Ultimamente, tenho conversado com gestores de investimentos e economistas e muitos estão incomodados com a calmaria do mercado, afinal, nos acostumamos com tanta volatilidade nos últimos dois anos que quando há calmaria por um longo período, parece que há algo errado.
Falando em volatilidade, de fato, o índice VIX, conhecido como o "índice do medo", está próximo dos patamares pré-pandemia e, desde maio, segue em queda, mesmo diante das incertezas quanto ao caminho de política monetária do banco central americano, o Fed.
Neste cenário, ontem, o Fomc, o comitê de política monetária do Fed, deixou clara sua intenção de combate à inflação através do aumento dos juros, porém, ficou aberta a intenção de subi-los em doses mais brandas, com o intuito de manter a economia aquecida.
Diante disso, parece factível que a economia americana possa sobreviver com uma taxa de inflação mais elevada ao longo do tempo desde que o pleno emprego seja mantido, ou seja, um cenário que o mercado gosta muito, o previsível.
Não querendo jogar água no chope, mas com o pragmatismo falando mais alto, concordo com as preocupações de alguns agentes do mercado. Os efeitos geopolíticos entre Rússia e Ucrânia e, recentemente, o enaltecimento da crise em Taiwan, podem continuar com desdobramentos que atingirão todos os países no curto prazo, como a volatilidade no preço das commodities e na quebra na cadeia de semicondutores, resultado em um período turbulento quando o assunto é inflação.
Por fim, ter previsibilidade é melhor e custa menos. Imagina se soubéssemos que a probabilidade de ter o carro roubado é quase nula? Certamente, não faríamos o seguro. Mas pense que a volatilidade do mercado é como uma frequência cardíaca normal: ao longo do tempo, a oscilação é positiva e até saudável.