A suspensão dos envios de carne bovina à China no dia 23 de fevereiro, devido a um protocolo estabelecido entre o Brasil e o país asiático em casos de identificação de encefalopatia espongiforme bovina (EEB) – mais conhecida como “mal da vaca louca” – no rebanho nacional, enfraqueceu o ritmo de negócios no mercado interno na última semana do mês e, consequentemente, os preços da arroba. No dia 28 de fevereiro, o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 (mercado paulista) fechou a R$ 267,95, com expressiva queda de 7,2% no acumulado do mês. Ressalta-se que, até o dia 22 de fevereiro, antes da suspensão dos envios, o Indicador acumulava alta, de 3,74%. Como a EEB é uma doença degenerativa – e que, portanto, não traz riscos ao rebanho brasileiro e à saúde dos consumidores da carne bovina –, esse protocolo causou discussões entre agentes do setor, tendo em vista que traz implicações fortes à cadeia pecuária nacional. Ressalta-se, também, que o Brasil tem status de "risco insignificante para EEB" reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
Levando-se em conta que a China é o maior destino da carne brasileira, a suspensão levou frigoríficos a estocar a carne que seria enviada ao país asiático e/ou a direcioná-la ao mercado doméstico, ao passo que pecuaristas seguraram os animais no campo, ambos fatores que implicam em maiores custos. Parte dos agentes do setor consultados pelo Cepea esperava, no encerramento do mês, que a retomada das vendas ocorresse o mais breve possível. MÉDIAS MENSAIS – Apesar das quedas nos preços da arroba no encerramento do mês, a média mensal do Indicador CEPEA/B3 foi de R$ 289,72 em fevereiro, superando em 1,31% a de janeiro/23, mas ficando significativos 16,1% abaixo da de fevereiro/22, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI). Até antes de o caso atípico do “mal da vaca louca” ser confirmado, os valores da arroba vinham sendo sustentados pela oferta mais enxuta, tendo em vista as boas condições das pastagens.
Já os preços do bezerro e do boi magro caíram em fevereiro, com desvalorizações nas comparações mensal e anual. O Indicador do bezerro ESALQ/BM&FBovespa (Mato Grosso do Sul, animal nelore de 8 a 12 meses) teve média de R$ 2.377,47/cabeça em fevereiro, recuos de 0,75% frente à de janeiro/23 e de expressivos 18% em relação à de fevereiro/22, em termos reais. Quanto ao boi margo negociado no estado de São Paulo, a média de fevereiro foi de R$ 3610,39/cabeça, com baixas mensal de 2,15% e anual de 13,65%. Diante da menor desvalorização do boi gordo frente aos animais mais jovens, a relação de troca melhorou ao pecuarista que faz engorda. Enquanto em janeiro eram necessárias 8,31 arrobas paulistas para a compra de um bezerro em Mato Grosso do Sul, em fevereiro, foram precisas 8,16 arrobas para realizar a mesma aquisição.