Se você está acompanhando o mercado de ações dos Estados Unidos, é possível que tenha notado performances bastante distintas entre os principais índices até agora. Notavelmente, o Dow Jones Industrial Average está consideravelmente atrás, como demonstrado no gráfico.
Mas esses índices, principalmente DJIA e S&P 500, não deveriam ter comportamentos semelhantes, por serem medidas do mercado americano?
O que está por trás dessa grande diferença é a metodologia. O DJI, na verdade, se diferencia bastante do padrão observado geralmente no mercado. Mais antigo, criado em 1896, o DJI possui uma metodologia de ponderação única que privilegia o preço das ações individuais em vez da capitalização de mercado. A ação mais “pesada” do Dow é a mais cara individualmente, independentemente de sua capitalização de mercado. Isso também implica que ações com preços muito elevados, como a Nvidia (NASDAQ:NVDA) antes de seu desdobramento, não podem ser incluídas no DJI. A Apple (NASDAQ:AAPL), mesmo após seu desdobramento, também não foi considerada devido ao mesmo motivo. Mas vamos por partes.
Nosso campeão dos primeiros meses de 2024 é o Nasdaq Composite. Composto principalmente pelo Nasdaq 100, que engloba as 100 maiores empresas da bolsa da Nasdaq, excluindo o setor financeiro, esse índice favorece as empresas de tecnologia, que têm se destacado nos últimos anos. Aqui, a metodologia de ponderação se baseia principalmente na capitalização de mercado, ou seja: empresas de maior valor total (número de ações multiplicado pelo preço de cada uma) têm maior peso no índice. É a mesma metodologia de ponderação encontrada no Ibovespa e na maioria dos benchmarks de mercado. A Nasdaq também aplica critérios como volume diário negociado, relatórios financeiros regulares, ausência de recuperação judicial e presença contínua na bolsa por pelo menos três meses.
O S&P 500, outro índice ponderado pela capitalização de mercado, é conhecido por oferecer uma visão abrangente e diversificada da economia americana. Com um requisito mínimo de capitalização de mercado de US$ 14,6 bilhões para inclusão, ele acompanha ações ordinárias listadas na NYSE, Nasdaq e Bolsa de Chicago. Além disso, critérios adicionais como histórico consistente de receitas positivas, liquidez adequada e diversificação setorial significativa são aplicados. Diferentemente do Nasdaq, o S&P 500 busca equilibrar sua composição entre diferentes setores econômicos para evitar uma dominação excessiva por parte de qualquer setor. Mesmo assim, devido à ponderação pela capitalização de mercado, atualmente mais de 30% do peso do índice é atribuído às "Mag 7" (Apple, Microsoft (NASDAQ:MSFT), Amazon (NASDAQ:AMZN), Google (NASDAQ:GOOGL), Nvidia, Meta (NASDAQ:META) e Tesla (NASDAQ:TSLA)).
Aqui mora a grande diferença entre o S&P 500 e o DJI. Enquanto o S&P 500 busca uma representação ampla da economia, o DJI mantém sua metodologia mais antiga e específica. Por exemplo, a Unitedhealth Group (NYSE:UNH), a ação mais cara do DJI com um preço próximo de US$480, teve uma queda de 7,6% este ano, enquanto a Intel (NASDAQ:INTC), sendo a ação mais barata, caiu quase 40%. No entanto, a queda no preço da UnitedHealth afetou o índice duas vezes mais do que a queda da Intel, devido à sua maior ponderação.
Para você, brasileiro, essa distorção, causada pela concentração das "Mag 7", resulta em uma superexposição a um setor que é menos representado no Brasil. Isso significa que incorporar índices como esses em uma carteira de investimentos 100% doméstica pode trazer benefícios em termos de diversificação setorial. Porém, se você é do time que acha o valuation das Mag 7 e outras empresas de tecnologia esticado, a alternativa do DJI pode ser mais adequada, ou mesmo a de algum índice como o S&P Equal Weight, que remove a ponderação dos ativos por capitalização.
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