Na edição de segunda feira última do CÂMBIO NEWS dia do 13, destacamos que o mercado de câmbio brasileiro de câmbio, no momento, está perseguindo a formação do preço de equilíbrio para a moeda americana.
Destacamos que, após as conturbações de todas as naturezas oriundas das incertezas e forte negativismo que havia provocado a exacerbação da taxa cambial, orquestrada, também, por intensas projeções especulativas e prognosticando tendências severamente negativas , num movimento que buscou precificar no preço à vista a visão prospectiva de preço futuro, o governo havia conseguido neutralizar com colocações realistas os pontos mais sensíveis à especulação.
Além disto, ocorreu então um melhor ajuste da relação governo/congressistas e o país teve três fatores importantes a seu favor, as duas manifestações das agências de rating S&P e Fitch, que tiraram do radar de curto prazo o risco de perda pelo país do grau de investimento, e a alteração do “modus operandi” do Banco Central do Brasil na gestão da intervenção com os swaps cambiais no mercado de câmbio, que o deixou em situação maior de comando no monitoramento.
Evidentemente, a recuperação da situação do país ainda suscita dúvidas já que são inúmeros os desafios, mas inconteste o fato de que ocorre uma redução gradual do negativismo e os pontos mais sensíveis às especulações, boatos, etc. estão blindados pelo governo com a politica correta admitindo projeções realistas e não infundadas como era prática contumaz do Ministro da Fazenda anterior, como a retração do PIB, alta da inflação, etc... Agindo assim, o governo retirou do centro das discussões os pontos de conflitos fomentadores de especulações evitando o debate inócuo.
Expressamos, também, que a nossa projeção como preço de equilíbrio está no intervalo de flutuação entre R$ 3,00 e R$ 3,10, mais próxima de R$ 3,10, pois há um ponto de contenção da taxa causado pelo expressivo estoque de importações a serem pagas.
Hoje, Tony Volpon, por longos anos da corretora Nomura, indicado para o cargo de diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central do Brasil, expressou opinião em linha com o nosso entendimento de que “estamos mais perto, se não chegamos, ao nível de taxa de câmbio de equilíbrio”.
Exagerou um pouco quando colocou a perspectiva de convergência ao centro da meta a inflação em 2016, mas o Presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que o BC seguirá vigilante na condução da politica monetária.
É notório que tende a ocorrer como inevitável neste período de ajuste severo da politica econômica do país aumento do desemprego e queda da renda, consequência do desemprego e do achatamento de salários consequentes de uma economia que não está crescendo. Estes são fatores que impactam no consumo efetivo, vide já o reflexo em fevereiro, e provocam também retração cautelar de consumo, que contribui para a contração da inflação.
Evidentemente que movimentos abruptos no exterior ou ocorrências perturbadoras internamente no Brasil poderão repercutir na formação do preço e tirarem o preço do seu ponto de equilíbrio, lembrando sempre de que não há uma taxa que satisfaça a todos os setores, mas sim aquela que demonstre baixa volatilidade permitindo que ocorram negócios. O preço do dólar ajustado, mas com alta volatilidade não fomenta os negócios.
Na segunda feira houve um movimento forte de compra de dólares focando a possibilidade de o FED vir a alterar a politica de juro já na próxima reunião, o que desvalorizou a cesta de moedas mais importantes e mais acentuadamente as moedas dos países emergentes, com destaque para o real.
Com os dados americanos tirando esta pressão ontem, o preço da moeda americana voltou ao seu comportamento de busca da taxa de equilíbrio e o real sofreu apreciação forte.
No nosso entendimento há um fator de contenção de queda abaixo de R$ 3,05 devido ao estoque de importações elevado a ser liquidado e quando a taxa cede demandam. Em momentos de eventual melhora de fluxo poderá ceder abaixo disto mas acreditamos que não conseguirá se sustentar.
Enfim, aparados vários fatores impactantes no curto prazo, o câmbio deve seguir numa linha de equilíbrio que, contudo, tem enormes fragilidades, tais como fluxo cambial pouco consistente que ainda impõe que os bancos operem com posições vendidas com ancoragem parcial nas linhas de financiamentos em moeda estrangeira do próprio BC, numa estratégia que visa não dar visibilidade à já presente redução das reservas cambiais.
O país tem perspectivas bastante desanimadoras para a balança comercial e ao mesmo tempo não desperta atratividade para IED´s com o PIB negativo e devem ser cadentes este ano, mas tem perspectivas de crescimento do déficit em transações correntes. Este é um quadro perverso para o país, que atrai com o dólar com preço mais elevado capitais especulativos que nada produzem e que podem sair do país rapidamente quando os Estados Unidos elevarem a taxa.
A grande janela para ingressos no país, abordamos isto ao inicio do ano, é atrair investimentos para a infraestrutura, em negociações despoluídas de fatores ideológicos e visando remunerar adequadamente os investidores. Segundo o Ministro Joaquim Levy a estratégia é estimular o investimento na infraestrutura como uma alternativa às aplicações em renda fixa e variável, remunerando-o de forma adequada. O problema é que o país tem urgência de recursos e os planos do governo demoram muito para serem colocados em pratica.
Mas é o caminho neste momento.
A questão de o FED americano alterar sua politica monetária e elevar o juro não é decisão tão fácil de ser tomada, pois impactará em todos os países e de forma mais aguda nos emergentes, mas poderá ser “um tiro no pé” na própria economia americana pois perderá competitividade no mercado exterior potencializando a propensão a importar. Naturalmente os integrantes do FED não falam sobre isto, mas a protelação tem causa.
Temos um quadro de momento bastante claro em torno do comportamento do preço do dólar no nosso mercado, a evolução do preço decorrerá se insucessos se tornarem efetivos nos esforços que estão sendo desenvolvidos pelo governo.
O preço do câmbio é um sensor que propaga o sentimento em torno do “status quo” e sofre deformação quando incorpora expectativas puramente especulativas desprovidas de fundamentos.