O cenário atual exige mais do que solidez financeira. Exige agilidade, inteligência e, acima de tudo, visão estratégica. Os resultados do PwC 2024 Finance Effectiveness Benchmarking Study revelam um setor financeiro em franca transição: de executor transacional para protagonista na geração de valor.
Pela primeira vez em 15 anos, as equipes financeiras passaram a dedicar mais de 30% de seu tempo à produção de insights para o negócio – ultrapassando o tempo destinado ao processamento de transações. Esse é um marco importante, e um claro sinal de que o papel do CFO e de sua equipe está sendo reconfigurado para algo mais influente e conectado com as decisões estratégicas.
Essa transformação não acontece por acaso. Ela é impulsionada por um investimento robusto em tecnologia: companhias do primeiro quartil já direcionam até 16% de todo o orçamento de finanças para tecnologia, contra 9% nos níveis medianos. E não falamos apenas de ERPs tradicionais, mas de soluções que integram automação robótica de processos (RPA), análise preditiva, IA generativa e planejamento contínuo em nuvem.
Enquanto a automação avança, libera-se tempo e energia humana para tarefas mais analíticas. No topo da lista de funções que mais consomem tempo manual — e que são passíveis de automação — estão management reporting (54%), customer billing (45%) e general accounting (40%). Os líderes de finanças que buscam eficiência já entenderam: há um potencial enorme a ser destravado com a digitalização inteligente desses processos.
Mas não se trata apenas de eficiência. Trata-se de relevância. Segundo o estudo, tanto os executivos de finanças quanto seus stakeholders internos concordam que business insight é o serviço mais importante que a área financeira pode entregar. Paradoxalmente, é também onde os clientes internos percebem maior espaço para melhoria.
Essa dissonância entre ambição e entrega realça um ponto crítico: não basta coletar dados. É preciso saber conectá-los, interpretá-los e comunicá-los com clareza — quase em tempo real. O avanço de tecnologias de visualização, modelagem preditiva e IA generativa traz justamente essa possibilidade, e é onde empresas mais visionárias estão investindo para transformar sua área financeira em catalisadora de decisões.
Essa virada de chave também passa pela cultura organizacional. Transformação digital não se sustenta sem uma mentalidade de mudança. E essa mudança já está sendo acelerada por eventos como a Febraban Tech, que mostra como o setor financeiro — historicamente conservador — está se abrindo para temas como tokenização, 5G, open finance e automação cognitiva. São movimentos que pressionam até os setores mais tradicionais a repensarem suas estruturas de backoffice.
Nesse contexto, vejo com entusiasmo o surgimento de empresas e soluções que atuam na interseção entre tecnologia e finanças, oferecendo automação inteligente, conectividade de dados e simplificação de processos com uma lógica de plataforma como serviço. É neste espaço — entre o legado e o futuro — que se constrói a próxima geração da área financeira.
A pergunta agora não é mais “como cortar custos?”, mas sim: “como podemos usar finanças para liderar a transformação do negócio?”