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Eleições Municipais: Terceira Via Ganha Espaço

Publicado 04.12.2020, 10:21
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Definido o quadro eleitoral dos municípios, depois da eleição de domingo, algumas conclusões devem ser feitas. 

  • Esta eleição municipal foi um "duro" aviso ao presidente Jair Bolsonaro e seus assessores. Conquistaram espaço mais os partidos de centro, como o DEM, PSDB, MDB e PP. Candidatos mais experientes e ligados ao centro, superaram os candidatos de esquerda, muitos, meio aventureiros, outros, bem inexperientes. Bolsonaro foi um dos derrotados, assim como as esquerdas e o PT, em particular, personalizado pelo ex-presidente Lula da Silva; 

  • Bolsonaro, nas sua paranóia, parece-nos ser um capítulo à parte. Sim, porque ele não aceita ninguém que o contrarie e diga certas verdades. E parte do problema está nesta arrogância, neste papo furado de "ungido". Parte disto, talvez, devido a este picaresco "gabinete do ódio", coordenado pelo filho Carlos Bolsonaro. Nossa opinião é de que isto é um desastre em termos de estratégia política, assessoria de comunicação ou relação com a sociedade. Se não fosse a distribuição de bolsas emergenciais, pela pandemia, ele já estaria "enterrado politicamente". Parte da classe média, os mais lúcidos, que gostam do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro e da Lava Jato, não o apoiam mais; 

  • Temos dúvidas, inclusive, depois do resultado desta eleição, se o atual presidente Bolsonaro tem viabilidade eleitoral para 2022. Tudo bem, cada eleição é uma história. Mas esta, nos parece, foi um claro aviso de que o extremismo já não cabe mais na cena política nacional. O eleitorado, lentamente, vem migrando para o centro. Este extremismos, tanto de esquerda, como de direita, está colocado de lado. 

  • Basta observamos o resultado das urnas. Os partidos de centro direita (MDB, 10,9 milhões; PSDB, 10,3 milhões; PSD, 10,6 milhões e DEM, 8,3 milhões), alguns mais fisiológicos, outros nem tanto, mais programáticos, conseguiram cerca de 40 milhões e tantos votos (de 70 milhões). A esquerda, mais personalista, como por exemplo do PT, foi "varrida do mapa". O PT, com a derrota de Marília Arraes, no Recife, e João Coser, em Vitória, registrou seu pior resultado nas eleições municipais, desde sua fundação. Pela primeira vez, não elegeu nenhum prefeito em capitais.

  • Destaque nesta "caminhada para o centro", no eixo Rio São Paulo, para Eduardo Paes e Bruno Covas. Foram vitórias "folgadas", contra, respectivamente, Marcelo Crivella e Guilherme Boulos. Destes dois derrotados, o mais impactado foi Crivella, numa resposta à demagogia e charlatanismo. Não creio que este cidadão possa voltar ao jogo eleitoral majoritário no futuro. Sua caminhada como prefeito da cidade do RJ foi um claro demonstrativo da sua derrrota contundente ontem. Foi despachado com 64,07% contra 35,93%;  

  • Em São Paulo, a derrota do Psol foi também um demonstrativo de que o discurso voluntarista, sem propostas concretas parece fadado a ir ficando para trás (59,38% para Covas contra 40,62%). Na verdade, chamou atenção, na sua campanha, a baixa assertividade, "meio sem bandeiras de luta", dado o elevado nível imposto pelo líder Bruno Covas. A falta de um flanco de fragilidade, acabou por ser o impeditivo para que Boulos "paz e amor", avançasse. Sem ter o que criticar acabou presa fácil; 

  • O número de abstenções foi um sinalizador de desilusão do eleitorado em relação à cena política do País. Foram 29,5% que não votaram, contra 70,5% que votaram. Foram 12,7%, que anularam seus votos, contra 87,3% que votaram num candidato. Juntando tudo, os que não votaram, anularam ou votaram em branco, chegamos a 38,4%. Muita gente! Isso reflete uma completa desilusão com a cena política do País. 

  • Concluindo, esta eleição muncipal pode ser encarada como um "aperitivo" para 2022. Algumas lições. 

  1. Houve um "caminhar" do eleitorado para o centro, em busca do equilíbrio e do bom senso, mesmo havendo alguma simbiose com  partidos do Centrão. O eleitorado preferiu o meio do caminho, a assertividade. Se cansou da "polarização" e do radicalismo. Tanto a esquerda, mais fisiológica, como direita, mais reacionária, terá que repensar sua forma de atuação para 2022;

  2. Pelo menos, por enquanto, a esquerda não tem muitos candidatos para 2022, só Ciro Gomes. Sem dúvida, levou uma "surra" nesta eleição municipal. Seu discurso desgastado, cheio de clichês e de "resgate ao social", como se gasto público tudo justificasse, assim como sua carga de alianças entre PT, Psol, PC do B, e outras agremiações satélites, cobra seu preço;

  3. O Bolsonarismo também teve elevada rejeição e desgaste nesta eleição. A sociedade mostra não aceitar mais as leituras do capitão, e do seu filho Carlos Bolsonaro, sobre a cena política atual, os costumes, a sociedade como um todo. Achamos que terão que rever, em muito, sua atuação, menos raivosa e reativa, mais propositiva. Mas não será tão simples;  

  4. Grandes vitoriosos foram o Eduardo Paes, indo para o terceiro mandato no RJ, e Bruno Covas, resgatando o legado do avô Mario Covas. Segundo a crônica, é a predominância dos "políticos raiz".  

  5. Para o mercado, a busca de uma "terceira via", uma agenda mais propositiva, mais assertiva, mais concensual, é visto como algo promissor. Nós próximos meses, Paulo Guedes deve tentar a aprovação da agenda de reformas estruturais, com a reforma tributária e a administrativa do Estado, como destaques. Desafio também será o governo não escorregar por tentações populistas, como manter a bolsa emergencial em 2021. Se isso for feito, Guedes não restará outro caminho a não ser a do pedir o chapéu. . 

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