Garanta 40% de desconto
💎 WSM subiu +52.1% desde que foi selecionada por nossa estratégia de IA em dezembro. Acesse todas as açõesAssine agora

Por que a crise bancária americana de 2008 não é como a de 2023?

Publicado 14.03.2023, 12:52
Atualizado 02.09.2020, 03:05
  • Quebra do SVB (NASDAQ:SIVB) se deve à alta de juros e a problemas de liquidez;
  • Apesar da falência, a situação atual é diferente da vivida em 2008, diante da menor alavancagem dos bancos, dos investimentos mais seguros e do suporte do Fed.
  • Isso garante que a crise de um banco não se torne um risco sistêmico.

Na análise de hoje, como é possível depreender do título, tentarei explicar, da forma mais simples possível, porque a crise do subprime e a falência do Lehman em 2008 são bastante diferentes do atual imbróglio envolvendo o SVB Financial Group.

Por que o SVB quebrou?

No período pós-pandemia (fim de 2020 e 2021 em termos de mercado), a liquidez fluía sem muitas amarras, graças aos programas de estímulo dos governos e às políticas extremamente acomodatícias dos bancos centrais. Os preços dos ativos tendem a inflar (e vice-versa) quando há tanta liquidez disponível.

Portanto, um banco como o SVB, que tinha as startups do Vale do Silício como seus principais clientes, recebeu uma inundação de recursos, principalmente na forma de depósitos dos seus clientes. Esse dinheiro representa um passivo para o banco, afinal, o dinheiro pertence aos clientes. O que o banco fez com esse dinheiro?

Ele o investiu em títulos do governo dos EUA, um dos investimentos mais seguros do mundo. Como os juros naquela época eram muito baixos, o dinheiro dos clientes não rendia nada ao ficar depositado no banco.

Por outro lado, o SVB, ao investir esses recursos justamente nos papéis do governo americano, poderia ter um retorno de mais de 1%.

Mas qual foi o problema? A partir de 2022, o banco central dos EUA (o Fed) deu início a uma das mais rápidas e vigorosas elevações de juros da história para combater a inflação, fazendo as taxas saírem de 0,25% para 4,75% em apenas um ano.

Juros nos EUA

Como investidor, se eu tenho um título de 10 anos do Tesouro americano na carteira, adquirido em 2021 com um rendimento de 1,5%, por exemplo; após a recente alta de juros, títulos com o mesmo vencimento e as mesmas características passaram a render mais do que o dobro daquele papel, provocando uma desvalorização do seu preço.

Treasury de 10 anos

Foi justamente isso o que aconteceu com os investimentos do SVB, cujos ativos tiveram uma desvalorização de 20-30%.

Agora, em uma situação normal, não seria algo estranho, já que esses títulos governamentais (ativos com “praticamente” nenhum risco) são classificados no balanço dos bancos como “mantidos até o vencimento”.

Isso significa que, depois de adquiridos, se os preços caírem, nenhuma perda real apareceria nos balanços, porque se considera que o banco manterá esse investimento até o vencimento, o que elimina o efeito da marcação a mercado.

Então qual foi o estopim de toda a situação? Como sempre, o problema de liquidez...

Saímos de uma situação em que montanhas de dinheiro circulavam sem praticamente nenhum custo para um ambiente de escassez e alto custo de capital. Muitas startups, principalmente as que não estavam ganhando dinheiro, se viram na necessidade de levantar recursos nesse novo ambiente, e o que fizeram? Simples: elas foram até o banco para pegá-lo.

E aqui vem outro problema, o da reserva fracionária. Quando um banco recebe um depósito de US$ 100, a lei exige que ele mantenha apenas uma pequena fração desse valor imediatamente disponível.

Neste momento, os bancos têm cerca de US$ 3 trilhões em caixa para US$ 17,6 trilhões em depósitos. Mas a maior parte desse dinheiro é apenas uma página da web com uma quantia escrita nela. Na verdade, apenas cerca de US$ 100 bilhões (0,1 trilhão) são mantidos pelos bancos na forma de notas físicas em cofres e caixas eletrônicos. Assim, os US$ 17,6 trilhões em depósitos são respaldados por apenas US$ 3 trilhões em dinheiro, dos quais talvez US$ 0,1 trilhão é dinheiro físico. O restante é lastreado por títulos e empréstimos menos líquidos.

Dessa forma, quando as pessoas correm para o banco para resgatar seu dinheiro, a instituição precisa vender seus investimentos, como fez o SVB, que liquidou muitos de seus títulos do governo americano, com uma perda de cerca de US$ 2 bilhões. Como não tinha muita liquidez, tentou levantar mais dinheiro, o que causou uma corrida pelos depósitos e, como a demanda por dinheiro aumentou ainda mais, tudo foi pelos ares.

Por que 2023 não é 2008

São várias as diferenças entre um período e outro.

Em 2008, os bancos tinham US$ 23 de passivos na forma de depósitos para cada US$ 1 de liquidez, um nível absurdo de alavancagem. Atualmente, após a tragédia financeira, a relação é de 5x ou 6x.

Em 2008, os bancos como um todo também tinham problemas de crédito e não estavam investindo em títulos do Tesouro dos EUA (como agora), mas (para citar um filme famoso) em "cocô de cachorro embrulhado em cocô de gato".

Este gráfico mostra as reservas de caixa e títulos do Tesouro dos bancos (os ativos mais seguros em termos de risco de crédito) como uma porcentagem do total de ativos bancários:

Caixa e treasuries como % dos ativos dos bancos

Quando você junta tudo e considera a intervenção oportuna do Fed para fornecer liquidez aos bancos quando necessário, a situação é muito diferente.

Depois da histeria, surgiram boas oportunidades de compra no setor.

***

Aviso: Este artigo foi escrito apenas com fins informativos e não constitui qualquer solicitação, oferta, conselho ou recomendação de investimento, não tendo por objetivo incentivar a compra de ativos de nenhuma forma. Cabe lembrar que qualquer tipo de ativo é avaliado a partir de diversos pontos de vista e possui riscos; por isso, a decisão de investir e o risco associado são de sua inteira responsabilidade.

 

Últimos comentários

America está colhendo os frutos da desgraça que cousou no mundo colocando Páises debaixo de seus pés imprimindo toda quantiade de dinheiro que desejava ao seu  bel prazer  em berço esplendido assistindo de camarote os seus escravos trabalharem pra eles. tudo que queriam era só ligar a impresora e fabricar seus doloresl imagina o Brasil ou qualquer Pais com uma máquina dessa, muito facil ficar rico. Mas a conta chegou, o mundo tem  $ trilhoes e trilhoes de papel verde espalhados assim como saiu agora esse dinheiro está voltando causando uma hiperinflaçã monstruosa. tem que subir juros para controlar, mas quanto mais sobe juros, mais dolares volta mercado interno, que gera mais inflaçao, mais juros e mais inflação, roda sem fim. AMERICA VAI FALIR.
America faliu, essa é a realidade. não tem como jogar as dividas por baixo tapete
Biden já teve seus dias de glória, e seu auge como administrador, já passou. Perdeu a noção de como se deve governar a maior potência mundial. É hora de um novo governo assumir a maior responsabilidade do mundo.
É o mesmo motivo só que com roupagem diferente, tanto que o as no comando da empresa já havia estourando nos dotcom e em 2008... FED virou ONG
Conclusão, efeito da má gestão Powell e do desgoverno Biden.
Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.