Os investidores começaram a segunda metade de 2018 com apetite de compras os mercados acionários, mesmo com novas ameaças de Trump de um novo aumento de tarifas a produtos chineses, no equivalente a meio bilhão de dólares de importações. Como parte da estratégia do presidente é ser agressivo no discurso para eventualmente recuar depois, as bolsas resolveram, por ora, relevar as declarações desta semana.
As commodities cederam de segunda a quarta-feira respondendo, com algum atraso, aos ganhos recentes do índice do dólar, mas sexta-feira voltaram a subir seguindo a queda da moeda americana. A divulgação dos dados do mercado de trabalho americano indicando menor ritmo de aumento de juros pelo FED ajudou inclusive o Real a fechar abaixo de R$ 3.90.
O café em Nova Iorque relembrou quão volátil pode ser àqueles que tinham se esquecido do tamanho do contrato e estavam confortáveis operando em intervalos curtos. O rompimento abaixo de US$ 110.00 centavos por libra, empurrado pela queda de mais de US$ 50.00 por tonelada em Londres, levou o contrato de setembro de 2018 a testar 106.90 – o menor nível desde 10 de dezembro de 2013 (que foi US$ 105.80 centavos por libra).
A queda acentuada foi certamente provocada pelo estresse de fluxo de caixa de operadores que estavam acostumados a comprar o terminal ao redor de US$ 115.00 centavos, imaginando que as cotações achariam suporte novamente. Como para os fundos vendidos as baixas dão mais folego para suas posições vendidas, que no COT de segunda-feira deve mostra-los com um novo recorde (assim como o número de contratos em aberto), não houve alternativas para os comprados a não ser diminuir suas exposições.
Na sexta-feira o intervalo de negociação foi de US$ 7.60 centavos por libra, ou 7.11%, um remédio amargo para um mercado que voltou a ter uma volatilidade mais alta, como era de costume antes da participação massiva de computadores-operadores. Movimentos como este servem para manter “honesto” o posicionamento, ou seja, diminuir a alavancagem entre novos participantes que nos seus modelos não contemplam tal performance, baseando muitas vezes os dados apenas do histórico recente.
A manutenção da recuperação é outra história, pois há de se considerar os rumores de noites mais frias na próxima semana, a divulgação do relatório dos comitentes, assim como o comportamento das moedas para ditar novos posicionamentos.
Olhando para o mercado físico o firmamento dos diferenciais e fluxo de negócio pequeno dão dicas ao menos de uma continuação da correção (subida), com um pouco de combustível para o vencimento das opções de agosto da sexta-feira próxima.
Na minha opinião a arbitragem entre Nova Iorque e Londres é importante de ser seguida para ditar o desdobramento das oscilações de cada terminal. Difícil imaginarmos que a arbitragem consiga ir abaixo de US$ 30 centavos por libra, o que nos faz ficar atentos ao desenrolar da movimentação do mercado de robusta. Enquanto o arábica está nas baixas de fim de 2013, e deve respeitar por ora, pois o próximo nível mais baixo é 102.15 centavos de dezembro de 2008, o robusta está longe das mínimas de 2016 (US$ 1,339 per tonelada).
Para os leitores que me perguntaram quando foi a ultima vez que Nova Iorque foi abaixo de US$ 100.00 a resposta é 27 de julho de 2006, US$ 99.10 centavos por libra.
Talvez o susto da semana encurtada pelo feriado da Independência americana juntamente com o sazonal para o resto do mês ajude o contrato “C” subir outros US$ 10.00 centavos por libra e então destravar novos negócios – ou será que é apenas um “pensamento esperançoso” (wishful thinking, em inglês) meu?
Não haverá relatório nas próximas três semanas. O próximo comentário saíra no dia 4 de agosto.
Bom julho e muito bons negócios a todos.