilhões, contra US$ 2,8 bilhões em 2024. A Coinbase adquiriu a Deribit por US$ 2,9 bilhões, e a Stripe incorporou a Bridge, especializada em pagamentos com stablecoins, por US$ 1,1 bilhão. A tentativa da Ripple de comprar a Circle (USDC) por US$ 5 bilhões reforça a disputa por infraestrutura estratégica.

Esse padrão indica que instituições tradicionais estão optando por adquirir capacidades já maduras — como plataformas de derivativos, custódia e tokenização — em vez de desenvolvê-las internamente.

Regulação: Redução de Incertezas e Impulso à Adoção

O avanço regulatório foi decisivo para a aceleração da adoção institucional.
Nos EUA, o GENIUS Act (julho de 2025) estabeleceu um regime federal de licenciamento para emissores de stablecoins, exigindo 100% de reservas e retirando esses ativos da jurisdição da SEC. Na União Europeia, o MiCA entrou plenamente em vigor em 2025, com regras rigorosas para stablecoins e prestadores de serviços cripto.

Hong Kong implementou um arcabouço regulatório próprio, alinhado a padrões semelhantes aos de Singapura. Essa convergência regulatória reduziu o risco jurídico e eliminou o argumento da espera por clareza regulatória, permitindo que bancos, gestores e fintechs passem à execução.

Fundamentos Técnicos Maduros

A evolução técnica das redes públicas tornou-as aptas a suportar demandas institucionais. Ethereum continua como base predominante, mas a atividade institucional migrou para redes de segunda camada (L2s) como Arbitrum, Base e Polygon, que oferecem taxas na ordem de US$ 0,01 e finalização em segundos, sem abrir mão da segurança da rede principal.

Bancos e gestores utilizam também redes permissionadas (como Fnality e Partior) para casos que exigem controle e governança centralizados, embora com menor interoperabilidade. A adoção de camadas de privacidade e conformidade, como ZK-proofs, wrappers permissionados e smart contracts com listas brancas, permite conciliar uso de redes públicas com padrões bancários de confidencialidade e KYC.

Custódia e Gestão de Riscos

A infraestrutura de custódia institucional alcançou maturidade. Os principais custodiante utilizam MPC (multi-party computation), HSMs (hardware security modules), auditorias SOC 2, segregação legal dos ativos e apólices de seguro acima de US$ 100 milhões. A prova de reservas on-chain e a diversificação entre múltiplos custodiante reduzem riscos de concentração e reforçam a transparência.

Os riscos de mercado, operacionais, regulatórios e técnicos permanecem, mas passaram a ser tratados por meio de processos robustos de controle e contingência, com destaque para auditorias independentes, planos de fallback e sistemas multichain.

Considerações Finais

A blockchain deixou de ser uma promessa e tornou-se infraestrutura funcional do sistema financeiro global. A liquidação de trilhões de dólares em stablecoins, a tokenização de bilhões em ativos e a integração em larga escala por bancos e gestores demonstram que a tecnologia está consolidada.

A etapa atual não consiste em decidir se adotar, mas como fazê-lo com segurança e eficiência.
As instituições vencedoras serão aquelas capazes de combinar o alcance e a liquidez de redes públicas com os controles e a governança de redes permissionadas, estabelecendo-se na vanguarda da nova arquitetura financeira.

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Fontes: insights4vc, Tiger Research, Artemis

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