O cenário político e o possível impeachment da presidente Dilma veio criar as condições dos movimentos no câmbio e na bolsa.
Também me parece que existe algum aproveitamento especulativo do excesso de venda de dólares futuros para baixar a cotação e facilitar a saída de dólares aplicados no mercado financeiro. Basta ver o fluxo financeiro no atual patamar até 30 de março.
A balança comercial, apesar do superávit acumulado, não tem sido suficiente para compensar o déficit do fluxo financeiro e com isso temos tido fluxos cambiais deficitários até ao momento.
Não disponho de valores exatos neste momento em que escrevo este artigo, mas o fluxo cambial deve fechar negativo no primeiro trimestre acima dos US$10 BI.
Os dados do primeiro trimestre em relação às contas públicas e ao fluxo cambial são preocupantes, mas apesar de serem muito ruins como se esperava, a sua tendência a médio e longo prazo revela-se muito mais preocupante.
Em relação às contas públicas a tendência é, a meu ver, de agravamento e no fluxo cambial manterá a trajetória de déficit.
O mercado está erradamente criando expectativas muito altas. Mesmo que venha a se confirmar o impeachment, o que mudará em termos políticos e econômicos?
É um fato que este governo está a deriva e sem credibilidade, sua política econômica desajustada com a realidade atual do Brasil.
Mas nada garante que a mudança de governo é um sinônimo de mudança acertada de modelo econômico. Até porque perante um cenário, que não seja eleições antecipadas, quem possa vir a assumir a presidência estará sempre condicionado pelas eleições de 2018, pois as medidas que tiver que tomar vão ser impopulares. Os políticos sabem que estas medidas dificilmente ganham eleições.
Mas, além disso, como será a sua relação com o congresso ou base aliada?
São expectativas muito altas e, mesmo que se venha a confiramr a mudança de modelo econômico no caminho certo e seja possível aplicá-lo, o seu efeito só será sentido no médio e longo prazo.
No curto prazo, podemos talvez ter ganhos de credibilidade interna e externa, isto se houver mudança e o trabalho for bem feito.
O BC tem agido sobre brasas e vem dando uma boa resposta no mercado de câmbio. Susteve a alta do dólar e agora segura na baixa. Se bem que no meu entender esta cotação do dólar é a ideal a R$ 3,60, que fica próximo da média da banda de R$ 3,50 e R$ 3,75, quer para as exportações e para o alívio do cambio na inflação, apontando estes valores para 2017. Não pensava que atualmente estivesse nesse patamar assim como o Ibovespa acima dos 50.000 pontos.
É preciso ter muita cautela, expectativas muito altas oferecem riscos também muito altos, até porque o nível de incerteza econômica e política é muito elevado.
Vamos ver!