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Fed se Prepara para o Desembarque

Publicado 06.04.2017, 06:21
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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Apesar de pouco comentada no ambiente doméstico, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do FED (Federal Reserve – Banco Central dos Estados Unidos), divulgada na tarde desta quarta-feira, apresentou uma novidade extremamente relevante.

O documento mostra que a autoridade monetária norte-americana está cada vez mais próxima de inverter com mais força sua política monetária. Seguindo a estratégia de operar uma política monetária cada vez menos expansionista, mais ainda acomodática, os membros do Comitê subiram novamente a Fed Funds (taxa básica de juros norte-americana) em 0,25 p.p. na última reunião, para o intervalo entre 0,75% a 1% ao ano.

O aumento gradual da Fed Funds, entretanto, não parece suficiente ao FED. Os membros do Comitê discutiram abertamente estratégias de reversão da política acomodática, através do não reinvestimento dos títulos do Tesouro e títulos hipotecários em seu balanço.

Isso significa que se a economia norte-americana continuar crescendo dentro das expectativas, o FED vai começar a fazer o desembarque de títulos em seu balanço de já na segunda metade deste ano. Mesmo depois do fim dos longos programas de compras de ativos (Quantitative Easing e Operação Twist), o banco central norte-americano continuou a reinvestir os juros dos títulos adquiridos, mantendo a política monetária acomodática.

Agora o FED se prepara para fazer o terrível caminho inverso. Não haverá preferência entre títulos do Tesouro e títulos hipotecários, a reversão será feita ao mesmo tempo para ambas as classes de ativos.

Houve discussão entre uma reversão total ou gradual, mas muito possivelmente a estratégia de desembarque será gradual, ou seja, nem todos os títulos deixarão de ser reinvestidos de uma só vez quando do pagamento de juros ou vencimento. Alguns títulos serão rolados depois de vencidos, outros não. Alguns títulos serão comprados depois do pagamento de juros, outros não.

Com o passar do tempo, o reinvestimento será cada vez menor e mais dinheiro vai sendo retirado do sistema financeiro. Não se sabe o tamanho dessa janela de tempo (provável que seja longa), mas o balanço do FED é um verdadeiro monstro de 4,5 trilhões de dólares, o maior da história.

A autoridade monetária norte-americana tinha menos de 1 trilhão de dólares em ativos antes do estouro da crise do subprime. A julgar por estes números, é de se esperar um desembarque de ao menos 3 trilhões de dólares em títulos (o que deixaria o banco central com um balanço de 1,5 trilhão de dólares, ainda considerado ligeiramente anormal), ou seja, ao final do processo de desembarque, o FED terá limpado 3 trilhões de dólares da economia.

A velocidade do processo de desembarque, bem como incertezas ao longo do percurso, poderá causar impacto relevante no mercado. Inevitavelmente os rendimentos das Treasurys (títulos do Tesouro norte-americano) serão afetados nos próximos anos com o abandono de seu principal comprador.

O FED será muito cauteloso para não criar condições que permita uma disparada de curto prazo nos rendimentos das treasurys nos próximos meses/anos, fato que poderia interromper o processo de recuperação econômica. Entretanto, a autoridade monetária norte-americana vai ter que trabalhar com uma faixa de rendimento maior para as treasurys nos próximos anos, muito possivelmente superior aos 3,0%. A ideia é que essa faixa de rendimento cresça de forma gradual e sustentável.

3% ao ano na Treasury de 10 anos (referência para os Estados Unidos e o mundo inteiro) é um patamar que pode não incomodar tanto os americanos no médio prazo, mas tende a afetar em cheio praças emergentes, principalmente as mais endividadas e fundamentalmente desorganizadas.

Atualmente, o rendimento da Treasury de 10 anos segue comportado no curto prazo, oscilando dentro de uma pequena congestão entre 2,60% e 2,30%, ainda com certa distância dos temidos 3,0% ao ano (patamar responsável por detonar choque de capitais generalizado em praças emergentes em 2013). Apesar da relativa distância, o rendimento da Treasury trabalha dentro de uma tendência de alta iniciada no ano passado.

Título soberano dos EUA a 10 anos

Wall Street abriu o pregão desta quarta-feira em alta, mas o movimento se reverteu após a divulgação da ata do FED. O índice S&P500 testou e respeitou a LTB dos 2,4k, favorecendo abertura de novas posições vendidas no mercado.

 S&P500 testou e respeitou a LTB dos 2,4k

No Brasil, o Ibovespa também abriu o pregão em alta, mas as vendas passaram a ser dominantes após aproximação com a resistência dos 66k. O mercado fechou perto da mínima do dia, ameaçando interromper o movimento de recuperação de preços iniciado na região dos 62,5k.

Ibovespa ameaça interromper o movimento de recuperação

A bolsa mexicana abriu uma fenomenal oportunidade para abertura de posições vendedoras. Uma belíssima shooting star (estrela cadente) apareceu na mais forte zona de resistência do índice, após uma perna de alta maturada, em mercado muito sobrecomprado.

bolsa mexicana abriu uma fenomenal oportunidade de venda

A praça indiana estava fechada quando os negócios abriram em Wall Street, mas ainda assim o índice emitiu sinalização de esgotamento da atual perna de alta maturada com um hanging man (enforcado) em zona de sobrecompra.

India emitiu sinalização de esgotamento da atual perna de alta

Uma shooting star também apareceu na bolsa de Londres. Apesar de as condições para venda não serem tão gritantes quanto o conjunto técnico relativamente raro na praça mexicana, fato é que o mercado britânico perdeu força após testar a LTB da máxima histórica.

FTSE 100 registra shooting star

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