A melhora internacional no apetite por risco de investidores em meio ao alívio dos temores relacionados à variante Ômicron do coronavírus ajudou o real e outras moedas ligadas a países de ambiente mais arriscado ontem. Dados positivos da balança comercial da China, cujo governo se mostra disposto a irrigar o mercado de liquidez, também animaram os investidores, deixando em segundo plano a iminência da redução de estímulos monetários pelo Federal Reserve (Fed).
Hoje será a conclusão da reunião de dois dias do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e deve ser anunciada a elevação da taxa Selic em 1,50 ponto percentual, a 9,25% ao ano, após fechamento do mercado. Eis a questão…. Esse aumento já está precificado no câmbio ou tem espaço para o real valorizar mais e forçar movimentos de carry trade para cá?
A meu ver, essa subida de juros já está precificada e deve impactar pouco no câmbio. Normalmente, se ocorre alta na taxa de juros do Brasil o real valoriza, mas dada a valorização de ontem justificada pelo fato da Ômicron não ser tão grave assim, creio que o dólar não tem tanto espaço assim para cair. Ainda mais se o investidor “lembrar” que os EUA vão retirar os estímulos de sua economia antes do previsto e provavelmente subir juros por lá antes também.
Por aqui, segue a novela PEC dos Precatórios, que abre um espaço fiscal para a despesa maior com o programa social em 2022 por meio de uma mudança na regra do teto de gastos e da limitação ao pagamento anual de precatórios. A proposta foi aprovada na Câmara e no Senado, mas, por ter sido alterada pelos senadores, ainda precisará passar por nova apreciação na Câmara antes de ser promulgada.
Devemos levar em conta também a pressão de remessas típica de fim de ano que impedem a taxa de câmbio de se situar no curto prazo abaixo de R$ 5,60. Ainda assim, o dólar caiu ontem 1,27% e fechou a R$ 5,6183 com apetite externo ao risco.
Somente uma inflação controlada e um cenário eleitoral calmo faria o dólar se manter abaixo de R$ 5,50 por um período de tempo mais considerável. Ele pode até cair com eventos pontuais como aprovação da PEC, aumento acima do esperado para a Selic, mas provavelmente a tendência será de alta.
Para hoje, discurso de vários membros do BCE, inclusive da presidente Christine Lagarde. Nos EUA, oferta de emprego. Por aqui, fluxo cambial estrangeiro e, após fechamento do mercado, a “estrela da agenda”: decisão da taxa de juros.