Os últimos balanços das maiores empresas de petróleo do mundo emitiram um sinal bastante incomum para os investidores. As grandes petrolíferas não estão interessadas em gastar para expandir sua capacidade e atender à demanda de energia que disparou após o choque da Covid-19. Em vez disso, elas pretendem retornar mais caixa aos acionistas, que aguardaram pacientemente a recuperação dos seus negócios.
Essa mensagem ficou clara nos anúncios feitos pelas duas maiores petrolíferas americanas, a Exxon Mobil (NYSE:XOM) (SA:EXXO34) e a Chevron (NYSE:NYSE:CVX) (SA:CHVX34), além da gigante europeia Royal Dutch Shell (NYSE:RDSa) (SA:RDSA34). Como ressaltaram as empresas, as despesas de capital irão aumentar no próximo ano, mas ficarão abaixo da base extremamente reduzida de 2021 e dentro dos marcos estabelecidos antes da recente disparada dos preços dos combustíveis fósseis.
Esse novo direcionamento é uma excelente notícia para os investidores que apostaram na recuperação da indústria no auge da pandemia, quando o colapso repentino dos preços do petróleo forçou alguns desses produtores a cortar seus dividendos e interromper seus planos de recomprar ações. Durante o período, elas se endividaram bastante para cobrir suas distribuições de dividendos.
Os preços do barril de petróleo americano ultrapassaram a marca de US$80 neste mês, pela primeira vez desde 2014, graças à forte retomada da demanda após a desaceleração promovida pela pandemia. A demanda global de energia voltou com mais força do que se previa, e a produção mundial de petróleo, ainda que em ascensão, não está conseguindo fazer frente ao consumo desenfreado.
Ações do petróleo disparam
O fundo Vanguard Energy Index (NYSE:VDE), que possui entre os 10 maiores nomes do seu portfólio a Exxon e a Chevron, acumula alta de mais de 55% neste ano.
O desempenho do fundo supera em muito o do S&P 500, que se valorizou 22% no mesmo período. Essa performance tem sido respalda por ganhos consideráveis.
Na sexta-feira, o relatório de resultados da Chevron referente ao 3º tri de 2021 mostrou que a empresa gerou seu maior fluxo de caixa livre em toda a sua história de 142 anos. A empresa de San Ramon, Califórnia, disse aos investidores que pretende manter as despesas de capital 20% abaixo dos níveis pré-Covid no próximo ano, além de aumentar as recompras de ações. Seu orçamento de capital para 2022 ficou na extremidade inferior da faixa de US$15-17 bilhões, de acordo com o CFO Pierre Breber, quase 60% abaixo dos níveis de 2014. Na teleconferência de sexta-feira com analistas, ele disse o seguinte:
“Com o tempo, a maior parte do excesso de caixa será retornada aos acionistas na forma de dividendos maiores e recompras de ações".
Os papéis da empresa fecharam a US$114,49 na última semana. A Chevron paga um dividendo trimestral de US$1,34 por ação, o que gera um rendimento anual de 4,74%.
A Exxon elevou seus dividendos trimestrais na quarta-feira em 1%, seu primeiro aumento desde 2019.
Em seu balanço do 3º tri divulgado na sexta-feira, a empresa de Irving, Texas, relatou que havia gerado US$12 bilhões em caixa a partir das operações. A XOM paga um dividendo trimestral de US$0,88 por ação para um rendimento anual de 5,47%.
“O fluxo de caixa livre mais do que cobriu o dividendo e os US$4 bilhões de redução de dívida adicional", de acordo com o CEO da Exxon, Darren Woods.
“Com o restabelecimento do vigor do nosso balanço patrimonial, anunciamos nesta semana um aumento nos dividendos, mantendo a sequência de 39 anos consecutivos de crescimento das distribuições”.
Entre as grandes petrolíferas, a Exxon é a escolha favorita dos analistas do Goldman Sachs (NYSE:GS), que consideram que o retorno dos dividendos do papel, que está entre os maiores do setor, como “mal precificado em relação ao sustentável fluxo de caixa livre".
De acordo com uma nota recente do Goldman:
“Acreditamos que a base diferenciada de ativos, quando combinada com nossa visão construtiva para o petróleo, impulsionará revisões de resultados”.
A Exxon fechou a US$64,47 na sexta-feira, abaixo do preço-alvo de 12 meses do Goldman de US$68.
Conclusão
As ações das grandes petrolíferas continuam atraentes diante da forte retomada da demanda de energia após a crise da Covid. Seus últimos balanços mostram que os investidores serão recompensados de forma generosa através de elevações de dividendos e recompras de ações.