Destacando-se há anos no agronegócio mundial, o setor frigorífico brasileiro é dominado por quatro grandes empresas de capital aberto: JBS (BVMF:JBSS3), Marfrig (BVMF:MRFG3), Minerva (BVMF:BEEF3) e Brasil Foods (BVMF:BRFS3), companhias listadas na B3 (BVMF:B3SA3) com forte atuação tanto no mercado doméstico quanto nas exportações internacionais.
As quatro empresas possui características distintas quanto ao tipo de proteína comercializada, aos mercados-alvo e à estrutura de negócios e de processamento dos seus produtos. Tudo isso precisa ser considerados ao avaliar o potencial de cada uma para investimentos. Utilizando a watchlist inteligente do InvestingPro, vamos comparar as principais companhias de um setor muito forte no mercado brasileiro, analisando seus pontos fortes e fracos para ajudá-lo a determinar qual oferece atualmente a melhor oportunidade para médio prazo.
A divulgação recente dos resultados do quarto trimestre de 2024 e do ano fiscal completo trouxe novos dados sobre o desempenho das quatro principais empresas de proteína animal no Brasil. Marfrig e JBS mostraram recuperações expressivas, enquanto a BRF (que agora está integrada à estrutura da Marfrig após ter mais de 50% de suas ações adquiridas) apresentou contribuição relevante para os resultados consolidados. A Minerva, por outro lado, foi a única que apresentou prejuízo no ano passado, revertendo o lucro que havia registrado em 2023.
JBS e Marfrig são empresas mais verticalizadas e geograficamente diversificadas, com operações de destaque no mercado norte-americano e uma linha bastante ampla de produtos, desde carne in natura até alimentos processados premium. A Minerva, por sua vez, possui um perfil mais especializado em carne bovina para exportação com operações estrategicamente posicionadas para otimizar o alcance logístico nos mercados internacionais. Já a BRF difere das demais por seu foco principal em carnes de aves e suínas processadas, além de uma presença mais expressiva no segmento de alimentos industrializados e no segmento consumidor direto. Embora concorrentes diretas, cada empresa adota uma estratégia particular em relação ao tipo de proteína animal ofertada, grau de processamento dos produtos e mercados-alvo prioritários.
JBS
Fundada em 1953, a JBS cresceu rapidamente até se tornar uma gigante global em processamento de proteína animal, especialmente carnes bovina, suína e de aves. A companhia opera unidades produtivas em vários continentes, exportando produtos para mais de cem países, e conta com marcas reconhecidas internacionalmente como Friboi e Seara. Como um grande player mundial, a JBS possui uma estrutura verticalizada e diversificada, integrando operações desde a criação animal, passando pelo abate até a distribuição no varejo.
Valor de Mercado: R$ 92 bilhões
Saúde Financeira: 2,99
Upside do Preço-Justo: +23,4%
Lucro Líquido (2024): R$ 9,6 bilhões
Fluxo de Caixa Livre: R$ 15,4 bilhões
P/L: 9,6x
EV/EBTIDA: 5,6x
Margem Líquida: 2,3%
ROE: 22,0%
Dívida/Patrimônio: 301,3%
Dívida/EBITDA: 2,8x
A JBS é a líder do setor, com escala global, diversificação de produtos e mercados e estratégia clara de expansão. O DY de 8,3% e potencial de valorização de mais de 20% a tornam atrativa para investidores de longo prazo. Movimentos recentes de aquisição e expansão demonstram visão estratégica ampla.
Marfrig
Criada em 2000, a Marfrig Global Foods é uma das maiores companhias de carne bovina do mundo, possuindo atuação forte na América do Sul e Estados Unidos. A empresa destaca-se pela especialização no segmento premium, com investimentos na produção de hambúrgueres e alimentos processados, incluindo marcas de renome como Montana e Bassi. Ao adquirir fatias estratégicas em empresas norte-americanas, consolidou-se como fornecedora preferencial de redes globais de food service, além de expressiva participação em exportações.
Valor de Mercado: R$ 17 bilhões
Saúde Financeira: 3,16
Upside do Preço-Justo: -21,4%
Lucro Líquido (2024): R$ 2,8 bilhões
Fluxo de Caixa Livre: R$ 13,8 bilhões
P/L: 9,9x
EV/EBTIDA: 6,6x
Margem Líquida: 1,1%
ROE: 17,3%
Dívida/Patrimônio: 2346%
Dívida/EBITDA: 3,4x
Apesar do forte desempenho recente (+124,3% em 12 meses), o endividamento alto e a projeção de prejuízo para 2025 são sinais de alerta. A captação recente de R$1,5 bilhão pode aliviar no curto prazo, mas não resolve o problema estrutural.
Minerva
Fundado em 1992, o grupo Minerva é uma das mais importantes companhias brasileiras dedicadas à produção e comercialização de carne bovina e derivados, focada especialmente no mercado internacional. Especialista em exportações, ganhou mercado através de plantas produtivas localizadas estrategicamente no Brasil e América do Sul, tendo presença relevante em diversos países consumidores. Sua estratégia está fortemente centrada na eficiência logística, qualidade diferenciada de seus produtos e acesso privilegiado a mercados internacionais.
Valor de Mercado: R$ 4,0 bilhões
Saúde Financeira: 2,79
Upside do Preço-Justo: +42,7%
Lucro Líquido (2024): R$ -1,5 bilhão
Fluxo de Caixa Livre: R$ 5,8 bilhões
P/L: -2,6x
EV/EBTIDA: 6,4x
Margem Líquida: -4,5%
ROE: -418%
Dívida/Patrimônio: -6292%
Dívida/EBITDA: 5,0x
A situação financeira é mais incerta, com patrimônio líquido negativo e indicadores alarmantes. O aumento de capital proposto recentemente é uma tentativa de aumentar a liquidez e o caixa e diminuir o endividamento para fortalecer as operações.
BRF
Resultado da fusão entre Sadia e Perdigão em 2009, a BRF é uma das maiores empresas alimentícias globais, especialmente forte no mercado de aves, suínos e alimentos processados como pizzas, empanados e congelados. Suas marcas principais, como Sadia e Perdigão, estão entre as mais conhecidas pelo consumidor, com penetração importante no mercado doméstico brasileiro e presença relevante em exportações, especialmente para o Oriente Médio e Ásia. A empresa investe continuamente em inovação e eficiência produtiva para atender diferentes perfis de consumidores em variados países.
Valor de Mercado: R$ 32 bilhões
Saúde Financeira: 3,26
Upside do Preço-Justo: +35,4%
Lucro Líquido (2024): R$ 3,6 bilhões
Fluxo de Caixa Livre: R$ 8,5 bilhões
P/L: 10,3x
EV/EBTIDA: 5,1x
Margem Líquida: 5,2%
ROE: 23,0%
Dívida/Patrimônio: 164,0%
Dívida/EBITDA: 1,2x
A BRF é a mais eficiente operacionalmente, com melhores margens e ROIC (14,0%) do grupo, além de ter estrutura de capital mais saudável e maior potencial de valorização (35%), tornando-se interessante para investidores que buscam qualidade operacional.
O que você acha das quatro empresas de proteína animal?
OBS: Dados coletados em 11 de abril de 2025