- O enorme corte de empregos da Meta marca um importante ponto de virada para a gigante das redes sociais, após um tumultuado ano.
- A maior incerteza com a ação da Meta é a decisão de Zuckerberg de investir no metaverso.
- O forte declínio deste ano fez com que os fundamentos da empresa se tornassem mais atraentes do que muitas ações de valor.
A Meta Platforms (BVMF:M1TA34) (NASDAQ:META) está passando por uma profunda reestruturação. A controladora do Facebook e do Instagram anunciou planos de cortar mais de 11.000 empregos, o que equivale a 13% do seu quadro de colaboradores, primeira grande onda de demissões nos 18 anos de história da companhia.
Embora essas reduções devam afetar todos os departamentos da empresa, o CEO Mark Zuckerberg afirmou que as equipes comercial e de recrutamento seriam as mais prejudicadas. A Meta também reduzirá suas despesas imobiliárias e revisará seus gastos com infraestrutura, provavelmente anunciando outras medidas do tipo nos próximos meses.
Cortes de emprego nessa magnitude marcam um importante ponto de virada para a gigante das redes sociais que, até ano passado, estava em uma sólida trajetória de crescimento, superando as expectativas de resultados e gerando margens invejáveis em Wall Street.
Mas, um ano depois, o cenário se parece mais com uma história de sobrevivência. A empresa sediada em Menlo Park, Califórnia, perdeu cerca de US$ 800 bilhões em valor de mercado, com suas ações afundando quase 70% desde o pico de setembro, o que faz com que a Meta seja a Big Tech com pior desempenho.
Alguns fatores que contribuíram com o colapso da gigante das mídias sociais não são exclusivos da companhia. O mercado de anúncios digitais, por exemplo, está encolhendo, com as empresas tomando medidas para se proteger dos riscos de uma recessão. Além disso, está cada vez mais difícil para as empresas de mídia social direcionar anúncios para os usuários, depois que a Apple (BVMF:AAPL34)(NASDAQ:AAPL) mudou sua política de privacidade, permitindo que os usuários bloqueassem seu rastreamento.
Maior concorrência
Além disso, o aumento da concorrência gerado pela chegada do TikTok está reduzindo a atratividade do Facebook e do Instagram ao público mais jovem, gerando uma ameaça existencial que requer enormes investimentos e o conjunto certo de produtos para uma reversão.
No entanto, o revés mais significativo é a decisão de Zuckerberg de investir no metaverso, um mundo de realidade virtual que, em sua cabeça, será o futuro do trabalho e da comunicação. Não apenas os investidores estão cada vez mais receosos com o sucesso dessa empreitada, como começaram a questionar o seu timing.
Zuckerberg já destinou bilhões de dólares no momento em que a geração de caixa do Facebook está desacelerando, e a concorrência, aumentando. No anúncio feito recentemente, Zuckerberg parece ter reconhecido o erro. Ele disse aos colaboradores em uma carta:
“No início da Covid, o mundo rapidamente foi para o ambiente online, e a disparada do comércio eletrônico gerou um forte aumento da receita. Muitas pessoas previram que se tratava de uma aceleração permanente que continuaria mesmo após o fim da pandemia. Eu também acreditei nisso, por isso tomei a decisão de aumentar significativamente nossos investimentos. Infelizmente, as coisas não saíram como eu esperava”.
O esforço está custando bilhões para a Meta, e a companhia espera perder mais dinheiro com a aposta no metaverso no ano que vem. De acordo com uma reportagem recente do Wall Street Journal, a transição da empresa para o metaverso está enfrentando defeitos de tecnologia, usuários desinteressados e uma falta de clareza em relação ao que é necessário para dar certo.
Todos os fatores negativos já estão bastante refletidos na cotação atual das ações da Meta. Essa queda acentuada, no entanto, tornou o valuation da Meta mais barato do que o de muitas ações de valor, considerando o preço em relação aos lucros. A empresa sediada em Menlo Park, Califórnia, agora é negociada a nove vezes suas estimativas de resultados. Para fins de comparação, o valuation médio do índice Nasdaq 100 é de cerca de 23 vezes.
Para muitos analistas, como mostra uma pesquisa do Investing.com, a atual configuração é um sinal para aproveitar os preços baixos e inserir os papéis da Meta na carteira.
Fonte: Investing.com
O argumento é que a gigante dos serviços de comunicação, que não apenas é dona do Facebook, mas também controla o Instagram e o WhatsApp, entre outros aplicativos, produziu enormes lucros durante muitos anos, por isso sua situação pode mudar rapidamente caso haja uma melhora no cenário macro.
Com isso, os investidores devem acreditar que a mudança de Zuckerberg para o metaverso faz com que valha a pena deixar de lado outras oportunidades de crescimento. Essa talvez seja a parte mais difícil do quebra-cabeça em que a Meta se tornou nos últimos dias.
Conclusão
As ações da Meta podem voltar a subir no curto prazo, após adotar medidas de corte de custos. Mas não há expectativa de que qualquer rali tenha vida longa. Suas despesas de capital de US$ 69 bilhões nos próximos dois anos continuam gerando grandes obstáculos para uma vigorosa recuperação a partir dos níveis atuais. A Meta é uma ação para quem apetite para o risco e está disposto a esperar anos até que a nova tecnologia comece a gerar resultado.
Aviso: No momento da publicação, o autor tinha uma posição comprada nas ações da Apple. As visões discutidas neste artigo correspondem exclusivamente à opinião do autor e não devem ser consideradas como uma recomendação de investimento.