O mercado financeiro continua desfazendo parte da recente turbulência, sugerindo que a reação inicial foi exagerada. Assim como também eram exagerados os temores dos investidores sobre uma recessão nos Estados Unidos. Ou seja, a forte liquidação (sell-off) dos ativos de risco era mais sobre pânico do que razão (ou evidências).
O problema é que os mercados se recompõem do único modo que sabem: para cima, ainda mais em dia de agenda econômica fraca. O sinal positivo prevalece nesta manhã (7), inclusive no dólar, que recupera parte do terreno perdido em relação ao iene. Como se sabe, os EUA têm um problema com um iene fraco e competitivo - e não apenas o yuan.
Aliás, o noticiário vindo do outro lado do mundo abre o dia. As exportações chinesas cresceram menos que o esperado em julho e abaixo do aumento registrado no mês anterior. Já as importações subiram mais que o previsto, revertendo a queda em junho. Como resultado, o superávit comercial da China foi menor que as expectativas.
Mas a manutenção do ambiente favorável nesta quarta-feira (7) é atribuída a declarações vindas do Banco do Japão (BoJ), que não deve voltar a elevar os juros por lá enquanto a instabilidade nos mercados persistir. Nas entrelinhas, o BC japonês vai esperar o Federal Reserve começar a cortar a taxa para agir novamente.
Mas esqueça aquela história de corte emergencial do Fed, antes mesmo de setembro chegar. Não, o Fed não fará isso. Afinal, o BC dos EUA se preocupa com o risco sistêmico nos mercados financeiros - e não com investidores decepcionados. Portanto, é improvável que o Fed mude seus planos devido a uma correção do mercado de ações.
Isso significa que o ajuste nos preços dos ativos tende a continuar. Ou seja, qualquer alívio, como o que se vê desde ontem é passageiro. A boa notícia é que no movimento de correção global, os emergentes ficam de fora. Até porque já são os que mais sofrem. Em algum momento, o Ibovespa e o real vão andar descolados do exterior - e para o alto.