Moraes revê decisão sobre IOF para dispensar cobrança retroativa do tributo
As sociedades familiares representam hoje mais de 90% das empresas em todo o Brasil e, segundo o IBGE, respondem por mais de 65% da força de trabalho empregada. O modelo de governança geralmente possui aspectos administrativos e societários que tornam as decisões mais complexas pela maior propensão a conflitos de interesse, “confusão” patrimonial e disputas de poder. Mas os tempos mudaram e o mercado cada vez menos admite a convivência com empresas cujas gestões se mostram pouco profissionais e transparentes.
Por esta razão, é notório que existe uma pressão exercida pela demanda de adoção aos critérios relacionados às práticas ESG. Os diagnósticos, principalmente de governança, são cada vez mais necessários para a sustentabilidade do negócio. E fazem parte de uma estratégia futura caso um dos desejos seja a abertura de capital dessas empresas ou a entrada de novos sócios.
As empresas familiares precisam entender o quanto antes que a implantação de uma gestão que contempla ESG contribui para criação de valor e imagem positiva da empresa na medida em que há gerenciamento de riscos, melhoria no relacionamento com todas as partes interessadas, licença social para operar, retenção e atração de funcionários, entre outros benefícios.
Por todas essas vantagens, é natural que os investidores e empreendedores em geral pesquisem cada vez mais visando identificar no mercado as organizações mais aderentes às normas e comportamentos corretos para a efetivação de parcerias. Afinal, nada melhor e mais seguro do que fechar negócio com empresas cuja gestão está alinhada às melhores práticas do ponto de vista ambiental, social e de governança.
Uma empresa familiar de capital fechado normalmente sentirá mais dificuldades de implantar um modelo de gestão baseado em conceitos ESG do que companhias de capital aberto. Isso porque o ambiente de negócios e os relacionamentos familiares são interligados por natureza e podem entrar em conflito. Por essa razão, a utilização de ferramentas adequadas passou a ser vital para garantir uma análise mais robusta e certeira para nortear os rumos dessas empresas.
Um bom trabalho de consultoria tem como papel identificar os desejos e objetivos dos familiares, além dos gaps existentes na sociedade, já que ao tomarem decisões, esses sócios não precisam de aprovação de um conselho. E, à medida em que avançam os processos da consultoria e a empresa deseja dar um passo para crescer, a apresentação de métricas torna-se fundamental para a exposição da empresa ao mercado de capitais de uma forma mais ampla.
Uma situação comum é a de empresas com sócios majoritários e minoritários em que o detentor da maior parte deseja pegar um empréstimo. Ele precisa ter consciência de que, na hora da cobrança, o minoritário também pode se prejudicar. E é mais comum do que se pode imaginar o mais forte fazer valer sua vontade em detrimento dos demais sócios, resultando em conflitos internos e até mesmo em prejuízos quando a iniciativa do majoritário se mostra inadequada.
Essas e outra centena de práticas são avaliadas por ferramentas abrangentes, necessárias e que costumam ser eficazes em mostrar os pontos a serem corrigidos e a direção que a empresa tem de tomar para, assim como as etapas, enfim ser administrada dentro do conceito ESG. Além disso, companhias devidamente avaliadas com base nos conceitos ESG podem ser ranqueadas conforme o número de práticas e o nível de engajamento no que tange à sustentabilidade.
Esse ranking tem como base as notas obtidas em cada critério de avaliação e denota transparência para agentes do mercado, sejam instituições financeiras ou investidores, independentemente de a empresa estar no topo ou não da classificação. Internamente, o ranqueamento também dá à companhia o conhecimento necessário do degrau evolutivo em que ela se encontra e dos esforços que ainda precisam ser feitos para atingir seus objetivos de sustentabilidade.
Vivemos em uma época de transformação da sociedade que não admite práticas ultrapassadas, que desrespeitem o ecossistema, o ser humano e as boas práticas de gestão. Cabe, então, às empresas familiares mudarem seus rumos desde já para se manterem perenes neste novo mundo que surge.