Não só somos imprecisos em avaliar a extensão dos nossos conhecimentos e habilidades como frequentemente superestimamos o quanto sabemos.
No final do século XX, os psicólogos sociais David Dunning e Justing Kruger, através de experiências realizadas com vários indivíduos, cunharam o termo MECANISMO DA ILUSÃO DE SUPERIORIDADE.
O estudo demonstrou que pessoas que possuem pouco conhecimento sobre um assunto acreditam saber mais que outras mais bem preparadas, fazendo com que tomem decisões erradas e cheguem a resultados indevidos.
Segundo os psicólogos, é a sua incompetência que as restringem da habilidade de reconhecer os próprios erros.
Em contra partida, pessoas com profundo conhecimento acerca de determinado tema costumam subestimar quão boas elas são, pois sua facilidade em executar tarefas, cria a falsa percepção de que elas “não poderiam ser são tão diferenciadas assim".
No universo dos investimentos, olhando para alguns digital financial influencers, ou coachings financeiros, podemos constatar a pujante presença desse fenômeno, principalmente nos dias de hoje.
Indivíduos sem formação básica em finanças ensinando como montar uma carteira de ativos bem sucedida, com base em técnicas aprendidas nas redes sociais.
Criaturas que fizeram um curso de 6h, à distância, afirmando qual será o comportamento de determinado ativo ou moeda, usando clichês e reverberando a falácia de gurus financeiros.
E piora, viu? Outro dia encontrei um canal no youtube feito por um garoto de 11 anos, indicando uma carteira de ações para buy and hold (mas antes, não se esqueça de deixar um joinha e se inscrever no canal).
Como disse Sebastião Nery, "o diabo é sábio não porque é diabo, mas pq é velho". E se há uma verdade no mundo dos investimentos é que a experiência vale infinitamente mais que a virtuosidade. Não por acaso, os maiores bilionários e os melhores gestores de capital são, no mínimo, sexagenários.
E ainda que jovem, porém competente, talentoso e ético, um profissional do mercado financeiro jamais sugeriria carteiras de forma tão irresponsável por questões não só regulatórias, mas fundamentalmente morais: sem conhecer o interlocutor é impossível aplicar um suitability (enquadramento de perfil).
Há profissionais excelentes no mercado, prontos para elaborar um portfólio adequado ao seu apetite/aversão ao risco. Como distingui-lo?
Comece avaliando o seu currículo. Confira se é certificado por algum órgão auto-regulador. Peça para ver seu track record - mas se ele não disser que os resultados passados não são garantia de retornos futuros, pode pular fora!
Resumindo, tome muito cuidado com os imbecis de Dunning-Kruger. Eles sabem tudo, entendem de tudo e estão muito mais presentes do que você imagina.