O BC Ofertaria Dólar Efetivo Se o Cupom Cambial Voltar a Ficar Pressionado?

Publicado 05.07.2019, 07:30
Atualizado 09.07.2023, 07:32
USD/BRL
-

Os números do fluxo cambial da semana entre 24-28 trouxeram preocupação ao mercado e ao BC, e, foi um sinal que pode ter sido sinérgico à percepção de piora acerca das perspectivas para o 2º semestre, a partir das manifestações enfatizadas na Ata da mais recente reunião do COPOM e por manifestações subsequentes de membros do governo de que a tendência é de atividade estagnada, e esta ocorrência pode ter exercido decisões de detentores de passivos externos, causando forte pressão sobre o custo do cupom cambial que afetou fortemente o mercado à vista e a sua formação de preço.

Evidentemente, não há como reverter de imediato o eventual “desconforto” dos detentores de passivos externos ou que tenham aplicações no país e/ou estimular a atratividade para os indispensáveis investimentos do setor privado nacional e dos investidores estrangeiros, mas ficou o risco subjacente de que este quadro pudesse voltar a pressionar o custo do cupom cambial e dar sustentabilidade a movimento reversivo na taxa cambial que vinha em tendência de apreciação do real frente ao dólar.

A forma convencional do BC atuar tem sido a de ofertar contratos de swaps cambiais, o que não ocorre a já algum tempo limitando-se a autoridade a rolagem por ausência na demanda nova efetiva, porém este instrumento é clássico para oferta de “hedge” que impacta na taxa cambial formada no mercado futuro de dólar apreciando o real e irradia direta influência na taxa prevalecente no mercado à vista.

O que ocorreu recentemente, ante fluxo cambial insuficiente, o custo do cupom superou o “over Libor” e isto pressionou a taxa cambial do mercado à vista, num momento de baixa liquidez, o que levou o BC a ofertar linhas de financiamento em moeda estrangeira com recompra, mas esta ação é atenuante e dá suporte aos bancos que já tem posições vendidas (a descoberto) de US$ 30,0 Bi, mas ocorre que há neste momento efetiva evidência de insuficiência de fluxo cambial positivo para o país e baixa perspectiva de que ocorra recuperação no curtíssimo prazo.

Esta ocorrência evidenciada acabou por dar sustentabilidade ao preço da moeda americana no nosso mercado no entorno de R$ 3,85 com volatilidade, quando o viés antecedente era consistente de depreciação frente ao real tendente a conduzir o preço ao entorno de R$ 3,75.

Então, o mercado, agora, assumiu a percepção de que o BC pode inovar sua atuação, face à carência de fluxo cambial, e desta forma se perceber que o custo do cupom cambial for pressionado ofertará moeda efetiva (dólar) ao mercado à vista, num movimento firme e pontual mitigando a pressão e dando um “tiro certeiro” na pressão e contendo eventual retomada da especulação.

Confirmada esta alternativa, seria uma nova dinâmica na conduta do BC, e que aumenta o arsenal de instrumentos operacionais para conter distorções na formação do preço da moeda americana, já que claramente não há posicionamento contrário das autoridades monetárias à venda ao mercado de efetivas moedas das reservas cambiais.

Nos últimos meses o BC “assistiu” o movimento especulativo que foi promovido a partir do mercado futuro de dólar, sem adotar qualquer atitude já que tinha a clara percepção de que não havia demanda efetiva de “hedge” acima da provida pelas rolagens, mas agora notou um ponto efetivo de estrangulamento no mercado, queda da liquidez no mercado à vista afetando o mercado de cupom e provocando atipicidade na formação do preço.

Com a possibilidade, por enquanto imaginada pelo mercado, o BC contingencia a expectativa de alta do preço da moeda americana, assim como desestimula que movimento especulativo venha a ser retomado.

O efeito a partir desta ainda percepção foi imediato, e a formação do preço da moeda americana repercutiu de forma abrupta assumindo o viés de depreciação frente ao real.

Este é um fato pontual, que ordena o mercado cambial, mas pode não ter qualquer efeito de estímulo aos investidores nacionais e estrangeiros face às repercussões das projeções pouco estimulantes para o 2º semestre.

Ao investidor nacional ou estrangeiro o fator determinante e motivador é a perspectiva da retomada da atividade econômica, e como já salientado pelos membros do governo, depende de investimentos privados, já que o poder público não tem condições de prover investimentos. Como já salientado as projeções para este ano e, em especial, o 2º semestre pelo próprio governo não são estimulantes a investimentos.

Também, a despeito da concomitância que pode supor sinergia, o movimento de apreciação do real, neste momento, frente ao dólar no nosso entendimento pouco tem a ver com a tramitação da Reforma da Previdência, que como salientamos anteriormente é considerado como fato dado, e sabidamente melhora a sufocante crise fiscal do país, mas não restabelece sua capacidade de investimentos públicos.

Este novo contexto, se procedente, mitiga o risco de retomada de especulação na formação do preço da moeda americana, e sustenta o viés de depreciação frente ao real.

Últimos comentários

Carregando o próximo artigo...
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.