Os mercados globais deixam de lado o recado do Federal Reserve na ata da reunião de janeiro, de que não irá agir tão rápido (nem tão cedo) em relação aos cortes nos juros dos Estados Unidos, e tem uma quinta-feira (22) de rali nos ativos de risco. O movimento é sustentado pelo balanço da Nvidia, divulgado ontem à noite.
As ações da principal expoente de Inteligência Artificial sobem cerca de 15% no pré-mercado em Nova York nesta manhã. Os resultados trimestrais confirmam o momento da atual quarta maior empresa do mundo e mostram que a IA veio para ficar, afastando os rumores quanto a um “ponto de inflexão” da IA, em meio aos alertas apocalípticos.
Com isso, os investidores ligam o modo risk on, o que alimenta alta das bolsas e commodities no exterior, além da queda do dólar. O destaque fica com o índice Nikkei 225, que atingiu novo recorde de alta, superando a máxima histórica até então, atingida durante a crise das décadas de 80 e 90 no Japão. O setor de tecnologia liderou os ganhos.
No Ocidente, as praças europeias amanheceram no azul, embaladas também pela melhora do índice composto de atividade na zona do euro, que subiu acima do esperado. A exceção fica com o minério de ferro, que caiu em Dalian pela terceira sessão seguida. Aliás, no fim do dia, a Vale (BVMF:VALE3) publica seus demonstrativos contábeis.
Mercado artificial
Pode-se dizer, então, que os mercados reagem de forma contundente às notícias positivas, enquanto relegam as mensagens de cautela. Afinal, o Fed não deixou nenhuma pista de que o ciclo de queda começa em junho; o velho continente segue em terreno contracionista e a bolsa japonesa está no pico porque o BC local (BoJ) se recusa a subir os juros.
A alta da véspera do Ibovespa também entra nessa lista. Tudo indicava que a bolsa brasileira iria fechar no vermelho, mas uma recuperação na reta final do pregão fez o principal índice acionário local reconquistar a marca dos 130 mil pontos. Por sua vez, o dólar oscilou para cima - por causa dos riscos locais, claro.
Apesar do cenário menos encorajador, com os juros nos EUA devendo cair, sim, em 2024, mas bem menos que o esperado, os investidores antecipam um desempenho positivo dos mercados aos cortes do Fed que estão por vir. De fato, isso pode se confirmar se o ciclo for acompanhado de queda da inflação e sem recessão. Do contrário, a alta atual é artificial.