Semana passada trouxe aquela relação/ideia do “e agora, quem poderá nos defender?”
Eu Chapolim Colorado! Pra quem não lembra tá aqui o link: HIGHLIGHTS ECONÔMICOS: EU CHAPOLIN COLORADO!!
Seguindo nessa ideia, continuo me debruçando sobre os dados para entender quem será nosso salvador da pátria! Agro já foi, industria ajudou, FGTS deu baita empurrão…mas e daqui pra frente?
Antes de avançar na questão vamos olhar alguns números, dados, curiosidades, etc….
INDICADORES DE CONFIANÇA….DADOS MISTOS
(+) A prévia do Índice de Confiança da Indústria mostrou melhora pelo 2º mês seguido em agosto, o que é bem importante haja vista as perdas observadas em junho…basicamente o que melhorou foram as expectativas. Contudo, para o Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria, o resultado preliminar de agosto indica queda de 1,0 pp para 73,7% o que não é bom.
(-) Segundo a FGV, a confiança do consumidor recuou 1,1 ponto em agosto ante julho, atingindo 80,9 pontos. O componente de situação atual subiu 1 ponto, para 70,7 pontos, enquanto o de expectativas recuou 2,5 pontos, para 88,9 pontos. E o comentário da coordenadora da pesquisa não poderia ser mais lúcido a meu ver…penso que resumiu muito bem o sentimento atual:
“Apesar de uma melhora na avaliação da situação financeira familiar presente, possivelmente relacionada com a desaceleração nos preços de alimentos, o consumidor continua com prognóstico pessimista em relação aos próximos meses, principalmente no que concerne à evolução da economia. Ainda há incerteza em relação ao futuro e por isso muita cautela nos gastos com compras a prazo, em um ambiente que o comprometimento de renda e o desemprego são ainda elevados“, (Viviane Seda Bittencourt, Coordenadora da Sondagem do Consumidor)
(-) A FGV apresentou a confiança do comércio, que teve queda de 1 ponto em agosto ante julho, indo para 82,4 pontos. 9 dos 13 segmentos pioraram a confiança em agosto. O componente de situação atual caiu 1,8 ponto, para 77,4 pontos, enquanto o componente de expectativas cedeu 0,3 ponto.
(+) Li no Brasil Econômico que as perspectivas dos empresários da indústria da construção estão menos pessimistas…na verdade foi uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que saiu na quarta….BAI TEND3? Sim eu penso que sim, mas voltando ao setor, acho legal chamar atenção ao fato que essa melhora foi registrada mesmo com a retração da atividade e a grande ociosidade hoje existente no setor (setor opera a 56% da sua capacidade apenas!). O gráfico abaixo mostra que as linhas estão se aproximando do 50 que é um parâmetro de referência, umas linha divisória entre o pessimismo e otimismo…ou seja acima de 50 é otimismo. A expectativa do nível de atividade ficou em 49,8 pontos.
Só pra não deixar passar batido, porque saiu essa semana…
INFLAÇÃO
Nada de novo aqui…apesar da alta no dado mensal (+0,30%) face a deflação do último mês, tudo segue muito tranquilo para inflação esse ano….e digo o mais, temos um carrego muito positivo disso ano que vem, dado que nossa economia é bastante indexada…ou seja, estamos contratando uma inflação baixa também em 2018! Mas só pra deixar registrado, fazia tempo que não vivenciávamos uma inflação tão baixa! #VamoMeuPresidento #NãoVoteiMasAprovo!
Uma passada por um dos motores de qualquer crescimento…o crédito:
FINANCEIRO
Banco central trouxe uns indicadores da concessão de crédito que mostraram que ainda seguimos patinando…ou seja, ainda não há uma evolução consistente da concessão de crédito, ela segue contraindo, ainda que em menor velocidade…e se contrai especialmente para o segmento de empresas. Em termos totais os empréstimos caíram 0,6% ante jun/17 e 1,7% ante jul/16 (gráfico 1). Outro fator é que tanto bancos públicos quanto privados seguem com a torneira apertada (gráfico 2).
