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Em um cenário em que investidores buscam cada vez mais ativos que combinem rentabilidade e responsabilidade socioambiental, os Sistemas Agroflorestais (SAFs) surgem como uma alternativa promissora no Cerrado brasileiro. Com taxas internas de retorno (TIR) que variam entre 15% e 79% e prazos de retorno entre 4 e 11 anos, os SAFs demonstram que é possível aliar produção agrícola, restauração ambiental e retorno financeiro.
Uma nova publicação da The Nature Conservancy (TNC) Brasil traz dados inéditos sobre a viabilidade econômica dos SAFs no Cerrado, além de diretrizes para garantir sua expansão de forma ética e sustentável. O estudo é um convite direto a investidores, instituições financeiras e empresas da cadeia de valor para ampliarem as opções de investimento em SAFs como uma oportunidade concreta de investimento com impacto positivo.
Os dados são claros: os SAFs não apenas restauram áreas degradadas e promovem serviços ecossistêmicos, como sequestro de carbono e promoção da biodiversidade, mas também geram renda superior por hectare em comparação a cultivos agrícolas anuais – como soja, milho, cana ou mandioca, por exemplo –, ou pecuária extensiva. Foram estudados diferentes modelos de SAFs: um desenho baseado em espécies nativas que gera uma TIR de 79% e payback em apenas 4 anos, mostrando que o retorno pode ser rápido e expressivo; uma proposta de pequenos sistemas voltados à agricultura familiar (os AgroCerratenses, propostos pelo WWF-Brasil e pela WRI Brasil); e um projeto de larga escala de SAF e integração lavoura-pecuária-floresta, ligado a um projeto de carbono. Essa diversidade amplia o leque de perfis de investidores e produtores que podem se beneficiar da estratégia.
Segundo dados do IBGE, já existem cerca de 52 mil propriedades com SAFs no Cerrado, sendo 36 mil da agricultura familiar. Isso revela um mercado com grande potencial, mas ainda carente de financiamento adequado. A chave para dar escala aos SAFs está no chamado financiamento misto — combinação de recursos públicos, privados e filantrópicos — que pode viabilizar assistência técnica, melhoria de infraestrutura e crédito adaptado para os produtores. O financiamento misto também contribui reduzindo o risco para as instituições financeiras, até que se crie um histórico de investimentos que comprove o retorno e a rentabilidade de tais aportes, de maneira a não se depender mais do capital misto.
Para garantir que essa ampliação de investimentos nos SAFs gere impactos socioambientais benéficos no território, a adoção de salvaguardas socioambientais é essencial para mitigar impactos negativos e garantir a perenidade dos projetos. Para isso, o estudo da TNC propõe diretrizes claras, abarcando temas como equidade de gênero, condições justas de trabalho, uso de espécies nativas e planos de combate ao fogo. Além disso, é fundamental que os projetos sejam precedidos por estudos de viabilidade econômica, análise de riscos específicas para cada contexto e que sejam colocadas em práticas as rotinas e ferramentas para garantir o cumprimento das salvaguardas. Embora essas medidas possam representar custos adicionais, elas aumentam a segurança jurídica e reputacional dos projetos — um diferencial competitivo nos investimentos de impacto.
Os SAFs não são apenas uma boa ideia — são uma realidade viável e escalável. Mas, para que esse potencial se concretize, é preciso ação coordenada entre investidores, empresas da cadeia de valor, governos e produtores. Investir em SAFs é investir em um Cerrado produtivo, resiliente e sustentável.