Durante o mês de outubro-22 o Dez-22 chegou a cair -5.895 pontos (Máxima/mínima/fechamento respectivamente @ 226,70 / 167,75 / 169,80 centavos de dólar por libra-peso). Como previsto, a mudança recente do cenário macroeconômico mundial pegou o mercado do café de jeito. Com expectativas diretas na redução do consumo global os fundos + especuladores “viraram a mão”. Segundo último relatório do CFTC*, a posição dos fundos + especuladores está “vendida” agora em -461 lotes. No último período de apuração liquidaram -8.414 lotes! Nos últimos 23 dias, quando o Dez-22 fechou abaixo das importantes médias móveis dos +100 e +200 dias, liquidaram aproximadamente -30.000 lotes!
Meu objetivo de curto prazo foi praticamente atingido (por 20 pontos o Dez-22 ainda não fechou o gap deixado no dia 20 de julho de 2021 @ 167,60 centavos de dólar por libra-peso). Possivelmente veremos esse gap fechar na próxima semana antes do mercado reverter e recomeçar sua luta árdua para voltar a trabalhar acima dos +200 centavos de dólar por libra-peso.
O Dez-22 possui agora importantes resistências @ 179,65 / 181,60 / 185,20 / 193,90 / 200,00 / 210,60 e 216,00 e suportes @ 167,60 / 165,35 / 161,80 e 158,00 centavos de dólar por libra-peso.
O próximo relatório do CFTC* já deverá indicar uma posição dos fundos + especuladores vendidos entre -5.000/-10.000 lotes. Nos últimos 3 pregões da semana o Dez-22 chegou a cair -1.800 pontos e o volume negociado foi respectivamente +59.123 / +45.854 / +79.210 lotes!
Ficar “vendido” nesse patamar de preços já começa a acender/piscar as luzes “amarela/vermelha”. O custo de produção para o café tipo arábica está estimado entre +830/+900 R$/saca em função dos últimos aumentos dos insumos, defensivos, diesel, energia elétrica, inflação.
Segunda comentário da Procafé* a safra 23/24 deverá apresentar surpresas para o mercado. Uma coisa são as fotos das lavouras, das floradas, e a outra é a real situação das lavouras onde muitas floradas não fixaram/abortaram. Se essa quebra se confirmar, então o mercado poderá voltar a subir com força. Mas até lá ainda teremos um mercado de lado, com tendência de baixa. Por que?
– as exportações brasileiras seguem firmes. Segundo a Cecafé, em outubro-22 o Brasil deverá exportar novamente acima dos 3,50 milhões de sacas;
– na próxima semana os Estados Unidos deverão aumentar os juros americanos em +0,75 pontos e na reunião de dez-22 novamente +0,50/+0,75 pontos.
– o Banco Central europeu voltou a aumentar os juros nessa semana em +0,50 pontos. Inflação anualizada no bloco europeu voltou a ultrapassar os +10% e ninguém sabe como será o inverno e os reflexos nas economias da zona do euro;
– China continua fechando cidades e economia crescendo abaixo do esperado. O mercado segue aguardando novas medidas de estímulos. Apenas nessa semana o minério de ferro caiu -15%!
– as safras do Vietnam e América Central começam a ser colhidas e embarcadas para destinos “complicados”, com aumento nos custos / inflação / inverno chegando (Europa e Estados Unidos);
Realmente não vejo motivos no curto prazo para uma nova puxada nos preços, salvo eventual operação de “squeeze” contra o próximo vencimento no Dez-22.
O Dez-22 terminou a semana com +72.759 lotes em aberto. Os estoques certificados estão agora em +384.795 sacas (aproximadamente +1.500 lotes). Ou seja, uma posição “desse tamanho” já começa a ficar interessante para algum grande “player” tentar tirar proveito dos descuidados, principalmente se a posição dos fundos + especuladores voltar a ficar “grande / vendida”. Qualquer nova noticia “altista” poderá ser o estopim para uma puxada no Dez-22.
As posições em opções de compra “call*” entre os strikes +190/+220 possuem aproximadamente 15.700 lotes em aberto. E as opções de venda “put*” entre os strikes +220/+170 aproximadamente +26.377 lotes, sendo aproximadamente +8.500 lotes entre os strikes +190 / + 170 centavos de dólar por libra-peso. Ou seja, tem gente grande ainda apostando na baixa.
Infelizmente muitos produtores, ou melhor, a grande maioria, viu o mercado “derreter” e não fizeram nada para se proteger. Por exemplo, eu tive um produtor de arábica com produção estimada entre 25-30.000 sacas que conversou comigo há 2 meses. Mostrou preocupação com eventual queda nos preços para a safra 23/24. Tivemos uma reunião onde foi apresentada a operação para a compra da operação “put-spread*” vendendo uma opção de compra “call*” contra o Set-23 a “custo zero”. Essa operação garantia um preço mínimo em 1.580 R$/saca e teto em 1.780 R$/saca desde que no vencimento das opções do Set-23 o contrato terminasse acima dos 180,00 centavos de dólar por libra-peso. A posição do produtor foi a seguinte: “vou sair de férias pois estou estressado, e quando eu voltar volto a te procurar”! Já se passaram 2 meses e o produtor sumiu junto com uma queda de receita estimada em aproximadamente +3.000.000 US$! Uma pena! Existem “prioridades e prioridades”…
Para os produtores vendidos com as famosas “travas” para a próxima safra 23/24 analisem a compra da proteção contra novas altas, comprando a estrutura “call-spread” strike +170/-220 centavos de dólar por libra-peso. Essa estrutura permitirá o produtor participar na eventual alta do mercado e estará protegido entre +990 / +1.350 R$/saca, desde que o Set-23 feche acima dos 170 centavos de dólar por libra-peso no dia 11/08/2.023. Essa operação terminou a semana custando aproximadamente +78 R$/saca. Com problemas no pegamento das floradas, risco de geadas, quebra na safra 23/24 essa proteção poderá ser um excelente seguro.
Como sempre, protejam-se!
Ótima semana a todos!