Trump ameaça encerrar alguns laços comerciais com a China, incluindo compra de óleo de cozinha
O grande dia se aproxima. Com o mercado de trabalho perdendo fôlego e o consumo das famílias mostrando sinais de arrefecimento, já é praticamente certo que o Federal Reserve dará início a um novo ciclo de cortes de juros. A taxa básica americana, o Fed Funds (equivalente à Selic no Brasil), está hoje na faixa de 4,25% a 4,50%. Minha expectativa é de um corte inicial de 0,25 ponto percentual, abrindo espaço para reduções adicionais nas próximas reuniões.
O Fed reage a um quadro em que a economia dos EUA dá claros sinais de esfriamento — sobretudo no emprego —, enquanto a inflação parece menos ameaçadora e cada vez mais vinculada a fatores temporários. Entre esses fatores, destaca-se o tarifaço, que elevou os custos de importados e pressionou preços no curto prazo, mas ao mesmo tempo enfraqueceu o consumo das famílias, já castigadas pela perda de poder de compra. Diante disso, manter os juros em níveis tão elevados poderia impor custos desnecessários à atividade. O cenário, portanto, é favorável a cortes moderados, começando em setembro e possivelmente se estendendo ao longo dos próximos meses.
Enquanto isso, no Brasil, a expectativa é de manutenção da Selic em 15% na próxima reunião do Copom — um consenso entre analistas. O temor inflacionário, somado a um quadro fiscal frágil, limita qualquer espaço para cortes. Mas há também um fator político que não pode ser ignorado: a dificuldade do governo em construir credibilidade nas contas públicas. Ruídos políticos constantes e incertezas sobre a condução do ajuste fiscal alimentam a percepção de risco e pressionam as taxas de juros futuras.
O Brasil está passando por uma armadilha, mesmo com baixo desemprego, e a economia, embora em desenvolvimento segundo o governo, ainda não parece refletir melhoria na ponta. A renda média brasileira permanece baixa — segundo o IBGE, gira em torno de R$ 3.240. Embora a inflação siga sob controle, o real continua perdendo poder de compra.
Talvez estejamos cobrando o ator errado: o Banco Central apenas executa a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional. O foco da sociedade deveria estar no Executivo e, principalmente, no Parlamento, onde são votadas as leis que de fato podem melhorar a vida do brasileiro médio.