A Petrobras (BVMF:PETR4) roubou a cena ontem (23) no mercado financeiro, em meio a ruídos de interferência política. As ações ON e PN afundaram ao menos 6%, cada, acompanhando de forma mais acelerada o tombo nos preços do petróleo. Com isso, a estatal se desvalorizou em mais de R$ 30 bilhões em apenas um dia.
Porém, na semana passada, a Petrobras havia sido destaque no noticiário por cravar recordes, inclusive em termos de valor de mercado, acumulando valorização de mais de 10% no mês. Ou seja, embora haja um desconforto dos investidores quanto à aprovação de revisão no estatuto da empresa, a notícia foi o gatilho para realizar lucros.
Da mesma forma, a ausência de novidades na guerra no Oriente Médio, com a temida escalada do conflito não se materializando e Israel adiando a incursão terrestre em Gaza, abriu espaço para os mercados globais respirarem aliviados. A pausa no rali dos rendimentos (yields) dos títulos americanos (Treasuries) de longo prazo também ajudou.
Mercados dão tiro curto
Ainda assim, o Ibovespa acabou fechando em queda, seguindo as bolsas de Nova York, onde apenas o Nasdaq (NASDAQ:NDAQ) subiu, antes de balanços da Microsoft (BVMF:MSFT34) e Alphabet (BVMF:GOGL35) (dona do Google (NASDAQ:GOOGL)). Portanto, os ativos de risco ainda encontram dificuldades para recuperarem parte das perdas recentes.
Contudo, quando surge a oportunidade, os investidores não perdem a chance e colocam os ganhos no bolso. Trata-se de um movimento conhecido como “guerra de trincheira”, de tiro curto, em que os agentes ficam atentos e saem da defensiva para agir apenas quando o ambiente está propício.
Esse comportamento tende a permanecer enquanto não houver clareza no cenário, seja em relação às incertezas políticas ou quanto à narrativa de juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos. Até lá, fatores pontuais, como o noticiário corporativo, a agenda política ou o calendário econômico devem agitar os negócios.
Aliás, a terça-feira reserva dados de atividade na Zona do Euro, no Reino Unido e nos Estados Unidos, com a resiliência da economia americana se contrastando com a fragilidade europeia. Por aqui, a pauta em Brasília fica em destaque, diante da provável votação do projeto de taxação dos fundos exclusivo e offshore na Câmara.