As incertezas sobre o Auxílio Brasil guiaram os mercados ao longo desta quarta-feira e nem o anúncio à tarde serviu para amenizar o quadro. Isso porque não foi explicado de onde devem vir os recursos para bancarem os R$ 400 deste auxílio. Ao fim do pregão, Paulo Guedes falou que parte dos recursos são transitórios e não descartou um waiver, para não cumprir o teto e adotar o programa social.
Isso tudo acabou afetando o mercado de DI, em volatilidade, no futuro com as taxas médias e longas em boa inclinação, embora distante do pico de 10 pontos ocorrido ao longo do dia. Por outro lado, bolsa de valores e dólar operaram em “leve otimismo”, depois da queda do dia anterior, refletindo o exterior. O Ibovespa flertou com os 112 mil pontos, para fechar o dia a 110.786 pontos (+0,10%) e o dólar, em queda de 0,59%, a R$ 5,5608. No exterior, o Livro Bege veio moderado, deixado de lado pelos bons resultados corporativos em foco. O Dow Jones avançou 0,43% e o S&P 500 0,37%.
Nesta quinta-feira, estejamos atentos aos indicadores externos, como os Indicadores Antecedentes da Economia Americana, pelo Conference Board, o Índice de Atividade Industrial do Fed da Filadelfia, Vendas de Casas Usadas e os pedidos de seguro desemprego nos EUA. No Brasil, a repercussão do anúncio do Auxílio Brasil e as negociações em torno da PEC dos precatórios devem chamar atenção.
Sobre o Auxílio Brasil, o ministro da Cidadania, João Roma anunciou o Auxílio Brasil de R$ 400, mas com o uso de Auxílio Emergencial temporário para complementar o valor total. Este auxílio começa a ser pago em novembro. Em complemento, Paulo Guedes estuda antecipar a revisão do teto para 2026, para tentar obter recursos permanentes a este subsídio social. Outra alternativa é pedir um waiver, uma licença, para gastar cerca de R$ 30 bilhões com “camadas temporárias de proteção”. O Instituto Fiscal Independente do Senado, na liderança de Felipe Salto, já se mostra preocupado com isso, por achar que toda esta “engenharia fiscal” deve abalar a regra fiscal sobre o teto dos gastos.
O que é fato
Ao autorizar o Auxílio Brasil, governo reconhece que terá que dar um drible no teto dos gastos, mas sempre pensando nas suas chances políticas para 2022, cada vez mais duvidosas.
Em paralelo, temos o relatório final da CPI da Covid, embora não reconhecendo Bolsonaro como genocida, mas colocando-o como incompetente na gestão da pandemia, adiando na compra de vacinas, até chamando-o de charlatão. Outros foram inclusos. Agora, o relatório será votado pela comissão, depois indo para as autoridades judiciárias tomarem as devidas providências.
Neste clima, o governo busca a aprovação de um crédito suplementar de R$ 93,4 bilhões para este ano, não mais R$ 164 bilhões como antes aventado. Esta liberação de recursos é necessária para o pagamento de despesas neste ano, sem o descumprimento da regra de ouro, que proíbe endividamento da União.
No mercado cambial, o Bacen segue realizando swaps extras de rolagem. Nesta quinta-feira realiza um leilão de 15.000 contratos de swap (US$ 750 milhões) em rolagem das 11h30 às 11h40. Em paralelo, o que se tem é que na próxima reunião do Copom, a Selic deve ser elevada em mais de 1 ponto percentual, talvez 1,25 ponto, diante das turbulências políticas. Nos futuros, já há apostas de Selic acima de 10% ao fim deste ano e no transcorrer do próximo. Tudo para ancorar as expectativas e trazer a inflação para próxima do centro da meta de inflação.
