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No mercado financeiro, é comum a divisão, e muitas vezes o embate feroz, entre “trader” e “investidor”, como se fossem dois mundos opostos.
O investidor, focado na montagem de posições de longo prazo, busca ativos sólidos, com bons fundamentos, e entra no capital de empresas com a intenção de ser sócio, colhendo frutos no futuro. O trader, por sua vez, atua de forma mais especulativa, preocupado exclusivamente com a movimentação de preços no curto ou médio prazo.
A grande verdade é que essa separação rígida não reflete como os grandes participantes realmente atuam no mercado. Na prática, institucionais e fundos combinam as duas abordagens: mantêm posições estruturadas para o longo prazo, baseadas em uma visão macroeconômica robusta, mas também executam operações táticas e especulativas para proteger capital, equilibrar risco, melhorar indicadores de performance (como o Sharpe) e capturar oportunidades pontuais.
Ego ou lucro?
No mercado, deveríamos ter apenas uma preocupação: fazer dinheiro. No entanto, muitos preferem “estar certos”. Estar certo é mais reconfortante para o ego do que admitir um erro, mas também é mais perigoso.
Como dizia Warren Buffett: “O mercado é um dispositivo para transferir dinheiro dos impacientes para os pacientes”. Podemos acrescentar: também transfere dinheiro de quem quer provar um ponto para quem quer, de fato, lucrar.
O ego pode levar um investidor a manter posições perdedoras apenas para não “dar o braço a torcer” ou a ignorar oportunidades contrárias à sua visão inicial. E isso, no longo prazo, custa caro.
Então eu te pergunto: você prefere estar certo ou ganhar dinheiro? Se prefere estar certo, pode parar por aqui. Mas se quer realmente ganhar dinheiro, é hora de pensar diferente. Que tal começar a enxergar o mercado como um institucional, entendendo que decisões pontuais podem mudar não apenas o resultado de uma operação, mas a performance de todo o seu portfólio?
Proteção da carteira (Hedge)
Em determinados cenários, proteger uma carteira é tão importante quanto buscar lucros. Um investidor com posição relevante em ações pode, por exemplo, utilizar contratos futuros ou opções para se proteger contra quedas abruptas do mercado.
Imagine que você tem uma carteira de ações e, diante de sinais de deterioração no cenário global, acredita que o mercado de ações pode cair no próximo mês. Uma estratégia seria vender contratos futuros de um índice de ações. Assim, caso o mercado caia, o lucro obtido nessa venda compensaria parte (ou toda) a perda das ações da sua carteira.
Aproveitar ciclos e volatilidade
Os mercados se movem em ciclos e, mesmo dentro de uma tendência de alta, há correções e momentos de sobrecompra. Um investidor atento pode se aproveitar disso.
Por exemplo, durante um ciclo de alta prolongado, ações de empresas sólidas podem sofrer quedas temporárias por conta da realização de lucros. Nesses momentos, é possível adotar uma estratégia de Long-Short: manter a posição comprada (long) nas ações que você acredita no longo prazo, mas abrir uma posição vendida (short) em um ativo correlacionado, como um ETF setorial ou ações de concorrentes, para se beneficiar de movimentos de correção no curto prazo. Assim, você protege parte dos ganhos e até gera lucro adicional sem mudar sua visão de longo prazo sobre a empresa.
Alocação dinâmica
Fundos institucionais raramente mantêm a exposição setorial por longos períodos. Eles ajustam posições conforme o cenário macro, indicadores setoriais e microestruturas de mercado.
Um exemplo: após um ciclo de forte valorização no setor de tecnologia, é comum o capital migrar para setores mais defensivos, como energia ou saúde, buscando estabilidade e dividendos. Um investidor atento a esse fluxo pode reduzir parte da exposição em tecnologia, comprar ações descontadas nesses setores defensivos e, assim, capturar ganhos no movimento de rotação setorial.
O investidor que pensa como institucional
Mesmo sem operar todos os dias, o investidor pode, e deve, incorporar essa mentalidade institucional. Isso significa: monitorar fatores macro e microeconômicos, ter disciplina na gestão de risco e usar operações especulativas de forma planejada e com objetivos claros.
Não se trata de virar um trader em tempo integral, mas de entender que investir e especular podem ser complementares, desde que alinhados a um plano maior.
Conclusão
Isso, sim, é pensar e operar como um institucional. Operações especulativas, quando usadas com estratégia, ampliam a capacidade do investidor de proteger patrimônio, aproveitar oportunidades e otimizar resultados.
O mercado não perdoa a rigidez, e quem aprende a combinar visão de longo prazo com ações táticas de curto prazo está sempre um passo à frente.