Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com.
- O Brasil é o principal produtor de café arábica
- Uma geada em julho elevou o preço do produto até a máxima plurianual
- Outras duas commodities agrícolas brasileiras atingiram suas maiores cotações em anos.
- Café registra máxima mais alta em novembro
- Quarto teste da região de US$3 por libra-peso pode estar no horizonte
O contrato futuro do café na Intercontinental Exchange estava abaixo de US$1 por libra-peso em julho de 2020, quando superou esse patamar e não olhou mais para trás. Um ano depois, o preço já havia dobrado de valor, ao superar a marca de US$2 pela primeira vez desde outubro de 2014.
Bull markets raramente se movem em linha reta, e as correções podem ser brutais, abalando a confiança até dos touros mais convictos. O movimento de alta do café terminou em julho, com o preço caindo até a mínima de US$1,7160 por libra-peso em agosto. Em outubro, o preço voltou a superar US$2 e, em novembro, depois de se consolidar e digerir os ganhos anteriores, o café futuro registrou nova máxima acima do pico de 2014.
O contrato futuro do café disparou durante uma tempestade de alta perfeita para a commodity agrícola. Além da inflação e dos gargalos na cadeia de fornecimento, o clima na região de cultivo não cooperou com a produção do café arábica,
O Brasil é o principal produtor de café arábica
O Brasil domina o mercado de commodities agrícolas. Açúcar, café, cacau, algodão e suco de laranja congelado e concentrado são os membros dos mercados futuros do setor negociados na Intercontinental Exchange. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de cana-de-açúcar, café arábica e laranjas.
Apesar de o país viver uma bagunça econômica e política, seu solo e clima fazem com que seja um dos principais países produtores de commodities do mundo. As condições climáticas no Brasil são críticas para as safras anuais de açúcar, café e laranja.
Durante a pandemia, o Brasil enfrentou dificuldades, assim como o resto do mundo. O país tem o segundo maior número de fatalidades, mais de 612.000, e é o terceiro em infecções, atrás dos EUA e Índia, com 22 milhões de casos de Covid-19 confirmados. O vírus causou grandes problemas para a cadeia de fornecimento e o mercado de trabalho brasileiros. A elevação dos preços de energia também encareceu muito mais as exportações de commodities agrícolas para consumidores ao redor do mundo.
Uma geada em julho elevou o preço do café até a máxima plurianual
Embora o impacto da pandemia tenha pressionado a alta dos preços do açúcar, café e laranja, uma geada em julho aumentou ainda mais os estragos, fazendo sua cotação atingir máximas plurianuais. Os cafezais sofreram mais com o frio, com muitos produtores perdendo suas safras anuais. Em julho, quando o clima frio provocou mais estragos, o café arábica futuro negociado na ICE rompeu a resistência técnica de US$1,76 por libra-peso, referente à máxima de novembro de 2016, alcançando US$2 pela primeira vez desde 2014.
O açúcar e o suco de laranja futuro também registraram ralis por causa da geada, atingindo máximas plurianuais.
Outras duas commodities agrícolas brasileiras atingiram suas maiores cotações em anos
O início da pandemia global de 2020 pesou sobre todas as classes de ativos, e as commodities agrícolas brasileiras não foram exceção. O preço do contrato futuro mais negociado do açúcar atingiu seu nível mais baixo desde 2007, quando formou fundo a US$9,05 centavos por libra-peso em abril de 2020.
Fonte: CQG
O gráfico do produto mostra que a ascensão dos seus preços culminou no pico de 20,69 centavos por libra-peso no contrato contínuo em novembro. Esse foi o preço mais alto do açúcar desde fevereiro de 2017.
Fonte: CQG
Em setembro de 2021, o contrato futuro do suco de laranja congelado e concentrado subiu até a máxima de US$1,48 por libra-peso, cotação mais elevada desde outubro de 2018. A geada prejudicou os preços do açúcar e da laranja, mas a movimentação dos mercados mostra que os cultivos do arábica sofreram os maiores danos.
Café registra máxima mais alta em novembro
O café futuro fez um rompimento de alta em julho de 2021, quando superou a máxima de US$1,76 do fim de 2016.
Fonte: CQG
Como o gráfico ilustra, o café futuro da ICE continuou em disparada, rompendo o nível de resistência técnica de outubro de 2014 a US$2,2550, no mês de novembro. No dia 24 deste mês, sua cotação estava acima de US$2,40 por libra-peso, nível que não era visto desde 2011, após atingir a máxima de US$2.4755 por libra-peso. O açúcar e o suco de laranja se valorizaram, mas o café futuro explodiu e continua atingindo novas máximas em novembro de 2021.
Quarto teste da região de US$3 por libra-peso pode estar no horizonte
Os próximos alvos técnicos do café arábica na ICE são a máxima de setembro de 2011 a US$2,9175 e o pico de maio de 2011 a US$3,0625. O movimento de alta pode fazer o café futuro superar o nível de US$3 por libra-peso pela quarta vez desde a década de 1970.
Fonte: CQG
O gráfico anual mostra que, além da máxima de US$3,0625 tocada em 2011, o café futuro já chegou a custar US$3.18 em 1997 e US$3,3750 na máxima histórica de 1977. Embora os picos tenham se formado em um padrão de máximas mais baixas, um movimento acima de US$3,0625 quebraria esse padrão, abrindo espaço para um novo pico histórico.
Em 24 de novembro, o caminho de menor resistência no café futuro continuava sendo para cima. A ação altista dos preços fez sua cotação alcançar a máxima da década. Bull markets tendem a atingir níveis irracionais, ilógicos e inexplicáveis antes de corrigir.
O café é uma commodity extremamente volátil, mas segue em tendência de alta, à medida que entramos no período de férias de 2021. Os indicadores técnicos apontam para preços mais altos. Os problemas de oferta causados pela pandemia e eventos climáticos podem continuar sendo um coquetel altista para o mercado futuro do café.
O caminho mais direto para assumir uma posição de risco no café arábica é através do mercado futuro e de opções na Intercontinental Exchange (NYSE:ICE). Vale citar também o iPath Coffee Subindex TR ETN (NYSE:JO), que faz um excelente trabalho em rastrear a cotação do café futuro. Em 24 de novembro, o JO ETN era negociado a US$66,63 por cota. O ETN possui US$162,746 milhões de patrimônio sob gestão, negocia em média 82.000 cotas por dia e cobra uma taxa de administração de 0,45%.
O risco de uma correção no mercado do café sobe juntamente com a ascensão da commodity agrícola. No entanto, a tendência é sempre sua melhor amiga nos mercados e, no café, ela é de alta, com fatores técnicos e fundamentalistas dando suporte à ação dos seus preços.