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Às Vezes, o Melhor a Fazer é Se Dar um Tempo

Publicado 06.03.2020, 11:49
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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“Já se passaram 84 anos e ainda posso sentir o cheiro da tinta fresca”, lembra com nostalgia uma das últimas sobreviventes do Titanic, enquanto somos guiados por cada detalhe do interior do navio que veremos naufragar pelas próximas três horas de filme.

Todos temos algumas memórias bem vívidas, em que uma simples sugestão pode ser o gatilho para trazê-las à tona, independentemente da nossa vontade.

Você se lembra, por exemplo, onde estava no dia do acidente do Ayrton Senna? Ou no momento do atentado às Torres Gêmeas, em 2001? Ou, no ano seguinte, quando o Brasil foi pentacampeão mundial de futebol — bem antes daquele 7 a 1?

Sem poder intervir ativamente, talvez suas lembranças desses eventos sejam dissociadas da situação, isto é, no papel de espectador. Nas devidas proporções, é uma situação semelhante à vivida pelo personagem principal do filme coreano “Oldboy”, que, da noite para o dia, acorda em um quarto de hotel apenas com uma televisão. É por meio dela que o homem pode acompanhar tudo o que acontece no mundo ao longo dos 15 anos em que é mantido em cativeiro sem que seja lhe dada — e nem a nós, espectadores — qualquer explicação.

A mesma Coreia do Sul nem chegou a comemorar devidamente a inédita vitória de “Parasita” no Oscar deste ano (com algum mérito ao próprio ”Oldboy”, que abriu as portas dos festivais ocidentais para o cinema coreano em 2003), pois logo o país já se encontrava na lista das regiões mais afetadas pela epidemia de coronavírus fora da China.

Ao mesmo tempo, novos casos surgiam exponencialmente no Irã e na Itália, acendendo de vez o sinal amarelo do vírus no Ocidente, enquanto os mercados brasileiros estavam fechados devido ao Carnaval.

O efeito prático da correção (mantemos essa definição, por enquanto) iniciada na Quarta-feira de Cinzas foi o de deixarmos de lado o papel de espectadores e passarmos a nos preocupar mais ativamente, tanto com a disseminação da doença no Brasil — já são nove casos confirmados até o momento —, como com nossas carteiras de investimento, ponto principal da nossa conversa.

Com mais da metade dos investidores pessoa física da B3 tendo se cadastrado em alguma corretora nos últimos dois anos e a captação recorde dos fundos de ações em 2019, esse pode ser o primeiro grande evento de incerteza a ficar marcado na memória de muita gente. Afinal, desde a greve dos caminhoneiros em maio de 2018, não víamos uma queda tão relevante e em tão pouco tempo do Ibovespa, acompanhada da escalada do dólar, que já ultrapassa os R$ 4,60.

Dito isso, espero que todos os nossos leitores, incluindo os que acabaram de chegar e ainda estão na fase do flerte com alguma série da Empiricus, talvez usufruindo do período de testes, cultivem a disciplina e a paciência para tomarem a decisão correta nesses casos necessárias — o que pode ser simplesmente não fazer nada e esperar a tempestade passar.

Nunca é demais reforçar que os investimentos devem ser feitos visando o longo prazo, jamais dando um valor excessivo aos retornos de curto prazo, mas hoje tentarei ser um pouco mais didático na abordagem desse ponto. E, como não poderia deixar de ser, mais empírico.

Em private banking, uma das maneiras que eu usava para avaliar a consistência de um fundo era algo que chamava de “experiência do cotista”.

Simplificando a ideia, eu queria saber o retorno acumulado até hoje de cada investidor que entrou em cada data desde o início do fundo.

Desta maneira, podia verificar duas hipóteses:

1) Se o gestor conseguia ter um retorno maior do que seu índice de referência — um fundo de ações deveria ganhar do Ibovespa, por exemplo;

2) Se existia alguma relação positiva entre o prazo do investimento e o retorno obtido.

Para ilustrar o segundo ponto, levantei algumas informações de um dos gestores de ações que mais gostamos, com um longo histórico de quase 12 anos investindo em empresas de qualidade, através de um rigoroso processo de análise:

Cada coluna da tabela acima indica qual é a parcela de investidores desse fundo, em cada período, que estão em determinada faixa de retorno anual até este momento — incluindo a semana do Carnaval.

Por exemplo: na coluna de três meses, apreendemos que 66% dos investidores que entraram no fundo desde o início de dezembro estão perdendo dinheiro, isto é, com um retorno abaixo de 0%. Sem dúvida, devem estar insatisfeitos, mas repare o que acontece à medida que o investidor alonga sua permanência: de todos os cotistas que estão no fundo há até cinco anos (60 meses), apenas 3% estão com retorno negativo. Spoiler: são justamente os recém-chegados que, por um acaso, pegaram a correção de mercado logo de cara.

Quero que dê uma olhada também, por favor, na última linha da tabela, aquela que indica a parcela de investidores que têm obtido um retorno acima de 25% ao ano.

Repare a relação positiva entre prazo de investimento e retorno: entre os que estão no fundo há menos de três meses, 20% estão nessa faixa de retorno. À medida que estendemos o prazo, essa parcela vai aumentando, até atingir 89% dos investidores com até cinco anos nesse fundo. Um retorno de 25% ao ano, durante cinco anos seguidos, é altíssimo em qualquer base de comparação.

Não me entenda mal, não quero, com isso, sugerir que os retornos passados possam ou vão se repetir no futuro. O ponto não é esse, mas, sim, reforçar, com um exemplo real, a importância do prazo do seu investimento e da disciplina para não sucumbir à tentação de trair sua decisão de investir em um fundo e pensar em resgatá-lo pelos motivos errados.

Quanto mais tempo você der para um bom gestor que foi selecionado a dedo com o mesmo rigor que esperamos dele ao escolher as ações que investe, maior é sua chance de ganhar bastante dinheiro no longo prazo.

E, quando o filme é bom, três horas passam voando.

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