Durante a semana, repercutiu em toda a imprensa a elevação do rating de dívida do Brasil pela Standard & Poor’s, uma das principais agências de classificação de risco do mundo. A entidade aumentou a classificação do país de estável para positiva. O mesmo ocorreu com cerca de 20 empresas, entre elas, Petrobras (BVMF:PETR4), Ambev (BVMF:ABEV3), Votorantim, Raízen (BVMF:RAIZ4) e Localiza (BVMF:RENT3).
Em paralelo a este cenário, vimos o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, sair dos 97 mil pontos em meados de abril para os 119 mil atuais.
Tal perspectiva não deixa de surpreender uma vezque muitos gestores alertavam para os riscos da economia brasileira. Especialmente, por conta da necessidade de ajustes nas contas públicas.
Acreditava-se que, para não haver uma trajetória explosiva da dívida, seria necessário um ajuste da ordem de 1% a 2% do PIB do Brasil. Ao assumir o governo, o que vimos da equipe de Lula foi um certo ímpeto a favor de mais gastos.
Contudo, o novo arcabouço fiscal apresentado, ainda que carente sob alguns aspectos, deu conta de trazer a tal da previsibilidade tão comentada pelos economistas. Sem ela, a tarefa de criar projeções factíveis para a tomada de decisão nos investimentos fica um tanto complexa e quase impossível de ser realizada.
Por isso, ainda que o projeto não seja capaz de resolver os problemas da economia brasileira, ao menos traz estabilidade para que os diversos setores produtivos possam se organizar.
Recentemente, o gestor de um grande multimercado norte-americano com mais de US$7 bilhões sob gestão disse à Bloomberg Línea que está mais otimista agora com o Brasil do que esteve nos últimos anos.
Na mesma matéria, um levantamento realizado com investidores de Wall Street mostra que trata-se de um movimento coletivo, com quase 70% dos gestores latino-americanos esperando um encerramento de 2023 com o Ibovespa acima dos 120 mil pontos.
No Brasil, grandes fundos também esperam uma perspectiva mais otimista, especialmente, com a expectativa de redução de juros pelo Banco Central. O próprio Roberto Campos Neto já admitiu que o cenário tem apresentado uma característica mais benigna.
É esperar para ver. Muitos gestores acreditam em uma mudança de ciclo a partir do mês de agosto, com algumas divergências se para mais, ou para menos.
Há quem acredite que o índice Ibovespa possa encerrar o ano acima dos 139 mil pontos.
Isto porque, neste momento, é consenso que estamos em um momento de inflexão da economia ou ao menos nos aproximamos dele.
Do lado do investidor, é importante dizer que existem diversas oportunidades, não só no mercado de ações, mas em praticamente todas as classes. Contudo, o cenário requer uma certa dose de cautela.
Alguns setores, no caso da bolsa de valores, devem ter uma boa performance. Por não ser analista, não posso dizer em quais papéis eu acredito, mas, se você me acompanha com frequência neste espaço, sabe que a ideia é ter equilíbrio e ter ciência do que está sendo feito.
No crédito privado, a perspectiva de queda da Selic fechará uma janela de oportunidades que talvez não se repita tão cedo. Isto porque, a partir da redução da taxa básica de juros, os cupons de títulos de renda fixa tendem a dar retornos um pouco menores do que hoje.
No início do ano, por exemplo, o Tesouro pagava IPCA + 7%, padrão que hoje, mesmo antes da mudança do ciclo, já não ocorre mais.
Além disso, o mercado de juros já precifica uma redução na Selic em meados de agosto. Portanto, se esta classe fizer sentido para você, é preciso aproveitar enquanto ainda é tempo.
O momento de mudança de política monetária deve ser observado pelo investidor, pois ele traz consigo, não só a possibilidade de investir em um bom ativo da hora certa, mas também uma lição valiosa de como a economia funciona.
Por fim, se você tem dúvidas em relação ao melhor caminho a ser seguido para a sua carteira, não deixe de comentar neste espaço e, mais do que isso, buscar o aconselhamento de profissionais do mercado.
Ótimo final de semana e bons negócios! Até a próxima!