Excelentes gráficos do pessoal da Plural.
Mas tem uma forma positiva de ver isso que é o fato do endividamento agregado da economia seguir cedendo, o que abre espaço para expansão…nesse último mês houve contração de 0,4 p.p. ante jun/17 para 47,8% do PIB.
Outro ponto positivo (ainda que não haja muito que comemorar) é que os spreads finalmente cederam!! Ainda é pouco, mas a queda da Selic abre espaço para essa queda….até porque inadimplência é alta no BR comparativamente a outros emergentes, fora a falta de um cadastro único, enfim..outros fatores que tentam justificar o injustificável alto patamar de spread.
Sigo achando que tem que ter banco em carteira. ITSA é minha preferência…mas BBAS ficou pra trás na alta recente. Um amigo falou umas coisas interessantes de PINE…banco complicado, mas gerou curiosidade…a ver.
CONCLUSÃO…
Tenho uma impressão muito parecida com o Superintendente de Estatísticas Públicas da FGV/IBRE de que no comércio e para o consumidor as expectativas ainda seguem abaladas….
“Enquanto na indústria a crise política deflagrada em maio parece coisa do passado, entre consumidores e no comércio o efeito do aumento da incerteza ainda causa preocupação e afeta a confiança. O resultado de agosto mostra que o ritmo da economia ainda é lento e que, passado o período de liberação de recursos de contas inativas do FGTS, o comércio está em compasso de espera por novas notícias que deem mais segurança com relação à sustentabilidade da recuperação econômica”, avalia Aloisio Campelo Jr.,
Por isso fico aqui matutando e muito de onde virá o crescimento pronunciado no último Focus de 2% para 2018…ainda mais com eleições a vista!
Mas não sou pessimista…não me entenda mal…talvez seja meio Tomé, tipo “ver pra crer”, mas enfim … estou tentando ter fé e por isso Vou citar aqui alguns candidatos a Chapolin Colorado para o crescimento de nossa economia
(i) Crédito. Historicamente nosso crescimento foi acompanhado de expansão do crédito…eh assim em qualquer lugar do mundo. Prevendo a crise os bancos privados contraíram bem a concessão de crédito nos últimos anos…e depois que não deu mais pra segurar os bancos públicos também tiveram que cair nessa realidade (gráfico que mostrei ali em cima). Passado isso, com a redução do endividamento das famílias, queda de juros e deixando para trás o pior do ciclo de inadimplência, penso que o driver do crédito pode ser um Chapolin Colorado…ou ao menos seu martelo!
(ii) Setor de construção está se recuperando! Veja que no 1º Sem 17 as vendas líquidas foram de 32.465 unidades um aumento de 17,8% ante o 1S16….os distratos tiveram queda de 20% e os lançamentos ficaram controlados recuando 3,5% o que mostra certa disciplina e ajuste no setor. Talvez seja cedo para apostar nisso, mas penso que existe sim grande chance do setor ser um Chapolin ano que vem…talvez um Chapolin meio magro e tal, mas com a queda da taxa de juros e a continuidade de descontos e incentivos que as construtoras dão, talvez o setor “pegue no tranco” … não preciso dizer que é um setor que movimenta a economia pra cacete neh?!
(iii) Investimento. Talvez tenha passado incólume, desapercebido por muitos, mas tenho lido algumas coisas a respeito do sentimento propenso ao investimento por parte dos empresários. Veja que o índice de intensão de investimento calculado pela CNI atingiu 29,1 pontos em agosto, aumento de 2,4 pontos em relação ao mês anterior e de 2,3 pontos em relação a agosto 2016…mais importante que 1 ou 2 pontos a mais é a tendência claramente pra cima!! Índice ainda é baixo, mas se continuar subindo, penso que isso vai se traduzir em investimentos acontecendo de fato!
Outros Chapolins existem…privatizações, recomposição de estoques…espero que sejam suficientes…#oremos!