Os preços do açúcar cristal caíram no spot paulista em novembro, principalmente a partir da segunda quinzena do mês. Representantes de usinas consultados pelo Cepea estiveram mais flexíveis nos valores de venda, o que pode estar atrelado às quedas nas cotações internacionais do demerara (Bolsa de Nova York). Além disso, a demanda doméstica esteve restrita. Compradores evitaram negociar grandes volumes, fracionando as quantidades adquiridas, diante do ritmo decrescente dos preços. Já aqueles consumidores que tinham estoque ou contratos permaneceram fora do mercado.
O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou queda de 6,3% em novembro, fechando a R$ 94,49/saca de 50 kg no dia 30. A média mensal foi de R$ 98,06/sc de 50 kg, 0,1% superior à de outubro (R$ 97,93/sc de 50 kg) e 28,3% maior que a de nov/15 (R$ 76,44/sc de 50 kg), em termos nominais.
O Indicador de Açúcar Cristal ESALQ/BVMF – Santos também caiu em novembro, acumulando desvalorização de 7,3% e fechando a R$ 91,58/sc de 50 kg no dia 30. A média mensal foi de R$ 95,38/sc de 50 kg, 0,6% inferior à de outubro (R$ 96,00/sc de 50 kg) e 24,5% acima da de nov/15 (R$ 76,64/sc de 50 kg), em termos nominais. De acordo com dados da Unica (União da Indústria da Cana de Açúcar), na primeira quinzena de novembro, foram moídas 21,76 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na região Centro-Sul, cerca de 4 milhões de toneladas abaixo do volume registrado no mesmo período de 2015. Esse recuo na moagem se deve ao clima e à redução no número de unidades em operação no Centro-Sul.
No mercado nordestino de açúcar, a demanda permaneceu retraída e os preços estiveram com tendência baixista em novembro. Algumas usinas cederam nos valores das ofertas para “fazer caixa”, enquanto outras unidades mais capitalizadas ficaram fora do mercado interno, priorizando as exportações.
Em novembro, o Indicador Mensal do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ em Pernambuco foi de R$ 95,84/sc, queda de 0,7% se comparado a outubro, mas alta de 24,1% em relação a nov/15, em termos nominais. Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 98,06/sc de 50 kg, aumento de 1,1% frente a outubro e de 24,9% em relação a nov/15, em termos nominais. Na Paraíba, o Indicador Mensal de Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 80,05/sc, 1% inferior ao de outubro. Em março/16, este Indicador passou a ser divulgado sem ICMS (até fevereiro/16, incluía valores com 12% ou 18% de ICMS, dependendo do destino do açúcar), a pedido do Sindálcool - PB.
INTERNACIONAL - O contrato Março/17 da Bolsa de Nova York (ICE Futures) acumulou forte recuo de 8% no mês (de 31 de outubro a 25 de novembro). Quando se observa um período de dois meses (de 30 de setembro a 25 de novembro), a queda é ainda maior, de 13,7%. Em meados da última semana de setembro e início de outubro, o primeiro vencimento de Nova York havia atingido o maior patamar de preço em quatro anos.
Em relação à oferta global de açúcar, a Índia, principal país consumidor e segundo maior produtor de açúcar mundial, vem sinalizando consumo de 27,2 milhões de toneladas para uma produção de 22,52 milhões de toneladas na safra 2016/17 (10,3% inferior à da temporada anterior), reforçando a perspectiva de déficit no mercado internacional. Já a OIA (Organização Internacional do Açúcar) reduziu para 6,193 milhões de toneladas a estimativa de déficit global de açúcar para a safra 2016/17, ante as 7,05 milhões de toneladas previstas anteriormente. Ainda segundo a OIA, espera-se que a oferta mundial de açúcar volte a superar a demanda após a temporada 2017/18.
Cálculos do Cepea indicaram que as vendas internas do açúcar remuneraram, em média, 13,3% mais que as externas em novembro. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e do vencimento Março/17 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 69,24/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 55,68/t.
Segundo a Secex, as exportações de açúcar bruto (VHP) totalizaram 2,07 milhões de toneladas em novembro, volume 11% maior que o de outubro (1,86 milhão de toneladas) e 3,5% superior ao de nov/15 (2 milhões de toneladas). Em relação ao açúcar branco, foram exportadas 511,1 mil toneladas, volume 58,7% superior ao de outubro (322 mil toneladas) e 44,8% maior que o de nov/15 (353 mil toneladas).
O preço médio do açúcar bruto exportado foi de R$ 1.362,00/t em novembro, aumento de 10,8% em relação a outubro (R$ 1.228,70/t) e de 24,4% em comparação com nov/15 (R$ 1.095,20/t), em termos nominais. Para o açúcar branco, o preço médio foi de R$ 1.589,80/t, altas de 5,7% em relação a outubro (R$ 1.503,80/t) e de 27,7% em comparação com nov/15 (R$ 1.244,70/t), em termos nominais. A receita obtida com a exportação de açúcar foi de R$ 3,64 bilhões em novembro, aumento de 31% frente à de outubro (R$ 2,77 bilhões) e de 38% em relação a nov/15 (R$ 2,63 bilhões), em termos nominais.
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