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Em um mercado acionário que renova máximas históricas dia após dia, não é surpresa que parte dos investidores de varejo volte a flertar com o risco extremo. O ressurgimento das chamadas meme stocks (ações meme) papéis de empresas com fundamentos frágeis, forte presença de posições vendidas e preços deprimidos - parece ecoar os exageros especulativos de 2021, mas agora em um ambiente macroeconômico e político bastante distinto.
Empresas como Opendoor (NASDAQ:OPEN), Kohl’s (NYSE:KSS), Krispy Kreme (NASDAQ:DNUT) e GoPro (NASDAQ:GPRO), todas enfrentando dificuldades operacionais, foram alçadas a protagonistas de um novo frenesi coletivo orquestrado em redes sociais como Reddit (NYSE:RDDT) e X. O movimento parece ter sido catalisado por postagens otimistas de gestores com certa influência online, como Eric Jackson, da EMJ Capital, que sugeriu um preço-alvo exorbitante para Opendoor. A reação foi imediata: em poucos dias, a ação saltou mais de 300%, ignorando completamente o fato de que a empresa acumula mais de dez trimestres consecutivos de prejuízo.
Disparada da Opendoor ilustra bem como a narrativa supera os fundamentos na lógica das ações meme. Fonte: APP da XTB.
É um movimento que, à primeira vista, parece irracional. Mas é justamente na combinação de liquidez elevada, ausência de catalisadores negativos imediatos e confiança excessiva no ciclo de afrouxamento monetário que esses episódios ganham tração. A volta do apetite por risco ficou evidente não apenas no desempenho desses papéis, mas também na explosão das apostas em opções e no volume de negociações em ações que, até semanas atrás, eram ignoradas pelo mercado.
Diferentemente da primeira onda de ações meme, essa nova fase não conta com o empurrão de estímulos fiscais ou com o confinamento da população, fatores que ajudaram a canalizar capital para o mercado de ações em 2021. O que se vê agora é um efeito colateral da própria recuperação da bolsa americana, que alimenta o FOMO (medo de ficar de fora) e leva parte dos investidores a buscar lucros rápidos em ativos de baixa qualidade, na esperança de repetir feitos como os de GameStop (NYSE:GME) ou AMC (NYSE:AMC). Ao mesmo tempo, fundos de hedge que mantêm posições vendidas sofrem perdas bilionárias, sendo forçados a recomprar papéis, o que alimenta os temidos short squeezes.
Disparada de Opendoor ilustra bem como a narrativa supera os fundamentos na lógica das ações meme. Fonte: APP da XTB.
O pano de fundo macro ajuda a entender esse comportamento: a combinação de dados econômicos resilientes, perspectivas de corte de juros e normalização das tensões comerciais com parceiros estratégicos como Japão tem sustentado o rally de ativos de risco. O avanço recente do Bitcoin e o otimismo com os investimentos em inteligência artificial adicionam ainda mais lenha nessa fogueira especulativa.
Mas se por um lado o fenômeno revela o poder de coordenação dos pequenos investidores na era digital, por outro levanta preocupações sobre um eventual excesso de euforia. Indicadores de posicionamento mostram que a alocação em ações mais arriscadas aumentou de forma acelerada, e há quem veja nisso um prenúncio de correção.
A grande questão é: estamos vendo o nascimento de uma nova força estrutural nos mercados, onde narrativas se sobrepõem a fundamentos? Ou será apenas mais um ciclo de euforia coletiva que, inevitavelmente, deixará muitos investidores pelo caminho?