O fim do mundo está próximo! E não, não estou falando da profecia Maia de que o ano acabaria em 2012, são palavras de Daniel Schneider, Sócio da SPX Capital e um dos gestores que estão conseguindo se apropriar deste cenário para buscar ganhos financeiros. Claro que ele está usando uma figura de linguagem exagerada, mas o fato é que a Europa continua em uma situação extremamente delicada, alimentada por um imbróglio político que faz a economia andar a beira do precipício, trabalhando em medidas que são muito mais para evitar a queda do que para levar ao afastamento do perigo.
A tal ‘queda no precipício’ seria uma eventual ruptura, com a saída de algum país da zona do Euro e que provavelmente levaria a um efeito dominó. Este seria o cenário de ‘fim de mundo’, pois levaria (ainda mais) pânico aos mercados, agravando o problema de liquidez e tendo consequências inimagináveis à economia mundial.
Um segundo cenário e o mais provável na opinião do sócio da Quest Investimentos e ex-ministro, Sr. Luiz Carlos Mendonça de Barros, é a prolongação dessa situação de ‘sobrevida’ do euro. Este também não é nenhum cenário animador. Na opinião dele, e corroborado pela maioria dos gestores, a Europa está próxima de ter uma ‘década perdida’ tal e qual a América Latina nos ano 80 ou o Japão, também recentemente.
Esta crise já vem sendo anunciada desde 2008, sendo precificada nos mercados de bolsa de valores e fazendo parte do noticiário de economia. Mas foi nos últimos meses que ela chegou de fato ao mundo real, traduzindo-se em números e contaminando o crescimento global, com o próprio FMI revisando as projeções de PIB para baixo e obrigando os governos a achatarem ainda mais as taxas de juros.
Com o crescimento dos países de ‘primeiro mundo’ comprometido, a responsabilidade de ancorar o crescimento global tem sobrado para os ‘países em desenvolvimento’. E quando falamos nisso, falamos obviamente na China. Por lá, com um mundo recessivo, as exportações foram afetadas e a economia, antes voltada ao investimento público, começa agora a se voltar para o consumo interno. Também juros foram cortados e os números de crescimento revisados para baixo. Os EUA continuam sem grandes novidades, no estilo ‘devagar e sempre’, a expectativa gira em torno das eleições no fim do ano e de um possível QE3, uma medida de política monetária com objetivo de injetar dinheiro na economia e dar liquidez aos mercados.
O Brasil também não ficou de fora disto. Para nós, a grande novidade ficou por conta da taxa de juros SELIC que foi reduzida para 8% ao ano, atingindo o menor patamar da história. Com a inflação contida, a expectativa é que possa cair mais ainda, com apostas girando em torno de 7%. Falando em apostas, a atual diretoria do Banco Central (BC), ao contrário do que acontecia anteriormente quando era extremamente conservador, vem fazendo apostas (até então acertadas) e aproveitando muito bem esta janela de oportunidade para quebrar um paradigma e levar a uma mudança consistente de patamar de juros.
Outro indicador que parece ter mudado definitivamente de patamar é o dólar. Ao que tudo indica não veremos mais o dólar muito abaixo dos R$2,00. O que vimos nos últimos tempos foi um câmbio travado entre R$2,00 e R$2,10 e, considerando toda a conjuntura econômica mundial, acredita-se que, caso haja um rompimento desses patamares, o mais provável é que seja para cima. Com essa indefinição na economia (que reflete principalmente nos mercados de bolsa de valores) e com as taxas de juros em patamares historicamente baixos, as oportunidades de ganhos em investimentos se voltam especialmente aos fundos multimercados não correlacionados com qualquer índice e que buscam gerar retorno em qualquer situação. Boa parte deles vem performando e entregando resultados como se nada estivesse acontecendo no mundo. O ônus fica por conta do investidor que, mais do que nunca, deve repensar sua forma de investir escolher meticulosamente produtos e gestores capacitados à operar no meio dessa turbulência. Parafraseando um dos maiores gestores de recursos do Brasil – Luis Stuhlberger – há oportunidades de ganhar dinheiro independente de “um fim horroroso ou de um horror sem fim”.