O suitability em xeque: CVM revela as fissuras no seu escudo de investidor

Publicado 09.07.2025, 13:30

Você já parou para pensar se aquela promessa de proteção sobre seus investimentos é real? Depositamos nossa confiança em intermediários, plataformas e, claro, nas regras do mercado. Mas, e se a CVM, a maior autoridade que temos, viesse a público com um estudo profundo e revelasse que essa blindagem toda, na verdade, tem suas falhas e fragilidades?

Pois é, essa não é uma suposição. Essa é a dura realidade que a CVM apresenta em seu relatório sobre o processo de Análise do Perfil do Investidor, o famoso suitability. Não é apenas uma constatação fria, mas um diagnóstico oficial que exige que você, que confia seu futuro ao mercado, preste atenção e, quem sabe, mude sua postura.

O suitability foi criado com a nobre ideia de que você só investiria em produtos que realmente combinassem com seus objetivos e sua tolerância a riscos. Um verdadeiro alicerce para sua segurança. No entanto, a CVM mostra que essa base é bem menos sólida do que parecia. A conclusão central é direta: as regras do suitability demonstram uma "eficácia positiva, porém limitada, abaixo do seu nível potencial." É a própria CVM admitindo que, apesar da norma, ela não está protegendo você como deveria, citando "falhas operacionais" e "limitações de supervisão".

E o que é mais chocante no estudo é a confirmação do que muitos investidores já sentiam, mas não falavam: 52% deles consideram o questionário de perfil "pouco ou nada útil". A CVM resume: esse processo é visto "mais como um encargo do que como uma ferramenta de proteção". Já imaginou a frustração de preencher algo obrigatório que, no fundo, você não vê utilidade? Essa descrença é tão grande que 65% dos investidores "nunca" ou "raramente" levam seu perfil em consideração ao tomar decisões. Se a ferramenta principal de proteção é ignorada, algo está fundamentalmente errado.

A CVM vai ainda mais fundo, tocando em um ponto sensível: a relação entre você e seu assessor. O que esperar de uma parceria baseada na confiança? A CVM, com uma análise rigorosa, desmascara uma ilusão: 12% dos investidores reportaram ter sofrido influência de assessores para preencher ou mudar seu perfil de risco. Esse é um dado gravíssimo, que revela que seu perfil pode ter sido moldado para atender a interesses que não são os seus. A CVM é clara: problemas como conflito de interesses e assimetria de informações são a base de muitas fragilidades do sistema.

Essa disfunção se reflete na sua satisfação. A CVM é categórica: "a satisfação do investidor com a assessoria (...) tem percepção fortemente negativa." É um veredito pesado, vindo da autoridade máxima, que mostra o quanto a confiança na assessoria está abalada.

Por último, a CVM desmistifica o famoso "Termo de Ciência de Desenquadramento e Risco", aquele papel que muitos assinam sem ler. A crença é que ele serve para te proteger. A conclusão da CVM, no entanto, é fria e cirúrgica: esses termos servem "mais como uma ferramenta de proteção jurídica dos intermediários do que como uma ferramenta de orientação e educação aos investidores." É uma das revelações mais contundentes: o que parece transparência, na verdade, transfere responsabilidade para você. Você assina, sim, mas o escudo, a blindagem, é para o intermediário, protegendo-o de futuras reclamações, mesmo que você não tenha compreendido o risco de verdade. O exemplo dos COEs (Certificados de Operações Estruturadas), com as inúmeras reclamações por falta de entendimento, prova essa dinâmica.

As conclusões da CVM não são apenas dados; são um convite para você parar, refletir e mudar a rota. Elas validam a intuição de muitos que, às vezes, se sentem perdidos. A verdade está exposta. Agora, a exigência é de proatividade. Você não pode mais depender cegamente de um sistema que, segundo o próprio regulador, tem fragilidades tão evidentes. É neste cenário de nova consciência que você, investidor, precisa se acautelar, buscando todo o suporte e informação para proteger seus interesses.

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