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Deflação em agosto não vai mudar a trajetória de alta da Selic

Publicado 10.09.2024, 10:46

O IPCA de agosto surpreendeu e veio com uma leve deflação, um pouco abaixo do consenso do mercado. Porém, esse é um dado do passado, e a condução da política monetária exige projeções sobre a dinâmica da atividade econômica nos próximos meses. Além disso, um componente que contribuiu para a deflação em agosto não está mais presente em setembro e, altamente provável, nos últimos meses de 2024.

A inflação oficial em agosto teve queda de 0,02% na base mensal, abaixo do consenso do mercado de uma alta de 0,01%. Em julho, o indicador apresentou avanço de 0,38%. Esse resultado desestressou o índice anual de 4,5% - exatamente no teto superior da meta de inflação - para 4,24%, também abaixo da projeção de 4,3%.

A boa foto ficou em agosto. Devido à seca e às queimadas que assolam o Brasil, espera-se encarecimento de alimentos. Além disso, a bandeira tarifária saiu de verde em agosto para vermelha 1 em setembro, o que vai levar a uma contribuição relevante para o IPCA de setembro. Dessa forma, o fantasma de que o IPCA de 2024 possa fechar acima do limite da inflação continua, embora tenha diminuído.

O que alivia a tendência inflacionária apresentada nos dados de agosto é a inflação de serviços, especialmente os subjacentes, ou seja, atividades de serviço com predominância do fator trabalho, cuja remuneração está em patamares recordes, mas em desaceleração. Isso é uma boa notícia para o Comitê de Política Monetária (Copom), que monitora a dinâmica nos serviços subjacentes para saber se a alta salarial está sendo transmitida nos preços.

Mas, o jogo do Copom é de prazo maior e sua missão é ancorar as expectativas de inflação no centro da meta, em 3% ao ano. A boa notícia é que cessou a deterioração das expectativas no Boletim Focus, mas está longe do centro da meta para a projeção do IPCA para 2025 e 2026. Esse é o primeiro motivo para que o Copom suba a taxa Selic em 25 pontos-base na reunião de 18 de setembro, de 10,5% para 10,75% ao ano, a despeito do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) reduza a taxa de juros dos EUA em 0,25 ponto percentual e com sinalização de mais cortes no fim de 2024 e ao longo de 2025.

O enfoque do Copom é a economia interna e sua credibilidade, especialmente no momento de transição da presidência da autoridade monetária. O nome indicado pelo Palácio do Planalto para substituir Roberto Campos Neto a partir do ano que vem, Gabriel Galípolo, está com um discurso considerado duro – visto por muitos economistas como exagerado -, o que acabou contratando essa alta, mesmo com Campos Neto suavizando o tom de aperto de Galípolo.

Além disso, outros dois fatores trabalham a favor do início de ciclo de alta da Selic a partir da semana que vem. O risco fiscal, com receio de que a meta desse ano não seja cumprida nem dentro da banda de tolerância, além de incertezas se o governo vai cumprir as regras do arcabouço fiscal de limitação dos gastos nos próximos anos. E o dólar por volta de R$ 5,60.

O novo ciclo de alta da Selic deve chegar a 12% em janeiro de 2025, com duas altas de 25 pontos-base – no começo e encerramento do ciclo de alta – e duas de meio ponto percentual. Com o Fed e outros Bancos Centrais reduzindo os juros no exterior, o diferencial de juros vai favorecer a moeda brasileira e sua valorização, o que vai ajudar no controle da inflação. Além disso, o influxo de capital estrangeiro vai compensar uma balança comercial menor com a queda do preço das commodities no mercado internacional – o que também vai ajudar na inflação - e maior importação com uma atividade econômica resiliente acima do projetado.

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