Semana agitada, para não fugir à regra. Na segunda-feira tivemos a prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, acusado de atrapalhar as investigações relacionadas a uma das etapas da operação Lava Jato. Também na segunda, ocorreram as prisões de empresários do setor de transportes no Rio de Janeiro, acusados de facilitarem propinas para o ex-governador Sergio Cabral, no montante de R$ 125 milhões.
A semana iniciou trazendo uma boa notícia, no front econômico: A balança comercial de junho mostrou as exportações superando as importações em mais de U$ 7 bilhões. No 1º semestre de 2017, a balança comercial está superavitária em mais de U$ 30 bilhões, o melhor resultado em quase duas décadas. Para encerrar, na sexta o IBGE publicou o IPCA, de junho, apresentando deflação de 0,23%, a primeira em 11 anos.
Na terça-feira tivemos mais um ótimo número da economia. A produção industrial de maio cresceu 0,8% em relação ao mês anterior e 4% em relação ao mesmo período do ano passado, com destaques para bens de capital e automóveis.
Lá fora, no feriado de independência dos EUA, o governo da Coréia do Norte lançou novo míssil, agora intercontinental, o que provocou reação dura do presidente Donald Trump, afirmando que não aceitará passivamente o desenvolvimento de arsenal nuclear na península da Coreia e que o comportamento do líder coreano trará consequências. Trump irá se encontrar com o líder russo, Vladimir Putin, na sexta-feira, para um diálogo bilateral recheado de diferenças, notadamente Síria e Ucrânia. Antes de ir para a Alemanha, em evento na Polônia, alfinetou Putin, dizendo que há indícios de que a Rússia tenha influenciado na eleição americana do ano passado e, surpreendentemente, afirmou que muitos estão ficando ricos com o mercado de ações, à exceção dele.
Com a questão política dominando o cenário doméstico, os advogados do presidente Michel Temer entregaram, na quarta-feira, na Câmara dos Deputados, a defesa do presidente em relação à denúncia, feita pelo MPF, que o acusa de corrupção passiva. A principal linha dos advogados é de que a gravação, feita pelo empresário Joesley Batista, da JBS (SA:JBSS3), é duvidosa e que a denúncia é capenga. Também na seara política, a PGR pediu abertura de inquérito contra o Senador tucano, José Serra.
No tocante ao imbróglio envolvendo Temer, foi escolhido para relatar a peça acusatória contra o presidente, junto à CCJ, o deputado Sergio Zveiter, do PMDB-RJ, que se diz um parlamentar independente. Lembremo-nos que, teoricamente, o Congresso entra em recesso dia 18 de julho. Se não for suspenso, corre-se o risco do processo contra o presidente só ser votado em agosto.
Por falar no presidente, na quinta-feira Temer viajou para a Alemanha para a reunião dos chefes de estado do G20. Em Hamburgo, afirmou que estamos superando uma das mais graves crises econômicas da história. “Não há crise”, disse o presidente.
Por aqui, no entanto, o clima continua adverso contra ele, com notícias sobre possíveis novas delações que poderiam atingi-lo, caso, agora, do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. O próprio atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (visto como aliado), afirmou, em viagem a Argentina, que a denúncia contra o mandatário do país é grave. O senador Tasso Jereissati, presidente interino do PSDB, já admite que a troca de Temer por Maia traria mais governabilidade ao país.
Nos mercados financeiros, destaque absoluto essa semana para ações da Eletrobras (SA:ELET3), com renovadas especulações de que o governo pretende acelerar o processo de privatizações no setor elétrico. As ações preferenciais da estatal, na quinta-feira, dispararam 16%.
Na quinta-feira, o Ibovespa encerrou em baixa de 1,08%, a 62.470 pontos, enquanto o dólar comercial fechou estável a R$ 3,306.
Obrigada, bom fim de semana e até o próximo Panorama Semanal.
*Dados atualizados até o dia 07/07, às 9h.