As eleições, enfim, se encerraram. Ainda que muita discussão em torno do tema ainda esteja ocorrendo, ninguém duvida que o Brasil precisará fazer algumas lições de casa em 2023. Vale ressaltar que mesmo com o presidente Jair Bolsonaro (PL) eleito precisaríamos de tais ajustes. É sobre isso que eu gostaria de falar no artigo de hoje.
Ao conversar com gestores da Faria Lima, mesmo antes do período eleitoral, ficou clara a necessidade de o Brasil fazer algumas correções na rota a fim de não jogar a economia em um caos completo.
Quando olhamos para desonerações feitas especialmente no ICMS dos combustíveis e os aumentos prometidos, seja para o funcionalismo ou para programas sociais, o aumento de gastos chega na casa de R$100 bilhões de acordo com algumas estimativas.
Este é um aumento de gastos considerável e a sinalização do novo governo de retirar esta âncora fiscal é algo que preocupa. Uma das alternativas defendidas por economistas é o retorno ao regime de metas superavitárias críveis e confiáveis.
É esperar para ver, porém, com a consciência de que precisamos apertar as contas públicas com um esforço de 1,5% a 2% do PIB para que não vejamos uma escalada do dólar, fuga de investidores e cadeias produtivas inteiras quebrarem.
Uma parte desse ajuste acontecerá via impostos. Alguns gestores acreditam no avanço da agenda de tributação sobre lucros e dividendos, há tanto tempo discutida.
Porém, é importante lembrar que vivemos em um cenário de redução da atividade global e há uma tendência de que o PIB, quando crescer, cresça a um ritmo menor que antes.
Isso não só no Brasil, mas também no mundo. A China, por exemplo, que chegou a crescer dois dígitos em alguns momentos nas últimas décadas, caminha para encerrar o ano de 2022 com um crescimento na casa de 4%, bem abaixo dos 8% vistos em 2021.
Nos EUA e na Europa, a guerra entre Rússia e Ucrânia tem prejudicado a atuação dos bancos centrais na redução da inflação. Com isso, as elevações nos juros têm sido recorrentes nos últimos meses e as projeções do mercado seguem sendo revisadas para cima.
Quando isso ocorre, os países acabam gastando mais dinheiro para honrar suas respectivas dívidas e diminuem o crescimento.
Com menos atividade, serão gerados menos impostos. No Brasil, ainda que o Banco Central tenha antecipado o movimento de elevação da taxa Selic, novos aumentos podem ocorrer mesmo em um momento de final de ciclo.
Contudo, a boa notícia é que os economistas explicam que, para que isso ocorra, de fato precisaremos ver choques inflacionários bastante fortes na economia brasileira.
Do lado do investidor, fica a boa e velha dica da diversificação da carteira. Nesse momento é importante olhar para fora do país a fim de evitar 100% de exposição ao mercado brasileiros.
Por fim, vale dizer que em tempos de crise podemos sim nos machucar com o mercado, mas também são nesses períodos que as oportunidades aparecem.
Bons negócios!