Temporada de previsões
Está aberta a temporada de previsões para o Ibovespa.
Em quanto o índice vai fechar 2016? E ano que vem? Respiramos fundo e respondemos: não sabemos!
Não fazemos previsões, nem sentimos necessidade de fazer. Ironicamente, quando os resultados vêm, há quem pense que somos bons em antever o futuro.
Então prevemos que as previsões estão erradas — e não vale dizer que é 10 por cento acima ou abaixo do nível atual — e que a maioria não estará adequadamente preparada para isso.
Preparemo-nos nós então. É a essência do jeito Empiricus de pensar.
Palavras minhas? Não: Palavra do Estrategista.
Eco do eco
Bolsas americanas ainda reverberam Yellen, em dia fraco de indicadores econômicos. Outros Fed boys assumem o microfone hoje, em declarações vistas como eco às palavras da chairwoman.
Convenhamos: não partiu de Janet a leitura de que é melhor que o Fed peque por agir com antecedência a fazê-lo tardiamente. Repercussões de hoje são eco do eco
Com mercado consensado em juros subindo em dezembro, atenções devem se voltar ao comportamento da política monetária em 2017 e além. Aqui persiste a sensação de que pode haver exagero do mercado no ajuste ao cenário Trump.
A mão, o braço, o corpo inteiro
Por aqui, atenções voltadas ao agravamento da crise dos Estados. O governo federal avalia alternativas para ajudar, temendo que situações como a do Rio se agravem ainda mais.
Liberação de recursos segue fora de cogitação: passa boi, passa boiada — e com isso não se pode compactuar. Quem oferecer a mão, acabará tendo de entregar o corpo inteiro.
Pari passu, seguem os esforços para emplacar a narrativa de que os avanços da Lava Jato comprometem a governabilidade — preparação de terreno para uma “operação abafa”.
Não vai colar.
Questionado, Meirelles assente que nova previsão do PIB para 2017 incorporará em seu cenário a eleição de Trump.
Incorporará também, com mesmo peso, a presença de oxigênio na atmosfera terrestre.
O futuro mandará a conta
Do outro lado do Atlântico, Mário Draghi pondera que a recuperação na zona do euro não é forte o bastante para prescindir de estímulos monetários.
Tudo que o mercado queria para realimentar a especulação de que o programa de recompra de títulos — aquele que já empurrou para o campo dos yields negativos até mesmo o crédito privado — deve perdurar para além de março do ano que vem.
Desce outra rodada, barman.
As preocupações com relação aos impactos do programa só aumentam. Com a ponta compradora sustentada pelo Banco Central Europeu, a precificação do mercado simplesmente não reflete os riscos de crédito. O alerta vem do CEO do Deutsche Bank — que anda sumido do noticiário, aliás.
O futuro mandará a conta, e ela pode ser bem salgada para o sistema financeiro europeu.
O desatar do nó
Está emperrada na Casa Civil a MP voltada às concessões. O impasse vem das discussões com o Ministério Público, que se opõe à renovação de contratos em determinadas circunstâncias. A primeira diz respeito a flagrantes descumprimentos de planos de investimentos — caso da Concer (TPI Triunfo (SA:TPIS3)). A segunda hipótese é a ausência de previsão de prorrogação no contrato original de concessão, caso da NovaDutra (CCR (SA:CCRO3)).
Os impasses adiam, momentaneamente, a resolução de questões similares em diversos outros ativos, aí incluídos aeroportos e ferrovias.
Há disposição de sobra, por parte do governo, em construir soluções que permitam a saída amigável de operadores em dificuldades e, por outro lado, fomentem investimentos por parte daqueles em boa capacidade financeira. E há pressa, tanto por conta da situação delicada enfrentada pelos concessionários de terminais aeroportuários quanto pela necessidade imperiosa de resolver a questão antes de levar à frente novas concessões.
Aguardemos o desatar do nó.