No Senado, sobre o projeto de alteração de cobrança do ICMS, nos preços dos combustíveis, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco quer liberar os Estados de definirem suas próprias políticas de alíquotas para o imposto. Propõem também alterar as datas de referência da proposta aprovada na Câmara para evitar perdas aos cofres estaduais. Pelo que foi aprovado na Câmara, o ICMS terá como referência os preços praticados no mercado em 24 meses, entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020, quando o combustível estava mais barato. Os estados calculam suas perdas em receita em torno de R$ 32 bilhões por ano, diante deste cálculo. O presidente do Senado propõe que a data seja alterada para o período de 2020 a 2021.
Na China, a expectativa é de que a China Evergrande Group (HK:3333) (OTC:EGRNY) entre em default nesta quinta-feira. Ontem, as ações da empresa recuaram 13%, depois do anúncio do fracasso da venda de participação de US$ 2,6 bilhões.
Indicadores
Sobre o Livro Bege, do Fed, tem-se que: o emprego cresceu em ritmo modesto e moderado nas últimas semanas; a atividade, na maioria dos distritos, também cresceu de forma modesta; diversos distritos tiveram desaceleração de atividade; a demanda por trabalhadores é alta, mas há baixa oferta. Neste caso, tem-se que muitos estão preferindo se manter com o auxílio dado pelo governo Biden. Gargalos na cadeia produtiva, escassez de empregos e variante Delta, seguram o crescimento. Há melhora de consumo na maioria dos estados, menos por carros. Maioria dos distritos reportou aumento de preços. Demanda por empréstimos e atividade imobiliária se mantiveram estáveis, com este mercado ainda saudável. Preços de insumos, como aço, componentes eletrônicos e fretes, estão em forte alta. Empresas em fortes vendas estão mais propensas em repassar custos.
Mercados
No Brasil, o Ibovespa fechou quarta-feira (dia 20) em leve alta de 0,10%, a 110.786. Já o dólar encerrou o dia em queda de 0,59%, a R$ 5,5608, pela melhoria no ambiente externo, com os balanços corporativos nos EUA.
Na madrugada do dia 21/10, na Europa (04h05), os mercados futuros operavam com perdas: DAX (Alemanha) recuando 0,63%, a 15.425 pontos; FTSE 100 (Reino Unido), -0,56%, a 7.182 pontos; CAC 40 -0,58%, a 6.667 pontos, e Euro Stoxx 50 -0,64%, a 4.145 pontos.
Na madrugada do dia 21/10, na Ásia (05h05), os mercados operaram em maioria, em queda: S&P/ASX (Austrália), +0,02%, a 7.415 pontos; Nikkei (Japão) -1,87%, a 28.708 pontos; KOSPI (Coréia), -0,19%, a 3.007 pontos; Shanghai Composite +0,22%, a 3.594, e Hang Seng, -0,47%, a 26.012 pontos.
No futuro nos EUA, as bolsas de NY operavam em queda neste dia 21/10 (05h05): Dow Jones recuando 0,23%, a 35.394 pontos, S&P 500, -0,22%, a 4.518 pontos, e Nasdaq 100 -0,27%, a 15.347 pontos. No VIX S&P500, 19,57 pontos, avançando 1,32%. No mercado de Treasuries, US 2Y avançando 6,61%, a 0,3998, US 10Y +1,22%, a 1,655 e US 30Y, +0,59%, a 2,124. No DXY, o dólar +0,14%, a 93,662, e risco país, CDS 5 ANOS, a 207,4 pontos. Petróleo WTI, a US$ 82,88 (-0,65%) e Petróleo Brent US$ 85,06 (-0,89%). Gás Natural em recuo de 0,83%, a US$ 5,13 e Minério de Ferro, +8,70%, a US$ 650,00.
Na agenda desta quintaA (21), destaque para o Indicador de Clima do Consumidor Gfk da Alemanha, Indicadores Antecedentes da Economia Americana, pelo Conference Board, pedidos de seguro desemprego, índice de atividade Industrial do Fed da Filadélfia e vendas de casas nos EUA. No Brasil, talvez a arrecadação federal de setembro, divulgada pela Receita Federal, e no Congresso, discussões em torno da PEC dos precatórios (a partir da tarde). Debate sobre o Auxílio Brasil deve continuar na agenda.