- A gigante do streaming de vídeo deve divulgar uma queda de 30% no lucro por ação em seu balanço do 3º tri na terça-feira.
- A Netflix perdeu cerca de um milhão de assinantes no primeiro semestre de 2022.
- A queda de 60% em suas ações apagou mais de US$ 200 bilhões em valor de mercado.
Em uma semana repleta de balanços importantes nos EUA, os investidores darão especial atenção à Netflix (NASDAQ:NFLX) (BVMF:NFLX34), que está tentando retomar o aumento do número de assinantes, após o grande recuo registrado no primeiro semestre deste ano.
A gigante do streaming de vídeo deve divulgar uma queda de 30% no lucro por ação em seu balanço do 3º tri na terça-feira, após o fechamento do mercado, de acordo com a previsão consensual dos analistas. As vendas devem alcançar US$ 7,85 bilhões, em comparação com US$ 7,48 bilhões durante o mesmo período do ano passado.
Mas os investidores direcionarão seu foco em especial ao número de assinantes da companhia, que vem caindo desde o boom da pandemia encerrado no ano passado. A Netflix perdeu cerca de um milhão de assinantes no primeiro semestre de 2022, após a inflação atingir seu patamar mais alto em quatro décadas e as pessoas voltarem a realizar atividades ao ar livre com o fim das restrições da pandemia, o que acabou reduzindo a demanda por entretenimento em casa.
Fonte: InvestingPro+
A Netflix também foi afetada pelo crescimento da concorrência no setor de streaming: vários players de peso, como Walt Disney (NYSE:DIS) (BVMF:DISB34) e Amazon.com (NASDAQ:AMZN) (BVMF:AMZO34), entraram no jogo e abocanharam uma significativa participação de mercado.
Esses fatores acabaram impactando bastante a Netflix neste ano. Suas ações afundaram 60% neste ano, ficando entre os papéis de grande capitalização que tiveram o pior desempenho no setor de tecnologia. Essa profunda reversão apagou mais de US$ 200 bilhões em valor de mercado da companhia desde o pico de novembro e colocou um grande ponto de interrogação em suas perspectivas de crescimento.
Serviço com anúncios
Para enfrentar esses desafios, a Netflix, sediada em Los Gatos, Califórnia, lançará, em 3 de novembro, um serviço baseado em anúncios, cobrando uma mensalidade de US$ 7. Com isso, a empresa pretende atrair uma clientela mais sensível ao preço, a fim de impulsionar novamente seu crescimento.
O pacote de streaming mais em conta estreará nos EUA e em outros 11 países, incluindo Brasil, França e Japão. Serão veiculados de quatro a cinco minutos de comerciais por hora, e a qualidade de vídeo será menor do que a de segmentos mais caros.
O CEO Reed Hastings chegou originalmente a posicionar a Netflix como uma alternativa sem anúncios à TV a cabo. No entanto, em vista dos atuais desafios, o executivo mudou de opinião e agora diz que os comerciais são necessários para atrair clientes que acham o serviço caro. A Netflix já elevou várias vezes os preços e agora é um dos serviços de streaming mais caros do mercado.
O problema é que os negócios sem anúncios também devem registrar um aumento de concorrência, já que a Disney pretende lançar um serviço similar em 8 de dezembro. A Netflix também tem uma experiência limitada no mercado de anúncios digitais.
Apesar dessas dúvidas, a empresa ainda é o serviço de streaming mais popular por larga margem. Com 221 milhões de assinantes e uma enorme vantagem em relação à concorrência em praticamente todos os grandes mercados, a Netflix responde por cerca de 8% de toda a audiência televisiva dos EUA, maior do que qualquer outra rede, além de ter mais clientes no exterior do que Disney+, HBO Max, Paramount+ e Peacock juntos.
Fonte: Parrot Analytics, Bloomberg
A Evercore ISI recentemente elevou sua recomendação para as ações da Netflix, dizendo que Wall Street estava subvalorizando as oportunidades de crescimento que o serviço baseado em anúncios por gerar e sua iniciativa em relação ao compartilhamento de senhas.
A casa de análises também elevou o preço-alvo da companhia para US$ 300 por ação, 27% acima do fechamento de sexta-feira. Sua nota diz o seguinte: “Acreditamos que essas oportunidades, principalmente o serviço de anúncios, são boas iniciativas de crescimento, capazes de promover uma sensível reaceleração no crescimento da receita.”
“Não acreditamos que essas oportunidades estejam precificadas nas atuais estimativas de Wall Street ou no atual valor de mercado da NFLX. Por isso, decidimos elevar a recomendação da companhia”, prossegue a nota.
Conclusão
Apesar desse otimismo, a Netflix se tornou uma história do tipo “só acredito vendo”, após a maturação da sua fase inicial de crescimento. Para que seus papéis se recuperem com vigor a partir de agora, a empresa precisar provar que suas novas iniciativas estão contribuindo de forma decisiva para um crescimento saudável do faturamento, do lucro e dos fluxos de caixa livre. Até que isso aconteça, será difícil tentar prever um fundo para as ações da NFLX.
Aviso: No momento da publicação, o autor não tinha ações das empresas mencionadas neste artigo. As visões discutidas neste artigo correspondem exclusivamente à opinião do autor e não devem ser consideradas como uma recomendação de investimento.