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Formação Tática: Ajustes nos Investimentos são Necessários

Publicado 26.08.2022, 10:33

Jorgito era um hermano, talvez o argentino mais brasileiro de todos os tempos, também conhecido como papai. Ex-jogador da base e fanático torcedor do Club Atlético River Plate.

Não é de se espantar, portanto, que a minha paixão por futebol vem desde criança.

Aliás, as considerações que chego neste texto mudariam drasticamente se estivesse no mercado de capitais do país vizinho, mas isso pode ser tópico para outro dia.

Um dos pontos mais fascinantes do futebol, sob a minha ótica, é a formação tática. Para aqueles e aquelas que não acompanham o esporte, a estrutura tática de um time é, basicamente: analisar como dispor os jogadores dentro de campo para que estejam bem distribuídos no gramado. Ainda que a maioria considere uma chatice tremenda, um bom arranjo é a chave para o sucesso a longo prazo de qualquer time de futebol que se preze. Parafraseando Pep Guardiola, “O segredo de uma boa equipe está em ordem, para que todos saibam o que precisa ser feito”.

Trazendo o olhar da formação tática na perspectiva de um alocador de renda fixa, uma boa distribuição das peças é fundamental. Um técnico no cenário futebolístico se pergunta: quantos defensores, meio-campistas e atacantes? O responsável por uma carteira de renda fixa, por outro lado, faz os seguintes questionamentos: qual a proporção de pós-fixados? E de indexados à inflação? E prefixados? E, claro, para qual prazo (duration)? Essa pergunta nunca pode faltar.

Haverá situações em que um dos jogadores não estará em seu melhor dia, tecnicamente. Contudo, a boa estrutura do time impede que um comprometa o desempenho do todo. O mesmo ocorre na sua carteira de renda fixa. Cada tipo de papel se dá melhor em determinado contexto. Logo, é inevitável que o retorno de certos títulos seja mais impactado do que outros, a depender de qual cenário se materialize à frente. Por exemplo, o brasileiro que cansou do CDI de um dígito e sobrealocou em prefixados curtos em 2019 e 2020, teve sua rentabilidade corroída pela inflação no período. Tivesse um melhor balanço, o resultado teria sido bastante diferente. É a formação tática dando as suas caras.

Feito este paralelo com o futebol, o meu objetivo hoje é mostrar como podemos pensar a estruturação de uma carteira de renda fixa nas condições atuais de mercado.

De início, nas aplicações mais curtinhas, não superiores a dois anos, vou de CDI. Na perspectiva de um investidor moderado, de 30 a 40% da carteira nestes papéis é uma boa. Retomando o paralelismo, equiparo este tipo de aplicação como o meu goleiro, a posição mais constante da peleja e que precisa passar mais segurança. O carrego continua ótimo e não me surpreenderia se permanecermos com a Selic nos níveis atuais pelo menos até meados de 2023.

Em seguida, muito embora os prêmios tenham evaporado nas últimas semanas dado o frenesi pós discurso mais brando do Federal Reserve, vejo com bons olhos uma parcela da alocação de sua carteira em títulos prefixados de duration intermediária (entre três e seis anos).

Os prefixados são os meio-campistas e atacantes, aqueles mais “abusados”. Devido a esta característica, prefiro alocar não mais de 20% aqui.

Uma métrica importante que avaliamos são os leilões de títulos públicos federais realizados semanalmente. Os papéis prefixados têm saído com força, sugerindo que tem gente grande se posicionando, especialmente em LTN 2026. Os 3 leilões de maior volume em prefixados foram do papel com vencimento em 2026, e detalhe, todos ocorreram em agosto.

Por fim, e estes nunca podem ficar de fora, temos os indexados à inflação.

Evidentemente, a alocação em IPCA+ pode ser direcionada para todos os vértices, a depender dos objetivos do investidor. Inclusive, sem nenhum demérito, muito pelo contrário, considero os indexados ao IPCA os zagueirões ou aquele volante jabuti, como chamamos na gíria do futebol – pau para toda obra. Visando a montagem de um portfólio diversificado, prefiro segmentar em títulos IPCA+ para prazos médios (entre três e seis anos) e longos (acima de seis anos), dividindo-os de maneira igual no portfólio.

Adicionalmente, lembre-se de ter uma parcela neste nicho em títulos isentos, pois são esses que, de fato, protegem contra a inflação. Debêntures isentas, CRIs ou CRAs são boas pedidas. Na dúvida entre quais títulos escolher, considere se tornar cotista de um fundo de debêntures incentivadas listado em bolsa.

Pronto, a formação está feita.

Obviamente, de tempos em tempos, como ocorre com os times de futebol, ajustes são necessários. É importante sempre analisar as condições macroeconômicas por vir e realizar as adaptações necessárias. Em todo o caso, seja como for a sua ponderação com os diferentes títulos de renda fixa, lembre-se de que uma boa distribuição é o cerne para se manter no topo da tabela.

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