Os Cortes de Juros São Realmente Bons para as Ações?

Publicado 13.06.2019, 10:36
US500
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Os bancos centrais mais importantes e acompanhados do mundo – o Banco Central Europeu (BCE) e o Federal Reserve, dos EUA – estão falando abertamente em cortar as taxas de juros, o que tem feito os mercados regionais e globais dispararem de forma antecipada. De fato, até mesmo o comentário mais benigno das autoridades do Fed tende a ganhar as manchetes e geralmente impulsiona os mercados para cima ou para baixo logo em seguida.

O senso comum há muito tempo diz que cortes de juros são bons para as ações. Mas será que isso é mesmo verdade? Um corte de juros pelo Fed tem impacto positivo nos mercados após um período de elevação? Analisando o desempenho dos mercados nos últimos 30 anos perto do momento em que houve um corte de juros, podemos tirar três conclusões

Resultados do Corte de Juros do Fed (1989-2007)

1. De 1989 a 2007, cada corte de juros era precedido de uma forte performance do mercado acionário, assim que o Fed telegrafava o próximo evento. Em média, o S&P 500 se valorizou 3,5% antes da efetivação do corte. Esse desempenho é quase cinco vezes maior do que a média mensal do índice, que é de 0,74%.

Evidentemente, isso reflete o cenário em que um corte de juros não é um evento inesperado. O Fed não quer criar volatilidade surpreendendo os mercados, por isso ele telegrafa a redução dos juros muito tempo antes de o corte realmente acontecer. De fato, um mês antes da reunião do Fed é o momento perfeito para divulgar o movimento, como fica evidente pelo desempenho do mercado – os investidores claramente entendem a mensagem e precificam o corte muito antes de ele acontecer.

Estamos vendo justamente esse cenário neste momento. Na semana passada, Powell afirmou que o Fed “atuará como for apropriado”, sinalizando que os juros devem cair. Atualmente, o consenso diz que há uma chance de 69% de o Fed cortar os juros em sua reunião de julho. No mês passado, essa expectativa era de apenas 20%.

Embora a próxima reunião esteja marcada para 19 de junho, ainda é cedo demais para que a decisão sobre a taxa de juros seja tomada, principalmente porque o Fed não teve tempo suficiente para comunicar adequadamente o evento, como é de praxe. Mesmo assim, a narrativa do mercado diz que podemos estar nos aproximando do primeiro corte de juros em uma década, já que o último foi em 16 de dezembro de 2008.

2. O corte de juros realmente ajuda a estabilizar mercados em queda no curto prazo. Em 1998, 2001 e 2007, o desempenho do S&P 500 nos três meses anteriores ao corte de juros era negativo. O anúncio e depois a efetivação de um corte fizeram com que os meses próximos à redução fossem positivos para o índice, e o evento também ajudou a acalmar os mercados que, à época, estavam turbulentos.

3. Os cortes, no entanto, não são um remédio mágico para uma economia em frangalhos. Como se evidencia no desempenho do mercado depois de três meses e até mesmo um ano, as taxas mais baixas não necessariamente conseguiram sustentar as ações no longo prazo. Em 2001 e 2007, as taxas menores não foram capazes de evitar os crashes subsequentes do mercado. Não é possível dizer que os cortes tenham mitigado as quedas, mas claramente não as evitaram. No longo prazo, os cortes de juros não garantem um forte desempenho das bolsas de valores.

Corte de Juros do Fed (1987-2019)

A probabilidade de um corte de juros pelo Fed está aumentando. O mercado já precificou esse fato. Outras manifestações criarão uma janela de forte desempenho em julho.

Mesmo assim, sempre é preciso ter cautela.As taxas de juros excepcionalmente baixas da última década nos fizeram entrar em um território desconhecido, com pouca perspectiva macro e histórica para orientação.

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