O dia-a-dia em uma mesa de commodities agrícolas é bem agitado, pode-se dizer que cada dia é único em função de notícias, fundamentos, posições dos agentes do mercado e outros.
Em nossa jornada de quase 20 anos no mercado agrícola e principalmente no boi gordo, já passamos por tempestades, bonanças e crises que marcaram na pele, tais como Febre Aftosa, Operação Carne Fraca da Polícia Federal, Joesley Day, Greve dos Caminhoneiros, Covid-19 e “Vaca Louca Atípica”. Cicatrizes são importantes, pois fazem lembrar o que te feriu.
Mesmo sendo um dia diferente do outro, ao olhar para operação de proteção de preços na pecuária mais simples e conservadora que existe, a compra de seguro de preço mínimo, há determinadas questões que são frequentes quando falamos com nossos clientes e parceiros.
Vamos deixar estas questões mais claras por aqui.
O que é o seguro de preço mínimo do boi gordo?
No jargão do mercado é conhecido como put. É uma proteção contra a baixa de preços, que funciona como um seguro de um carro. O pecuarista paga determinado valor para ficar protegido caso o preço da arroba venha abaixo de um determinado patamar.
Cada contrato de seguro de preço mínimo do boi protege 330@.
Qual é um bom momento para travar?
Os 3 pontos principais que precificam o seguro de preços do boi são: mercado futuro, tempo até o vencimento e a volatilidade.
Sendo direto ao ponto, quando o mercado futuro está em alta (tela toda verde), o pecuarista pode ter a oportunidade de adquirir um seguro de preço mínimo que tende a proteger ele em um patamar mais alto de preços pagando pouco pela ferramenta.
O tempo também tem relevância na precificação. Lembrando que quando o gado é colocado no cocho, ele praticamente “já é do mercado”. Então entre 3 e 4 meses antes da precificação/abate, buscar essa ferramenta de proteção de preço faz sentido.
Devo proteger apenas uma parcela ou uma boiada toda?
Nesse ponto devemos fazer a mesma comparação com o seguro do carro. A maioria das vezes, o pecuarista quando compra uma caminhonete 0km da concessionária, ele não sai da loja sem o seguro de perda total de 100% do veículo.
A lógica é a mesma olhando para a pecuária. Do mesmo modo que não sabemos o que pode acontecer no próximo quarteirão também não é possível antecipar a próxima crise política, o achado priônico de um animal de mais de 12 anos pontual no Pará ou no Paraná ou uma crise institucional em alguma empresa importante do setor de proteínas.
Deste modo, em nossa opinião o ideal é proteger o patrimônio que está no pasto. Melhor ficar mais protegido, do que menos protegido.
É importante lembrar que a intenção deste artigo é chamar a atenção do pecuarista para as ferramentas atuais da b3 que protegem a margem e permanência dele na atividade. Ou seja, minimizar o risco de mercado, já que ele incorre várias outras pressões na pecuária. Isso não caracteriza nenhuma recomendação de compra ou venda de valores mobiliários.